Capítulo 6

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Depois da aula de cavalgaria, voltei pro palácio e resolvi tocar, desde pequena minha mãe fez questão de me ensinar a tocar piano, harpa, flauta e lira.

Sempre achei meio clichê, mas acabei gostando mais de piano. Entrei na sala de música e avistei o piano coberto com um lençol, para que não empoeirasse. Sentei e comecei a tocar. Beethoven. É o melhor.

A música é a sintonia perfeita da alma e do coração...

Fechei os olhos e deixei a música me guiar, enquanto tocava parecia que o mundo era apenas eu e o piano. Quando acabei Mel e Celine estavam lá me observando e sorrindo.

__ O que fazem aqui? perguntei

__ Ouvimos a música e viemos vê-la tocar, disse Celine

__ É, você toca divinamente princesa, completou Mel

__ Deixem de bobagens meninas, toco como todos os outros

__ Ah não mesmo, você toca muito melhor que qualquer príncipe ou princesa de qualquer palácio, disse Mel

__ Agora toque mais um pouco enquanto o jantar não está pronto, pediu Celine

virei para o piano e comecei a tocar novamente.

[...]


Depois do jantar, sentei com minha mãe na cobertura do palácio, onde tínhamos uma visão privilegiada do céu azul marinho e das estrelas tão brilhantes como um diamante lapidado.

__ Faz algum tempo que não ficávamos apenas nós duas, não é mesmo? falou minha mãe

__ É, faz algum tempo mesmo, respondi

__ Filha, eu preciso te contar uma coisa.

__ Sim?

__ É seu pai, disse ela

__ Meu pai? O que tem ele? perguntei preocupada

__ Ele não anda muito bem de saúde, anda tendo crises e pequenas dores agudas no coração, segundo ele mesmo me disse, mas ele se recusa à ir consultar um médico.

__ O que? Como assim ? Ele está doente e se recusa à ir no médico?

__ Ele disse que não precisava de médico, era apenas coisa da idade, você sabe que seu pai é muito teimoso.

__ Chame o médico aqui então, ele não pode ficar assim nessas condições. Era inacreditável, meu pai doente sem querer se consultar

__ Eu falei à ele que chamaria o médico, mas ele me proibiu. Eu não sei o que fazer, ele também pediu que eu não contasse à você e a Dalila, mas foi preciso filha, contou minha mãe triste

__ Não se preocupe mãe, deixa comigo, eu vou cuidar daquele cabeça dura, falei pulando da cadeira

__ Vai aonde Diana? perguntou minha mãe

__ Conversar com meu pai, tentar convencê-lo de que resistir pode ser pior para ele, já vou indo tchau, dei um beijo em seu rosto e desci para o quarto dos meus pais.

Bati na porta bem devagar para que não assustasse,

__ Pode entrar, disse meu pai de dentro do quarto

__ Posso entrar meu pai? perguntei

__ Claro filha, entre

Entrei devagar e sentei ao lado de sua cama, onde ele estava deitado e bem debilitado.

__ Como se sente? perguntei

__ um pouco cansado, só isso

__ Pai, mamãe me contou que o senhor está doente e recusa o tratamento, por favor não faz isso, o senhor ainda é novo, precisa se consultar, pode ser uma coisa grave.

__ Ela te contou? Eu pedi que não contasse

__ Ela me contou, porque está preocupada com senhor, que está doente e recusa a visita do médico para fazer uma consulta, falei

__ Eu já disse que é apenas um mal estar... Ai! se remexeu ele na cama, tocando a região das costas

__ Dá pra ver que não é apenas um mal estar, você está doente sim, e vai se tratar querendo ou não. Amanhã mesmo chamarei o doutor Hapuque.

__ Tudo bem, mande chamar o doutor Hapuque, mas será em vão, eu estou bem, falou ele se revirando mais uma vez- Agora se me der licença, preciso descansar, amanhã será um dia longo.

__ Tudo bem, até amanhã, falei e saí do quarto

Voltando para o quarto encontrei minha mãe, talvez indo em direção ao quarto dela.

__ Como foi? Conseguiu falar com ele? perguntou ela ansiosa

__ Sim

__ E?

__ E ele finalmente cedeu, eu sabia que conseguiria. Eu sempre consigo, falei sorrindo

__ Ai você não sabe como eu estou feliz, seu pai não está bem, precisa de tratamento o mais rápido possível

__ Amanhã falarei com doutor Hapuque, ele irá consultar meu pai amanhã mesmo, falei

__ Que bom Diana, quanto antes melhor, obrigado filha

__ Pode contar comigo sempre mãe, agora eu preciso dormir e descansar um pouco, o dia foi muito longo, até amanhã

__ Boa noite filha, durma com Deus, falou minha mãe e saiu

Fui para o quarto onde Celine e Mel estavam terminando de arrumar minha cama e meu banho, tirei o vestido pesado, tomei um banho e dormi como uma pedra.

*******************************

No dia seguinte, acordei e desci para tomar café, ao chegar na mesa posta com o café da manhã percebi que meu pai não estava, apenas mamãe e Dalila.

__ Onde está meu pai? perguntei

__ Ele estava indisposto hoje de manhã, falou minha mãe, percebi que ela estava inquieta, estranha e pálida, coisas que eram quase impossíveis.

__ O que aconteceu mãe? perguntei novamente- você está tão estranha.

Dalila e mamãe se remexeram na cadeira até ela completar:

__ Filha seu pai está com câncer em fase terminal, falou chorando.


A coroada (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora