Prólogo

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Estava cansada de esperar Chapeleiro. Ultimamente tem se atrasado para o próprio chá.

Apoiei minha cabeça em minhas mãos e observei a Lebre. Com seu cacoete, tentava comer uma rosquinha de coco, porém acabava sempre mordendo a própria mão. Ou será pata?

-O-oi! - ouço a voz de Chapeleiro e me viro em sua direção. Veio mancando até sua cadeira, onde deu um pulo e se serviu de um chá de ameixas e mel.

-Estávamos cansados de esperar. Aonde estava desta vez? - o repreendi.

Ele olhou para os lados como se fosse checar se estava seguro para falar, então se esgueirou por cima da mesa e cochichou.

-Estive conversando com os Guardas da Rainha de Copas. - depois se endireitou na cadeira e continuou a mexer seu chá.

-E do que vocês falaram? - perguntei curiosa.

Ele levantou o olhar e me olhou desentendido.

-Vocês quem?

Revirei os olhos.

-Do que você e os Guardas têm conversado? - serrei os dentes.

-Ah sim! - ele se lembrou. -Não conte para ninguém isso, tá? - eu assenti e ele colocou a mão em volta da boca em forma de sussurro; - Os Guardas têm me dito...

Olhei para ele atenta, assentindo curiosa.

-Que a Rainha está comendo umonte de tortas e engordou dois kilos, já!

-CHAPELEIRO! - berrei.

-Tá bom! PARECE QUE UM HUMANO ENTROU NA RESERVA! - ele disse rapidamente e tapou a boca com as mãos, como se fosse um segredo. Então tremeu e pulou em baixo da mesa, tremendo.

-Um humano? - perguntei para a Lebre, que brincava com o açúcar. - A Rainha sabe?

Ouvi um guincho de um "Não" por baixo da madeira fria da mesa e fiquei pensativa.

-Isso é raro. - coloquei a mão no queixo. - Da última vez que uma humana entrou na Reserva, foi por que a Lagarta preveu. Mas ela está desaparecida à milênios.

-O que a-aconteceu da úl-ultima vez com o C-cravo na R-reserva, n-não foi bo-om. - a Lebre concluiu, e eu fiquei surpresa por ela entender pelo menos do que estávamos falando.

-Os G-guardas disseram q-que a Rainha não desconfia de n-nada. Mas o humano não sobreviverá muito tempo sozinho na Reserva. - o Chapeleiro disse baixinho ainda embaixo da mesa.

-Não enquanto os Gêmeos estiverem guardando a Porta da Estrada. Não é bom fazermos alguma coisa? - perguntei.

-P-para quê? Se formos pegos, seremos mor-mortos! - Chapeleiro guinchou.

-Quando ajudamos a Humana, ficamos uns bons séculos livres da Rainha. - concluí.

-Si-im, para ela voltar ainda mais maléfica e proibir a entrada e saída de Normalândia. Melhor não se intrometer, Gata. Não queremos problemas novamente.

-Nunca foi um problema ajudar alguém, Chapeleiro. Da última vez, a Humana baniu a Rainha por séculos, como a Lagarta previu. Se outro Humano entrou na Reserva, provavelmente a Lagarta está viva em algum lugar, e finalmente teremos chances de sair da Reserva! - disse empolgada, porém ninguém respondeu.

-Pois bem! Se vocês não querem ajudar, eu salvarei Normalândia sozinha! - me levantei e segui para a Floresta Da Lua.

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