Capítulo Três

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30 horas antes.

Seus olhos cruzaram sobre a roda de homens na boate. A noite estava cheia e não passava das sete da noite, aquilo poderia atrapalhar seus planos. Suas mãos viajaram pela barra de ferro ao seu lado e, pela milésima vez na noite, ela envolveu seus braços cruzados e com as pernas entrelaçadas, virou o corpo, fazendo uma pirueta completa.
Sua cintura bateu contra o metal cintilado de sua roupa na barra, pequenos brilhinhos prateados bateram contra o chão, assim que sua manobra foi feita e, então com o plano em mente, ela prendeu os pés no alto da barra, se esticando sobre a mesma, suas mãos ágeis fizeram o trabalho. Em segundos, suas roupas estavam todas no chão, haviam rasgado. Naquele momento, a vergonha não estava em primeiro plano. Seus seios poderiam estar á mostra, assim como sua calcinha de linho preta, porém, era por uma boa causa.
A Mrs. Cheduiki pairou seus olhos sobre a cena, e correu até Roseli. Ela sussurrou algo como "Vá vestir outra roupa", a morena assentiu, e quando seu corpo bateu contra o chão, ela cobriu os seios com as mãos já suadas. Ignorando todos os homens com olhares luxuosos que a encaravam completamente vistosos, ela recolheu todo o dinheiro que estava no chão. Prendendo-os na ponta de sua calcinha.
Saindo de seu palco, ela observou sua colega Layla tomando seu lugar na dança. Sorriu vitoriosa vendo que estava correndo tudo bem aquela altura, em passos largos, ela tentava chegar até a outra ponta do salão. Esquivando-se de mãos grandes, que puxavam seu braço em algumas regiões, ela finalmente chegou, porém algo a parou, o segurança.
- Onde pensa que vai, gracinha? - ele perguntou de braços cruzados, enquanto a encarava.
- Houve um imprevisto com minhas roupas. A Ms.Chedwick mandou eu me trocar. - ela respondeu confiante, seus olhos brilhavam por conta da luz amarela acima e tentou ao máximo, parecer menos assustada do que realmente estava. Seus braços contornaram-se em volta de seu busto, com a intenção de cobrir seus seios.
- Sim, sim... - ele cantarolou, enquanto procurava algo em seu bolso. - Mas, terei de checar.
Ela assentiu, enquanto observava a porta atrás do grande homem em sua frente, teria de ir logo, antes que tudo desse errado. Seus pés batucavam com os saltos no chão freneticamente, enquanto o segurança conversava com alguém pelo seu celular.
- Liberada. - anunciou, abrindo espaço para que ela passasse. E sem que fosse surpresa, ela caminhou até a porta. Revirou os olhos quando sentiu as mãos do segurança contra sua bunda.
Finalmente adentrou. O lugar era minúsculo e como o esperado estava vazio, em dias como aquele, tudo estava esquematizado. Grandes mafiosos iriam até aquele lugar, e todas as meninas teriam de estar dançando e tentando ao máximo arrancar grandes quantidades de dinheiro.
Roseli passou pelos grandes guarda-roupas buscando com a mão a roupa que separara. Enquanto vestia-se, ela enfiou a mão em uma gaveta de escrivaninha que ficava bem atrás de grandes espelhos. Com um canivete, ela abriu um pedaço da mesma e retirou de lá seus pertences. Uma arma, uma faca, a chave da porta dos fundos e um mapa. Além do dinheiro que recolheu a instantes antes no palco. Ela estava pronta, reconhecera o trabalho que tivera para conseguir aqueles objetos que ajudariam em sua fuga. A faca custara-lhe a tarde inteira sendo bajulada pelos cozinheiros nojentos. Aqueles quais, ela sentia tanta raiva, fora em apenas um segundo de distração durante uma dança sensual, que ela enfiara em sua mochila aquele precioso objeto. O mapa ela conseguira imprimir bajulando o porteiro, assim como a cópia das chaves. Já a arma era algo atencioso de sua parte, tinha aquilo desde que entrou para a boate. E por mais que fosse um presente estranho, fora o único que ganhara em toda a sua vida, por um alguém especial.
