00 - Eu quero gritar.

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E a formatura havia começado.
Quatro anos.
Quatro anos odiando Pyo Jihoon.
E sinto que vou odiar por muito mais tempo.

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- Choi Mihyun!

É a Taeryeong...

- Como ousa?! - a voz dela berrava ao meu ouvido. - SAIA DA CAMA DO MEU PYO!
- Saia daqui, Taeryeong. Saia. - abanei as mãos para fora da coberta, ainda grogue. - Não sei da onde você tira essa história de eu estar na cama do Pyo Jihoon. Nos odiamos, lembra? - inspirei, sentindo um cheiro não-meu.

Dei um pulo da cama.

- S-socorro.. - coloquei as mãos a boca e uma dor de cabeça terrível me bateu. - Taeryeong...
- Vai me pedir ajuda? - ela cruzou os braços. - Você dopou o Jihoon oppa pra ter uma noite com ele, e isso eu não aceito! E você ainda ousa dirigir-me a palavra?!

Eu não estava nua ou seminua.
Minhas pernas não estavam fracas ou o suor me cobria.
Eu estava totalmente normal.

- Você não vai me dizer nada, vadia?! - ela me pegou pelo braço, mas como ela é o tipo de magricelinha patricinha, não deu muito certo e em uma onda de raiva, segurei seu pulso.
- Escuta aqui, Gi Taeryeong. - soltei seu pulso, me levantando da cama. - Você acha mesmo que eu seria capaz de dormir com Pyo Jihoon? - olhei-a, querendo batê-la quando assentiu positivamente. - Você está vendo aquela camiseta ali? - apontei para um canto do quarto. - Se você não sabe, aquela é a camisa favorita do Zico, então, se eu dormi com alguém, foi com ele. - falei, tentando convencer a mim mais do que a ela. - Se me der licença. - notei que meu calçado estava na porta do quarto e o calcei.

Olhei ao redor do quarto enquanto calçava minha sapatilha. Bem... aquilo é uma camisinha cheia de sêmen.. isso é nojento.
Minha cabeça doeu mais e tive de me segurar pra não vomitar.
Saí do quarto, deixando a vaca lá dentro. Não duvido nada ela esperar Pyo chegar lá pra se roçar nele.

- Mihyun! - ouvi uma voz me chamar ao longe. - Mihyun! Calma, calma! Aconteceu alguma coisa?

Era Taeil.
E eu estava chorando.

- Tae.. eu preciso de pílula... - eu pedi, sentindo minha cabeça latejar.
- Certo, mas você vai vomitar primeiro. - pude ouvi-lo falar ao longe. - Você não tem jeito, Mihyun.

Pude ouvir a porta ser destrancada e trancada novamente, logo depois Taeil me empurrou para o banheiro.

- Vamos, Hyun, coloque tudo para fora. - ele pediu calmamente, juntando meus cabelos em um rabo de cavalo e os segurando para trás. - Hyun-ah... eu não posso sair um instante de perto de você, né? Você quase não bebe normalmente... mas em festas você se supera..

Ele acariciava minhas costas enquanto eu vomitava.
Quando o último resíduo líquido saiu pela minha garganta, Taeil me abraçou apertado enquanto eu soluçava.

- Vamos.. vá pro meu quarto. Pegue suas coisas e tome um banho lá. Eu vou limpar isso aqui, Hyun-ah. - ele me apertou o ombro e sorriu.

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- Quer dizer que você talvez tenha dormido com o Jihoon ou com o Zico e que provavelmente a Taeryeong vai espalhar isso para os quatro cantos do mundo? Conte outra, ela é uma vadia. E digamos que tanto Zico quanto Jihoon usariam preservativo mesmo estando bêbados. - ele falava enquanto vestia uma camisa. Ele voltara do meu quarto fedendo a vômito e já preparado para tomar um banho. - Eles são meus amigos, Hyun-ah. E fora que você não está em seu período fértil.
- Eu vi, Taeil, eu vi. - uma camisinha cheia de sêmen para ser mais exata, pensei. - E, credo, você marca essas coisas?
- Claro, desde que eu te conheci eu marco os dias do seu período menstrual, TPM.. essas coisas. - ele fechou a porta do banheiro e andou até a cama onde eu estava deitada. - Pra evitar ser morto ou te entristecer.
Me ajeitei pro lado, dando espaço pra ele deitar. Ele me olhou atentamente.
- As farmácias estarão fechadas por muito tempo, mas eu posso ir até Busan e comprar essa tal pílula se você quiser.
- Se eu estivesse na TPM, provavelmente estaria chorando agora, Tae. - lhe sorri. - Você é incrível. Muito obrigada, mas eu vou acreditar em suas palavras. Se por acaso eu aparecer grávida na sua frente, eu te mato. - finalizei com um sorriso medonho e ele torceu o nariz.
- Credo, Hyun, não faz isso. - ele riu. - Enfim, descanse um pouco. Sua cabeça ainda dói. Quando você acordar te trarei café. Não se preocupe, durma até a hora que quiser. E ah, se você aparecer grávida, com toda a certeza vai querer que eu seja o padrinho.
- Não se convença tanto assim, Tae. - lhe dei um peteleco na testa e ele riu.
- Vamos, durma. - ele me abraçou calorosamente e eu pude relaxar.

Lee Taeil é o meu melhor amigo desde a escola primária, pra deixar claro.

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Abri os olhos calmamente. Pisquei algumas vezes e bocejei. Esfreguei os olhos, chamando por Taeil.

- Ah, oi, já acordou? - me sentei na cama e percebi que ele estava sentado no chão com o notebook no colo. Procurei o relógio de parede e me espantei.
- Como assim, já? - pulei da cama e penteei o cabelo com os dedos. - São oito da noite, Tae. Eu tinha reunião.
- Sim, tinha, se a maioria das organizadoras não estivessem quase morrendo. Você acordou antes delas. - ele tomou um gole do que provavelmente é café. - Aish, está quente. Eu trouxe pra você também. - ele indicou o copo sobre a cômoda e eu instintivamente tomei um gole. Não sou fã de café, mas é o que eu preciso.
- Você é um adivinho ou o quê? - perguntei, soprando o vapor do café.
- Isso se chama amizade, Hyun. - ele fechou o notebook e me sorriu. - Eu tenho notícias, mas talvez você não queira ouvir.
- Que notícias? - perguntei, colocando o copo sobre a cômoda.
- Zico não foi visto no campus ontem, perguntei ao Yukwon e ele me disse que Zico foi passar o final de semana com os avós. - mordi o lábio. - E... bem... digamos que sua prima viu o Jihoon ontem... numa situação... em que ele beijava você.
- Meu De--
- Isso não é tudo, Hyun. - ele segurou minhas mãos. - Várias pessoas te viram entrando no quarto dele com ele.
- Eu quero gritar, Tae.

pa~pai~Onde histórias criam vida. Descubra agora