A típica rapariga

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Os olhos dela, verdes em agoiro e inocentes de cor erva-sal. Os seus cabelos em tempestade com ondulações castanhas e cor-mel.
Segui-a.
Dirigia-se para junto das colegas, sempre a pensar que quando chegasse a hora de ir para casa teria de levar na cabeça devido ao treino que iria fazer de duas horas o que não agradava aos pais, ia ouvir falar em dinheiro e situações económicas, os pais já sem cabelos e nervosos de tanto discutirem, a irmã sempre a ajudar a festa e pronta para lhe fazer a vida negra... Eram problemas demais, que já tinham história por detrás... Não dava para ter a certeza mas certamente certo eram aqueles olhos de angústia que não aguentariam muito mais.
Enfim, nada de outro mundo, era apenas mais uma típica rapariga.
Estava impressionada pelo facto de o sangue ainda não me ter subido à cabeça, de ninguém ter dado pela minha falta e mais... Ninguém ter reparado em mim!
Ok isto só podia piorar... Até agora a possibilidade de estar de pernas para o ar estava em causa, mas daí a não saber o quanto esta brincadeira iria durar, ou as consequências que iria ter...
Tinha sido tudo rápido demais e havia muitas outras questões que a minha cabeça punha, mas limitei-me a aproveitar o tempo que me restava para ver o que mais de sobrenatural podia fazer.
Quando dei por mim tinha o estômago a dar horas, mergulhei nesta aventura e caí de cabeça na distração perdendo a noção do tempo e percebendo que já havia de ter umas boas faltas marcadas na minha área. Mas quem quereria saber?! Estava na hora de almoço!
Por momentos esqueci-me de que era um fantasma virado de pernas para o ar, mas bastou pensar numa bela francesinha e voilá! Desejado e realizado! Em tudo aquilo que as minhas mãos tocavam e a minha cabeça idealizava tornava-se realidade, que mais poderia pedir? Ok estava a ser tudo exageradamente bom, já me cheirava a esturro... Talvez fosse o cheiro que vinha da cantina, não...
Eu sei que parece estranho, mas na verdade não era nada comparado com o outro tudo...
De repente fiquei cega, única coisa que os meus olhos contemplavam naquele momento era a escuridão.
Graças a Deus já estava de barriga cheia pois não sabia o tempo que aquela brincadeira de mau gosto iria durar.

Um outro ponto de vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora