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Durante todo o caminho apenas uma coisa ocupava meus pensamentos: o comportamento estranho da mãe de Kyungsoo, escondendo aquele medicamento como se fosse algum tipo de veneno. O que era tão grave a ponto de ela achar que eu fosse uma ameaça para uma simples caixa de remédio? Enquanto minha mente estava congestionada com teorias e mais teorias, os meus lábios carregavam um sorriso bobo por eu ter passado um tempo com meu melhor amigo longe daquele ambiente pesado e exaustivo que era a nossa escola, mas o sorriso se desfez quando empurrei a porta de casa e fui surpreendida por uma mesa farta, considerando que isso praticamente nunca acontecia, e o namorado da minha mãe estava lá também, ocupando o meu lugar na pequena mesa.
Seus olhos apertados me encaravam com um brilho diferente do normal.
- Sun, nós temos uma boa notícia para compartilhar. - Minha mãe disse segurando a mão do namorado sobre a mesa, em seu dedo um anel brilhava, eu já imaginava que tipo de notícia era.
- Vocês encontraram o meu pai verdadeiro? - O sorriso de minha mãe se desfez e seu namorado abaixou a cabeça envergonhado. Sei que pareço a pior filha do mundo dizendo isso, mas sempre foi eu e minha mãe e eu não estava preparada para ter mais alguém à mesa conosco.
- Byun e eu vamos nos casar... - Ela disse cabisbaixa.
Joguei minha mochila no chão e suspirei tentando controlar as minhas palavras para não magoá-la mais.
- Por que você chama ele de Byun? Até eu sei que esse é o sobrenome dele. Como você pode se casar com um cara que sua filha mal sabe o nome? Você nem sequer nos apresentou, essa é o que, a segunda vez que o vejo, e nem consigo reconhece-lo.
- Pelo visto o sacrifício que você fez há dezessete anos não valeu muito a pena. - Ele disse próximo a minha mãe.
- Eu não valho a pena? Um advogado fracassado como você dizendo essas coisas? - Retruquei cruzando os braços e encarando o homem.
- Bem, como você disse, eu sou fracassado.
- Vocês dois, por favor! - Minha mãe gritou. - Eu amo vocês e não quero que fiquem nessa guerra. - Mamãe apontou para mim. - Você está bem grandinha para ficar com ciúmes de mim e você está velho demais para discutir com uma adolescente. - Saí da sala em direção a porta completamente farta daquilo. - Para onde você está indo?
- Você não disse que eu já estou bem grandinha? Vou ser feliz e não sei se volto.
Bati a porta sabendo o quanto isso a irritava e para reafirmar a minha frustração. Eu estava realmente furiosa com tudo aquilo, minha mãe resolve se casar do nada com um homem que eu só vi duas vezes e que não sabia muito além de seu sobrenome. Não que ela tenha sido negligente e não me contado sobre ele, mas eu esperava um pouco mais de cumplicidade entre nós já que éramos apenas nós duas. Eu estava toda contente em contar para ela que pela primeira vez eu tinha um melhor amigo porque ela é minha amiga além de minha mãe, mas depois disso eu não sei se as coisas seriam as mesmas entre nós.
Do outro lado da rua havia uma área verde onde as muitas crianças que brincavam ali, hoje, já não eram mais tão crianças. Uma vez eu tentei brincar com elas, mas acabei com areia nos olhos porque até mesmo as crianças me achavam diferente demais para uma criança normal, para elas, e suas mães, eu era algo ruim. Mas um garoto, um pouco mais velho, sempre repreendia os mais novos e depois de um tempo ele se tornou o único que me chamava para brincar, mas as brincadeiras na maioria das vezes não eram tão legais porque não tínhamos a mesma idade e um dia ele simplesmente foi embora.
Lembrando daquela época sentei-me em um dos balanços velhos e respirei fundo repetindo várias vezes porque nunca era suficiente para acalmar o meu espírito.
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BLACK HAPPINESS [2015]
Fanfiction"As pessoas olham para as estrelas de modo diferente. Para os viajantes, elas servem de guia. Para outros, são apenas pequenas luzes. Para os cientistas, são desafios. Para o homem de negócios, são feitas de ouro. Mas as estrelas se calam. Você, por...