- Melissa você pode, por favor, parar de jogar esse joguinho idiota e vir me ajudar com as compras? – Pergunta Lucas irritado
Eu rolo meus olhos enquanto tiro os fones do ouvido e me encaminho em sua direção enfiando o celular no bolso traseiro de meu jeans.
-Como você é estressado, relaxa. – Eu digo a ele
Ele me entrega algumas sacolas que estão em suas mãos e nós nos encaminhamos para seu carro.
-Mamãe vai ficar preocupada, estamos demorando demais. – Diz Lucas
Lucas abre a porta malas colando suas compras e em seguida as minhas.
-Estaremos lá em breve, de carro é rapidinho. – Eu lhe digo
Ele fecha a porta malas com uma batida alta e desnecessária e se encaminha para a porta do motorista.
- Pelo menos já compramos o molho vermelho para a lasanha dela. – Ele diz enquanto entra no carro
Eu paro antes de entrar no carro me batendo mentalmente por ter esquecido algo tão primordial. Lucas abre minha porta.
-Você pegou o molho não pegou? – Ele pergunta desconfiado
Eu sorrio amarelo.
-Me desculpe. – Eu lamento
Ele bufa irritado.
-Melissa, se prestasse atenção no que eu digo ao invés de ficar mexendo no celular teria pegado o molho.
Eu rolo os olhos.
- Tudo bem, eu vou lá comprar.
Lucas sai do carro.
-Não, deixa que eu vá, não vou arriscar que você esqueça de novo.
-Mais eu vou só para comprar ele, não tem nem como confundir.
-Vindo de Melissa, eu não me surpreenderia.
Eu rolo olhos.
-Eu não tenho amnésia.
-Mais ás vezes parece ter, entre no carro, eu já volto.
Ele caminha no estacionamento do supermercado despreocupadamente quando ouço pneus rachando no asfalto com o barulho cada vez maior, eu dou alguns passos à frente a tempo de ver um lindo carro vermelho reluzente cantando pneu no estacionamento do supermercado e vindo aceleradamente pela rua em que estou.
-Lucas! – Eu grito
É inútil ele parece não me ouvir, uma brisa gelada passa por mim fazendo os cabelos de minha nuca se arrepiar e então tudo acontece muito rápido, o carro muda de direção, Lucas está bem à frente dele e ele vê o carro mais não a tempo de desviar, seu corpo é arremessado à milhas de distância enquanto vejo em câmera lenta sua cabeça bater contra o asfalto.
-MELISSA! –
Eu acordo em um sobre salto assustado com Linda ao lado de minha cama me olhando ansiosamente, na minha cabeceira o relógio marca dez da manhã de um sábado que eu pretendia dormir até meio dia, mas infelizmente, minha irmã caçula acabara de me acordar, da pior forma possível.
-O que você quer? – Eu pergunto cobrindo meu rosto com o travesseiro
Eu estou suada e minha respiração está ofegante, eu sonhei de novo, com Lucas e com o acidente e parece que cada vez que tenho esse sonho se torna mais assustador lembrar-se dele.
-Quero que você se inscreva no concurso por mim. – Pede ela
Eu gemo em insatisfação com sua resposta.
-Isso de novo Linda? Ainda é cedo, por que não começa a falar disso as três da tarde? – Eu pergunto
-Por favor, Mel... – Pede ela com voz de choro
Sabe aquela nítida sensação de desconforto e culpa quando você sabe que deveria fazer algo, mas não quer fazer? Então, talvez apenas talvez eu estivesse sentindo isso agora. Minha irmã pequena Linda tem uma paixonite louca por um cantor pop de Hollywood, eu sei isso é comum ainda mais para garotas de nove anos como ela. Leonardo Henrique é o tipo de pop star que você costuma ver estampado nas capas de revistas mais famosas de todo o mundo, exibindo uma fofoca nova toda a semana, minha melhor amiga Eliza é uma das muitas adolescentes que acha ele bonito e sarado e que com certeza votaram nele mais de trezentas vezes para ganhar o prêmio de 'Melhor cantor do ano' no TCA 2012. Loucura não? Mais eu, faço parte dos dez por cento da população que não baba pelo queridinho dos paparazzi, e assim como nossas avós que sentam em cadeiras de balanço e costuram coisas de tricô, eu nunca ouvi uma música dele.
Para ganhar mais popularidade ou o que quer que seja o astro pop lançou um sorteio imperdível para seus fãs, eles completariam fichas online e enviariam para seu site pessoal, dentro de um mês uma sortuda passaria dois dias com ele em Nova York disfrutando e conhecendo o caloroso Leonardo Henrique, minha irmã estava eufórica para participar e toda sua alegria foi ralo a baixo quando ela descobriu que a idade mínima para participar do sorteio era de treze anos, acho que todos nós já sabemos de onde vem minha fonte de culpa certo?
- Melissa, por favor! – Insistiu minha irmã
Eu apenas continuei deitada com o travesseiro sobre meu rosto.
- Já disse que não Linda. – Minhas palavras saíram duras e autoritárias, mas eu sabia que desistir não era uma palavra conhecida para Linda.
Os olhos de minha pequena irmã se encheram de lágrimas enquanto que eu me preparava para ouvir e testemunhar o drama que ela sempre fazia quando ela queria as coisas. Então ela balançou os ombros como se desistisse de me atormentar, me olhou uma última vez e ver o que vi nos olhos dela me quebrou por dentro, aquele foi o mesmo olhar que ela dirigiu o meu pai quando ele nos deixou anos atrás e o mesmo olhar que ela sustentou durante o enterro de Lucas, de repente me sentiu pequena e quase quebrável como uma boneca de porcelana, eu não queria aquilo de jeito nenhum, o que fez eu me sentir, mas culpada acima de tudo, por que ás vezes não fazer o que os outros querem que você faça te faz sentir como uma idiota?
- Linda? – Eu a chamo e ela vira em minha direção. – Precisa de RG para fazer a inscrição?
Ela joga seus braços em cima de mim enquanto sorri lindamente dando destaque a suas covinhas infantis.
-Você é a melhor irmã de todo o mundo!
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Como se livrar de um popstar
Teen FictionHistória original - Livro publicado pela editora Multifoco Como se livrar de um popstar - Se você ganhasse um concurso para passar dois dias em nova York com seu maior ídolo pop, o que faria? Essa é a pergunta que Melissa Layonel não consegue r...