Pegou sua bolsinha, colocando tudo lá dentro. Respirou fundo e abriu a porta no final do corredor em que estava o camarim, revistou a passagem com as costas contra a parede fria. Não havia ninguém. Suspirou em alivio, aquilo era realmente novidade. Retirando seus saltos, ela caminhou minuciosamente pelo saguão, enquanto olhava para todos os lados. Não queria ser pega de surpresa. Quando ultrapassou o corredor de seu quarto, conseguiu observar no mapa que já estava perto da saída dos fundos.
Sorrindo de felicidade, retirou a arma de sua bolsa, carregando-a. Parou portas atrás da saída, quando observou dois homens deixando uma sala próxima. Ela abaixou-se atrás de flores em grandes vasos e tentou ao máximo ouvir a conversa.
- O chefe alertou que o Mrs.Camdoff acaba de chegar - o mais alto alertou, postando uma faca em seu bolso. - Mandou buscarmos a putinha... Soube que na verdade... o Heron...
- Roseli?
Assustou-se com um chamado próximo. Suas pernas tornaram-se bambas, ela foi jogada ao concreto gelado. Seus olhos arregalaram-se quando reparou em um garoto alto, moreno, com uma barba mal feita. Depois de alguns segundos o reconheceu, pairou a mão sobre o peito ainda assustada. Apoiou a mão na parede e sorriu em resposta, ao olhar em descrença do rapaz.
- Zayn! - ela suspirou confusa. Um alivio estranho cresceu em si. Ela sorriu para ele, enquanto se levantava do esconderijo.
- O que faz ai? - ele questionou, ajudando-a a levantar. Suas mãos pararam em sua cintura e então eles se encararam. - Espera... - ele encarou sobre as flores e suspirou fundo - O que está tramando?
- Eu... é que... - ela tentou, mas não achou as palavras certas. Porém os olhos de seu amado a encorajaram. - Eu vou escapar daqui.
- Sabe que é arriscado, certo? - ele a puxou, abraçando-a fortemente. A cabeça dela encaixou em seu ombro. Fungou, sentindo por uma última vez, aquele cheiro de menta, cigarros e um pouco de whisky. As lágrimas deixaram seu rosto molhado. Ele passou a mão em suas bochechas, fazendo um carinho gostoso. - Mas eu te entendo.
- Sentirei sua falta - ela declarou, abraçando-o pela cintura.
- Sabe que não desistirei de você... Eu te amo - ele aproximou-se e depositou um selinho em seus lábios. - Agora vá. Eu te darei cobertura.
- Obrigado. - ela agradeceu, se afastando.
- Nunca pensei que fosse fazer uma coisa dessas... - Zayn abafou a voz com um beijo depositado na mão de Roseli. - Meu pai me contou o que aconteceria com você... Nós discutimos hoje o dia todo, estava te procurando.
- Pensei que não fosse me despedir de você. Está tudo acontecendo tão rápido. - eles se afastaram mais do lugar onde estavam. A porta dos fundos estava logo atrás, seus olhos brilhavam um para o outro. A paixão era visível, Zayn passou uma das mãos em seu torso, subindo em seus braços, deixando um aperto carinhoso pairar ali. E em um movimento rápido, suas mãos a puxaram para si, colando seus lábios. Quente, doce e apaixonante. Um beijo que tocava na alma imposta pelos dois. Afastaram-se depois a procura de ar e, sem que Roseli tirasse o grande sorriso de seu rosto. Não imagina uma fuga bem sucedida como esta.
