A porta

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No fundo, bem lá no fundo onde o negro era a cor, uma luz insuportável surgia. Olhar para aquilo era o mesmo que levar um soco no olhos ainda assim continuei....
Tossi e do nada cuspi uma chave! Percebi que haveria qualquer porta para abrir porém nem tive tempo de a procurar pois a caminho da tal luz caí. Cair do teto é uma coisa complicada, caí de cabeça em contrapartida, antes de bater com a testa no chão, encontrei uma fechadura e nem pensei duas vezes, simplesmente ergui a chave do meu bolso e enfiei-a no buraco.
Voltei a mergulhar de cabeça, nunca pensei que a natação me ajudaria tanto.
O cenário era deprimente e lamentoso, ninguém merecia.
Diante dos meus olhos todos maçados daquele luz incandescente, a única coisa bonita de se ver eram os sorrisos das crianças que lhes rasgavam as bochechas chocolate de orelha a orelha.
A pobreza era a paisagem, aqueles mulatinhos estavam a viver apenas mais um dia miserável mas de certa forma feliz da sua vida.
Fiquei horas a observá-los, brincavam com chapéus de jornal e carros de garrafões de plástico. Batalhavam por um grão de arroz com as suas espadas inventadas e criadas através dos paus secos que caíam das árvores devido à falta de chuvas e secas que os seus verões infernais forneciam.
Mas, de certa forma, aquelas crianças... ESTAVAM FELIZES!!!!
Dava muito que refletir, e assim o fiz.
Não parava de pensar na rapariga que também estivera observar, ela tinha de facto muitos "problemas" e era tão infeliz, estas crianças mal têm de comer e são tão felizes... Afinal quem tem problemas aqui?!
Parece que o melhor é mesmo aprender a ser-se feliz com o pouco que se tem, mas que comparado com outros pode ser tanto!
Refleti tudo aquilo que se passou, mas adormeci.

Um outro ponto de vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora