Prólogo

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Por mais que meus pais e irmãos tentasse, nada fazia com que aquele pesadelo terminasse. Eu não podia simplesmente contar o que aconteceu. Era doloroso demais lembrar, então imagina falar.

Psicólogos, terapeutas... Nada me fazia falar. Nada. Eu não queria. Reviver aqueles momentos era demais para mim.

Do que estou falando?

Eu tinha 8 anos quando me sequestraram. Foram quase quatro meses sofrendo nas mãos de quatro homens. Eles abusaram de mim, me mostraram todo o lado negro dessa vida maldita.

Eu era apenas uma criança, mas, na mente doentia deles eu era a "mulherzinha" do cativeiro.

Logo no primeiro dia os quarto abusaram do meu corpo como quem está numa festa perfeita. Claro, sempre me doparam porque eu gritava e chorava alto demais e não estávamos tão afastados da cidade.

Porque fizeram isso?

Esse é o preço quando se é filho de um senador. Era para ser Emmett, mas, ele precisou entrar para buscar minha lancheira e eu fiquei esperando na calçada. Não tinha problemas. Os seguranças estavam de olho. Mas, quando dois deles já chegaram atirando, meu instinto foi correr pra casa. Porém, um deles foi mais rápido. Me puxou pelo braço me jogando de qualquer jeito na van e saiu dali cantando pneus.

Foram 99 dias agonizante antes que a porta abrisse e eles fossem presos. Passei meses num hospital. Meus ferimentos internos haviam infeccionado. Meu irmão se culpava. Alice estava com síndrome do pânico. A fadinha sempre alegre estava murcha.

Alice e eu somos gêmeos. Sempre tivemos uma ligação além da normal. Então, ela sentia a mesma dor que eu.

Ao voltar pra casa, implorei para meus pais para não voltar a escola. Eles entenderam e me contrataram uma professora. Emily era um anjo. Apenas ela soube o que me aconteceu. Mas, como tudo em minha vida da errado, ela e a sobrinha Jhenn morreram num acidente de carro. Eu me recusei a estudar novamente. Meus pais, achando que era pirraça, me mandaram para um internato. Eu tive uma crise e fiquei 10 dias trancado no banheiro. Foi quando eles notaram que eu não estava pronto. Me contrataram mais uma professora. Elizabeth. Eu não gostava dela. Ela olhava para meu pai com desejo. O mesmo que aqueles homens olhavam pra mim.

Ela apareceu dizendo que meu pai tentou abusar dela. Claro que ninguém dá família acreditou. Carlisle Cullen sempre deixou explícito em olhares e ações para quem quisesse ver que não existia mais nenhuma mulher no mundo que não fosse a minha mãe, Esme. Eles eram um casal apaixonado. Feliz apesar dos pesares. Apesar do que me aconteceu.

Claro, eles provaram que meu pai jamais fez isso e ela confessou que estava atrás de dinheiro.

Eu não queria mais nenhum professor. Então, mamãe tirou uma licença e passou a me dar aulas todos os dias em casa. Eu fazia apenas isso. Tinha aulas, me trancava em meu quarto com meu piano e só. Nada mais. Nem para comer eu saía.

Os anos foram passando. Estou com 17 anos e estamos de mudança. Estranhamente estou mais que feliz, mesmo que não demonstre muito, em sair de Chicago. Essa cidade me dá arrepios.

Eu fui com meu irmão Emmett e sua namorada Rosálie. Ela e Jasper, seu irmão que namora a Alice, vão morar conosco. Rosálie e Jasper me entendem. A irmã mais velha deles, Loren, morreu depois de ser estuprada por quatro homens. Acaba que eles entendem demais a minha dor. Ela teve a coragem que eu jamais teria. De tirar a própria vida.

Depois disso os Hale acabaram. Carlton, pai deles culpou a esposa, Lilian, pela morte da filha e sumiu no mundo aparecendo meses depois com uma ninfetinha grávida. A menina era mais nova que Rosálie na época. Lilian afundou na depressão e morreu de um câncer que a consumiu em questão de menos de um ano. Tentei dar meu apoio de alguma forma. Estava com eles e meus irmãos. Foi um esforço hercúleo para sair de casa. Mas, eles precisavam de apoio.

Depois disso, meus pais provaram que Carlton não tinha condições de cuidar de Jasper e Rosálie. Então, ganharam a guarda deles.

Assim que Emmett ligou o carro eu suspirei. Me sentia aliviado.

Era hora de tentar deixar o passado para trás.

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