Querida Clarice,
" O que eu era antes não me era bom. Mas era desse nao-bom que eu havia organizado o melhor: a esperança."
Creio que por já ter passado por essa fase "não-boa " eu possa ter organizado internamente o que me machucava. E por amar o motivo da minha ferida, fui construindo uma força descomunal visual que escondia muito bem a chama da esperança, que por mais que tentasse apaga-lá, insistia em permanecer acesa construindo uma ilusão que me fazia ter a sensação de tê-lo novamente aos meus braços, pura ilusão.
Ao longo dos meus arrastados passos, aprendo a conviver com essa esperança, que me faz ficar em uma espera constante mesmo sabendo que nada vai acontecer, que dói, mas me anima, que faz das minhas lembranças um poço de salvação momentânea que se compara com a sensação de te ver, te tocar, te sentir. Lembranças, ah como queria poder toca-las.
Não sei se posso dizer que essa esperança me é saudável, pois ela me consome e não consigo livrar-me da tortura de senti-lá. Agora, só sei que depois de aprender tanto sentindo esta esperança passar. Pude ver que mais forte que senti-lá ir embora, é não esperar de braços cruzados que ela me leve para mesmo exílio da fase "não-boa ", que assolava o meu ser, e que hoje me faz grande por deixar que ela escorra para bem longe de mim.
Obrigada por me ouvir,
encarecidamente,
para Querida Clarice.
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Querida Clarice
PoetryQuerida Clarice, Sei que é inevitável as sensações humanas, mas me perco em tantos pensamentos descomunais. Contudo, aqui pude me achar, e para não prender o que sinto compartilho o meu ser e com ele o meu turbilhão de emoções e sensações.