Love Can Heal

Is everything ok?

LAUREN POV

Uma semana após o ocorrido com Camila, ela foi para a cama em silêncio novamente, sem trocar nenhuma palavra sobre o que aconteceu naquela noite. Eu não sabia ao menos o que pensar, se ela estava se sentindo envergonhada ou preocupada demais. Nos 8 anos em que estamos juntas, eu nunca a tinha visto tão apavorada como naquela noite. Camila costumava ser forte, ela sabia lidar com a dor. Ela é uma mulher guerreira, forte, é muito difícil ela deixar-se abalar por alguma coisa. Só a vi tão apavorada como naquela noite quando a Bea teve que ir às pressas para o hospital com uma crise de asma. Foi uma noite que eu queria deletar da minha memória.

Era um domingo de inverno norte-americano, o frio lá fora estava rigoroso, chegava até a ser desumano com as pessoas que moravam na rua, que não tinham como se proteger daquele frio impiedoso. Os pais da Camila e sua irmã mais nova e única tinham ido passar o final de semana em nossa casa. Seu pais tinham voltado a morar no México, a empresa do pai de Camila estava mais estável lá do que aqui em Miami. E como o Natal estava próximo e eles não iriam poder vir passar conosco, resolveram pegar um final de semana de folga para nos visitar. Alejandro e Sinu conversavam com Camila na sala de estar, que fica em frente à cozinha, onde eu estava. Camila falava sobre nossa possível visita ao México nas próximas férias.

- Bea gosta muito da companhia da Sofi, e ela sente muita falta da tia menor. Então eu e Lauren resolvemos ir passar as próximas férias com vocês, no México. - Camila gesticulava com as mãos animada. - Ela ficou tão feliz quando soube que vocês estavam vindo.- continuou, dessa vez se virando para as duas crianças, Bea de 5 anos e Sofi de 10 anos, que corriam pela casa. Era nítida a felicidade de Bea toda vez que brincava com a tia, que infelizmente desde que seus avós se mudaram, foram poucas as vezes em que elas se viram. Alejandro e Sinu observavam admirados.

- Sofi também sente falta dela o tempo todo. Bea é quase uma irmã mais nova para ela. E nós também sentimos sua falta, hija.- Sinu falou tocando o rosto da filha.

Eu estava preparando a janta. Os pais da Camila amam uns crustáceos, então revolvi fazer uma receita de família e de sobremesa decidi fazer algo diferente, sorvete de creme com pasta de amendoim.

Após a janta, fui servir a sobremesa.

- Hoje resolvi fazer algo novo, a sobremesa vai ser sorvete de creme com... - dei uma pausa para fazer um suspense. As duas crianças, que estavam entre eu e a Camila, olhavam-me como os olhos cheio de expectativas e desejo. -Pasta de amendoim! Vocês vão amar. - finalmente conclui. Bea e Sofi bateram palmas em aprovação.

Enquanto aproveitávamos a sobremesa, o assunto na mesa era mais uma das piadas da Camila. Eu me acabava de rir, provavelmente a única, mas o resto do pessoal também não deixava de rir com as piadas sem classificação dela. Eram tão ruins, mas tão boas ao mesmo tempo. Pelo menos para mim tinha uma graça diferente, ou era a pessoa que contava que era diferente. Estava um clima perfeito, todo mundo rindo, desfrutando de um momento tão bom e único. Eu sabia que a Camila sentia falta do pais por perto e ela estava aproveitando ao máximo.

Quando me virei para retirar os pratos, notei que a Bea estava com as mãos apertando forte o peito, com uma expressão de como se tivesse tentando puxar o ar e não conseguisse.

- Querida, está tudo bem? O que você está sentindo? - indaguei segurando suas mãos. Levantei sua cabeça.

- Eu...não consigo...respirar. - respondeu a menor com a voz cansada, trêmula.

-Mantenha a calma, querida! Respire fundo, ok? Vai ficar tudo bem! - falei nervosa segurando seu peito e incentivando a menor a respirar fundo e devagar, mas não estava ajudando muito, sua respiração ficava cada vez mais lenta. Quando me dei conta seus lábios estavam roxos. Chamei a atenção da Camila.