Ela era conhecida na rua como Sophia, ou melhor seu nome de guerra era Sophia garganta profunda; um pseudônimo apenas, mas que fazia toda a diferença. Sophia na verdade se chamava Manuela, a mulher dona uma beleza exótica e singular. Dotada de lábios carnudos e pele bronzeada. Esculpida e agraciada curvas que mulheres pagavam uma nota em academia. Agraciada com lindos cabelos negros e dona de olhos cor de mel. Essa era a Manuela. No entanto ela mascarava toda sua beleza natural com olhos carregos com maquiagens escuras, roupas curtas e decotadas. Exibicionista e esdrúxula. Essa era Sophia e é sobre ela essa história.
Sophia era temida, principalmente pelas mulheres. Ela era mulher da qual os homens procuravam para trair as esposas e namoradas. Intitulada de destruidora de lares, futuros casamentos e relacionamentos. Ou melhor dizendo, uma Puta. Essa era a palavra para se referir a ela e as outras que levavam o mesmo estilo de vida que ela. Era dessas mais baratas, que fazia o que seus clientes queriam por uns míseros trocados.
Houve um tempo em que ela teve medo, sentiu nojo, vergonha e insegurança. Mas aprendeu no dia-a-dia a fazer um oral com perfeição, trepar demonstrando sentir tesão e anal sem hesitação. Tudo em prol de sua profissão e satisfação dos que procuravam-na.
Sophia tinha sua história de vida, dessas rotineiras e eventuais. Não teve um bom começo e também não estava tendo um bom meio, agora aguarda pelo fim.
Tudo começou após a morte de seus pais. Sua guarda foi concedida aos tios maternos quando ainda tinha seus oito anos de idade. Lá ela foi explorada pela tia que a obrigava a fazer trabalhos domésticos e rotineiramente estuprada quando criança pelo tio. Ao completar quinze anos e já cansada de levar uma vida desgostosa, ela recorreu ao meio mais fácil. Fugindo de casa Manuela caiu paraquedas na grande São Paulo, sem amparo acabou sendo acolhida calorosamente pelas ruas perigosas e aceitando o que lhe ofereciam de bom grado. Daí por diante Manuela passou a ser apenas Sophia.
O homem soltou um gemido rouco depois de gozar, jogando-se na cama ao seu lado buscando por folego.
― Foi demaisss. ― disse esbaforido prolongando a palavra numa ênfase.
Sem olha-lo ela sabia que ele sorria, aquela era uma cena eventual, tinha ouvido muitos "foi demaisss" e os sorrisos de satisfação deles vinham depois.
― Você precisa ir. ― Levantou-se da cama. Os saltos ainda estavam nos pés. ― Tenho outro cliente daqui a 5 minutos. ― Seu tom era frio, ou melhor profissional. Começou a vestir suas roupas para estar pronta para o próximo cliente.
Sem pestanejar o homem se vestiu rapidamente entregando-lhe o dinheiro e indo embora sem nada a dizer. Ela já estava acostumada a não ser querida realmente por alguém. Ela já tinha desistido do sonho americano. Esse de criar uma família, ter alguém que ligue para saber como ela está, saber do outro como foi seu dia. Casar em uma igreja de véu e grinalda, ter filhos, um lar e uma família. Desistido de encontrar o príncipe encantado que seria seu companheiro e em conjunto desfrutariam do que a vida lhes reservaria.
O próximo cliente não demorou muito. Ricos, bem vestidos, cheirosos e bonitos e jovens, desses apareciam aos montes, na verdade era os que mais apareciam e foi justamente um desses que entrou pela porta. Sophia notou seu olhar curioso e um ar enigmático e misterioso. Mas no seu ponto de vista era mais um pênis que entrava e sairia em alguns minutos.
Ele em silencio permanecia, olhou para a poltrona ao seu lado e se sentou retirando do bolço um bloquinho de papel e caneta.
Aquilo era novidade para ela. Sorriu silenciosamente maneando a cabeça numa negativa.
― E então o que vai querer? ― Era desse jeito mesmo, como um cardápio onde se olha e pede o que quer, pois era assim que os homens a viam de verdade.
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Desvendando Sophia - CONTO
Literatura KobiecaIsso não é um livro. Desvendando Sophia é apenas um conto, uma estória curta, mas com um tema de superação. Sophia é uma prostituta. Pedro um universitário em psicologia. Duas pessoas completamente opostas, mas o destino as colocam frente a frente.