A Dama e o Vagabundo-Capítulo 21

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-Porque você é especial pra mim e eu não podia deixar você morrer!Não conseguiria viver sem você!-A ultima frase saiu quase que um sussurro
-Por que não podia?

-Porque se eu deixasse morrer ia ter dois velórios no mesmo dia e eu ia ficar que nem idiota 10 minutos no da Bruna,10 minutos no seu e haja gasolina pra ficar fazendo essas viagens!-Ri tentando fugir do assunto-Se bem que poderia ser no mesmo local!-Ri novamente e olhei pra ela que me olhava feio

-Isso seria simples de resolver!Era só você NÃO ir no meu velório seu babaca!-virou o rosto,dei mancada...

Ela se apoiou na mesa e se levantou,ela se apoiava na parede e tentava sair da cozinha mas foi em vão,estava fraca de mais para isso,ela teria caído de cara se eu não tivesse corrido até ela e a segurado:

-Vai com calma!-Alertei-a-Eu só estava brincando!A verdade é que eu não suportaria perder você e a Bruna no mesmo dia,vocês duas são tudo o que eu tenho,ou melhor você é tudo que eu tenho agora,eu só tenho você agora Clara,não iria suportar perder você também!

Ela me deu um abraço e depois que me soltou deu um leve sorriso,foi um ato bem simples né?Mas fez o meu coração bater tão forte a ponto de sair do peito o estanho é que isso nunca aconteceu comigo antes....

-Vamos?-Olhou dentro de meus olhos

-Bora!

Como estava se sentindo melhor,foi andando apoiada em mim até o carro,a ajudei a entrar e em uns 30 minutos chegamos onde estava sendo velado o corpo de minha irmã,demoramos graças ao infernal transito,muitos carros e pouca velocidade,desci do carro e abri a porta para ela a ajudei a ficar pé e passei um de seus braços pelo meu ombro para que ela apoiasse:

-Luan?-Ela sussurrou no meu ouvido o que fez com que cada pelo de meu corpo arrepiasse,ela ficou ali em pé sem se mover me fazendo ficar do mesmo modo que ela

-Que foi?-Sussurrei de volta

-Meus pulsos!

-O que tem seus pulsos?

-Eles estão enfaixados e tem sangue neles!-E....-E se alguém perceber?

-Ninguém perceber,fica tranquila!

-Será?-Ela estava totalmente constrangida com a situação

-Claro que ninguém vai ver,eles vieram aqui pra se despedirem da Bruna,vão reparar nela e em mim,você e ela se conhecem a pouco tempo,a maioria não te conhece,só eu e o JV te conhece e o JV ta no hospital!

-Hospital?

-Ele levou um tiro!

-Tiro?Na onde?Como ele está?-Ela pareceu bem preocupada,muito preocupada,preocupada até de mais pro meu gosto...

-Sim tiro,na barriga,relaxa que ele ta bem!Era só fazer uma trus..tres...tras...-Eu não sei falar essa palavra direito me confundo todo e ela começou a rir da minha cara-Que quê foi ou?Tem graça não o bagulho é sério!-Ela controlou um pouco mais a risada e  resolveu  me corrigir:

-A palavra certa é transfusão!

-Trans..o quê?-palavra difícil da porra,como saber que bagui é esse?Sou nenhum médico não..transfu...ahh quer saber?Vai a merda,desisto

-Transfusão Luan!-Começou a rir da minha cara de desentendido-Repete comigo vai!Trans...-

Trans...

-fusão!

-fusão!-Repeti

-Agora junta tudo!-pausou-Transfusão!

-Tresficão!Ah caralho desisto!

-Olha a boca,estamos na porta de um velório!-

Ta bom,ta bom!Ele ta bem,mais tarde mando os meninos ir ver como ta o quadro dele!

-Beleza!

Caminhei o mais lento possível até a sala que se encontrava o corpo agora desfalecido de minha irmã,entramos no velório e nos posicionamos cada um de um lado do caixão,havia muitas pessoas ali,desde conhecidos até completos estranhos,a comunidade inteira estava ali,menos 2 pessoas,a Aline e a Stefhany,as únicas pessoas daqui da comunidade que não gostavam dela...

Olhei para o lado e vi que Clara estava debruçada sobre o corpo de Bruna,chorando como uma criancinha,ela estava mal,ainda mais do que eu aparentemente,seus olhos estavam vermelhos assim como todo o resto de seu rosto,caminhei até e a abracei a tirei de cima do corpo da Bru e a tirei da sala,fiquei lá fora com ela por uns 20 minutos,ficamos sentados de baixo de uma árvore abraçados,eu tentava conter seu choro,mas era em vão ,quando vi estávamos ambos chorando,fomos nos acalmar depois de quase uma hora lá fora quando estávamos mais calmos voltamos lá pra dentro,mas desta vez ficamos lado a lado abraçados...........

Ficamos ali por mais umas 7 horas,recebi vários abraços falsos de pessoas que não gostavam de mim e que mal tinham contato com a Bruna,mas tive que fingir que estava tudo bem e tratá-los bem.Chegou a hora do enterro,muitas pessoas já haviam ido pra casa,ficaram umas 20 pessoas apenas,colocaram-na no carro funerário e eu e Clara seguimos com o meu carro para lá ,depois de uns 10 minutos chegamos,não era muito distante do velório mas ainda sim se pegássemos transito iriamos chegar apenas depois de uns 30 minutos,mas pra nossa sorte as ruas estavam quase desertas e ainda pegamos quase todos os sinais abertos.

Quando chegamos caminhamos bem lentamente até onde ela seria enterrada,não queria chegar lá,queria apenas tropeçar ali naquelas pedrinhas,dar de cara com o chão e acordar na minha cama suado de mais um pesadelo,descer pra cozinha e a ver ali tomando seu café e se preparando para não fazer nada até a hora do almoço,mas infelizmente a realidade é outra,ela é dura como rocha e acaba com as nossas expectativas e sonhos...

Quando chegamos até lá eles disseram que poderíamos jogar um pouco terra sobre seu caixão que já se encontrava dentro do buraco,eu e Clara nos abaixamos e pegamos cada um pouco de terra,a primeira a jogar foi Clara e eu fiz o mesmo segundo depois,depois de fazer isso ela me abraçou de lado.

Quando concluíram o serviço os coveiros saíram dali e deixaram apenas eu,Clara e mais umas 10 pessoas,peguei duas rosas de dentro de um buquê onde apenas 5 flores,apenas as 5 pessoas mais especiais colocariam uma delas ali,os buquês de flores ficaram meio se lado e sobre o tumulo ficariam apenas essas cinco.Entreguei uma a Clara coloquei 3 rosas ali representando minha mãe e meu pai que já estava falecidos e a outra representava o JV que não pode comparecer por estar no hospital.

Saí dali e deixei que Clara colocasse a dela primeiro,ela se agachou e com olhos marejados e vermelhos a colocou ali,olhou pra mim e vi as lágrimas rolarem pelo seu rosto,ela se levantou rapidamente e veio correndo até mim,me abraçou forte e sentia suas lágrimas molharem os meus ombros,minha única opção era retribuir o abraço....

CONTINUA?

Um amor impossível-Dono do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora