Capítulo 1: Medo de ser diferente

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No entardecer quente de 9 de outubro de 2011, Matthew sentou-se em sua escrivaninha, e, com seu diário, começou a escrever sobre sua rotina.

Eu? Quem realmente sou?

Tenho sonhos? Eles se realizarão?

Será que as coisas podem mudar, para melhor?

Diário, tudo que eu queria era poder responder com exatidão à essas perguntas.

Eu estou aqui, vivo, presente, respirando.

Mas parece que eu não consigo viver, me sinto preso, acorrentado fortemente à um desejo, ora passional, ora que me cria medo.

Eu sei que parece clichê dizer que "Penso, logo existo" não deveria se aplicar à minha pessoa. Mesmo que, na escola, eu saiba fazer todas as atividades, de todas as matérias, tenho a impressão de não é isso o "pensar" realmente.

Para mim, seria esquecer de tudo, quem sabe, me sentir filósofo, quem sabe, ser eu mesmo, lembrar de cada momento, cada frase, cada atitude, a ser tomada e a ser evitada.

Sabe, acho que nunca tenho tempo, ou algo dentro da minha cabeça me impede, não sei o quê ao certo e nem como, mas gostaria de rompê-lo.

Rapidamente, seus amigos chegaram em seu quarto. Ao ouvir a batida na porta, assustou-se, derrubou a tinta da caneta de pena que ganhara de sua mãe, sujando toda a página. Ver aquilo, lhe parecia uma tortura, mas, maior que isso, tinha de esconder rapidamente o livro e lutar para que uma lágrima não escorresse pelo seu rosto, pois as pessoas ao redor certamente iriam ter daquilo, motivos suficientes para tudo, para rirem e até mesmo, para fazer inúmeros questionamentos sobre sua vida, e, na pior das hipóteses, se aquelas palavras fossem lidas, não conseguia imaginar o caos que lhe traria.

Certamente, enquanto conversava com seus amigos, tinha o foco voltado para seu diário. Exclusão? Em sua mente, ninguém mais da sua idade prematura, de 11 anos, possuía o hábito daquela escrita.

Felizmente, depois que todos saíram do quarto, tudo voltou ao normal. Matthew pôde continuar. Restava preencher as linhas mencionando um acontecimento.

Joseph, seu melhor amigo na escola, havia contado para todos seu maior segredo. Dizer que o garoto, ainda prestes a entrar na puberdade, era gay, para todos, foi como se sua vida tivesse acabado. Não é negação própria, mas medo de preconceito, e de demais consequências.

Felizmente, ao decorrer desse ano, nada havia ocorrido, e a passagem no final dele, não teve lembranças muito boas.

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