- Se proteja, tenho certeza que consegue. Não deixe que te peguem novamente, você não pode ser entregue ao Henry, Roh. - ela sorriu, quando ouviu seu apelido sair dos lábios de Zayn, o único que a chamava assim. - O conheço muito bem, e é simplesmente a pior pessoa que já conheci. Você é muito...
- Burra. - uma voz grossa e rouca, os interromperam. Zayn e Roseli olharam de relance para trás, e lá estava ele. Heron, o grande culpado de tudo. - Você é muito burra. Ingênua, uma vadiazinha que não serve para nada. Uma grande vergonha. É fraca e não reconhece o lugar de origem, o puteiro. - suas palavras a atingiram de uma só vez. As lágrimas deixavam sua visão turva, estava começando a ficar tonta. Os braços de Zayn a empurraram para trás de si. Fazendo uma barreira, como se a protegesse. Numa tentativa falha, ele sussurrou para que ela já partisse. Negou com a cabeça, consistindo em aproveitar o momento. Vingança era o único sentimento percorrendo o ar.
- Vá agora, Roseli - Malik repetiu um pouco mais alto.
- Se escapar agora querida, saiba que eu vou até no inferno para te encontrar. Você é nossa propriedade, eu mando em você. - ele sorriu, enquanto apontava a arma na direção de Roseli. - Não te pensas interiormente... Como que nossas outras vadias não fogem, igual a ti? Elas reconhecem o chefão aqui. Sabem que serão incapazes de se esconder. - Ele sorriu debochando, enquanto se aproximava ainda mais. - Não perderei bilhões por um capricho seu. Aceite de uma vez o seu destino querida. Vicentin não está mais aqui para lhe ajudar.
- Já chega, Heron. - Zayn se pronunciou e caminhou até ele. - Para. - o sangue do rapaz subiu ao cérebro rapidamente - O que quer dizer com isso? Fez algo ao meu pai? Escuta aqui seu...
- Eu também já cansei de você, garoto de merda. - Heron berrou - Acha que só porque o seu pai é meu parceiro que não posso te dar uma lição? Você não tem o direito de ajudar as nossas putas a irem embora. Resolveremos isso.
- Eu estou pouco me fudendo. - Zayn respondeu, empurrando Roseli com as costas mais em direção à porta. - Saia, Roseli! - ele berrou de maneira agressiva.
Ela encolheu-se quando sentiu um ardor em sua costela. Heron havia atirado nela.
- Corre! - Zayn gritou e sacou a arma. Já mirando, acertou em Heron. - Corre! - o moreno repetiu, observando a garota paralisada.
Assustada e totalmente com enjoo, Roseli correu até a porta. Abriu-a e lançou um último olhar para trás. Suas mãos pousaram sobre a boca, quando assistiu Zayn levando um tiro.
Ela saiu cambaleando, pulou a cerca e bastou correr o máximo que suas pernas aguentaram. Ela esbarrou em algumas pessoas, antes de perder a bolsa no meio da rua. Bastou isso para sentir tontura. Estava baleada e sem rumo, a dor estava a sufocar-lhe à alma. Sua respiração estava minuciosa, ela suspirou com raiva e continuou correndo, suas pernas doíam assim como sua cabeça.
Passaram-se algumas horas desde que ela estava caminhando, totalmente perdida. Agora sentada em uma cadeira velha em uma estrada, ela pode perceber que seu braço ardia muito. Seu corpo doía como nunca antes. Observou o braço direito, havia levado um tiro de raspão. Porém com toda a adrenalina de poder ser pega, somente agora foi perceber. Estava doendo muito, a ardência não se era fácil de conter. A barriga transbordando em sangue, a roupa suja e sua expressão além de algo exasperante. Ela levantou, tentando encontrar algum lugar para passar a noite. Alguém que a possa ajudar. Porém, quando se apoiou em um arbusto para recuperar o fôlego e voltar a andar, sentiu uma forte pancada na cabeça, desmaiando logo em seguida.

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⏰ Última atualização: Aug 08, 2015 ⏰

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