Após dez anos de casados, Guga e Mara decidiram que já era hora de deixar as crianças com os avós e partir para uma segunda lua de mel.
Optaram por Miami, afinal lá havia praia, Sol e poderiam comprar muitas coisas para os filhos ainda pequenos, Rafa de cinco anos e Júlia de três.
A primeira providência quando chegaram ao hotel, foi tirar as pesadas roupas de inverno, pois vinham de Curitiba, e lá a temperatura nesse mês de julho não passava de 9 ºC. Foram direto para a praia acreditando que poderiam alugar umas cadeiras, um guarda-sol e tomar cerveja bem gelada.
Logo na entrada da praia havia uma placa em inglês avisando que era proibido qualquer tipo de alimento e bebida. Guga ficou nervoso, mas Mara o acalmou, disse que eles arrumariam umas cadeiras e depois iriam procurar um lugar por perto que vendesse cervejas.
Aproximaram-se de um lugar onde havia várias cadeiras e guarda-sóis amontoados. Mara foi pegando uma cadeira e um guarda-sol, Guga antes de pegar sua cadeira teve a cautela de perguntar o preço. O rapaz respondeu em espanhol que custava vinte dólares cada peça. Guga ficou indignado, largou tudo ali no chão, resmungando nomes impublicáveis e saiu em direção ao mar. Mara tentou acalmá-lo, estendeu a canga e pediu que ele se sentasse ao seu lado. Após alguns minutos de boca seca, ele resolveu sair em busca da cerveja, deixando Mara nadando.
Depois de meia hora, ele apareceu com a cara vermelha, tinha se esquecido de passar filtro solar e tinha caminhado um bocado até encontrar um mercadinho.
Tomaram aquela cerveja como se fosse a melhor coisa do mundo, mas na verdade ela já estava um pouco quente. Mara sabia que o marido estava irritado e sugeriu que eles fossem embora fazer compras, afinal, ela disse, a melhor parte de Miami são as compras.
Foram num dos maiores outlets da região. Os dois, enfim, se divertiram comprando coisas para os filhos, roupas, brinquedos, eletrônicos, bichos de pelúcia. Chegaram ao hotel mortos de cansaço, porém, felizes. Um mostrando ao outro o que tinha comprado para cada filho. Guga pegou o Pateta e começou a imitar sua voz e trejeitos. Naquele momento, os dois se entreolharam e sacaram que ainda não tinham curtido nada da segunda lua de mel. Guga então teve uma ideia, pediu que Mara se vestisse de maneira bem sexy, pois os dois iriam sair para dançar num daqueles famosos nightclubs bem animados de Miami. Antes de sair do quarto, Guga achou prudente deixar a placa de não perturbe pendurada na porta, afinal eles tinham muitas compras espalhadas por ali.
Mara vestiu um pretinho colado e sapatos de saltos altíssimos. Pediram indicação para a recepcionista do hotel, pois queriam um lugar bem hot para dançar. A recepcionista americana de longos cílios e batom vermelho, soltou um sorriso safado e disse que o táxi os levaria para um lugar perfeito, já indicado por ela.
Assim que chegaram, Mara se assustou um pouco com tantas luzes, barulho alto e garotas seminuas em cima do palco, se contorcendo no pole dance. Mas Guga a convenceu de que precisavam apimentar um pouco, variar, se divertir, pois os dois mereciam. Então, ela foi se soltando, tomando uma margarita, depois uma sangria e logo em seguida uma piña colada. Naquela altura, já nem se lembrava de como tinha ido parar no meio da pista de dança. Guga que nunca fora de dançar, estava se sacolejando de uma forma ridícula, parecia um peru bêbado, mas, enfim, os dois estavam se divertindo muito.
No caminho de volta para o hotel, os dois foram se agarrando dentro do táxi. O motorista olhava pelo espelho retrovisor e dava aquele sorriso de quem imaginava onde aquilo iria parar. Assim que estacionou em frente ao hotel, Mara pulou do carro e tentou arrumar o vestido que havia subido, quase mostrando toda a calcinha. Enquanto Guga, zonzo, tentava passar corretamente o cartão na maquininha, o taxista cochichou:
— Gostosa sua presa! Boa sorte! — Guga ia dizer que era sua esposa, mas achou melhor não, quando viu Mara rebolando bem no meio da calçada.
Os dois enfiaram a chave na porta do quarto e nem trancaram, se jogaram na cama loucos para transar. Foi a melhor transa que Guga se lembrava de ter com a mulher, sempre tão certinha e cheia de não me toques. Adormeceram exaustos e bêbados, um nos braços do outro.
Mara foi a primeira a acordar. Sentiu um gosto horrível na boca e deu graças a Deus que era seu marido que estava ali, pois não se lembrava de quase nada da noite anterior. Ela então olhou ao redor, reconhecendo o quarto de hotel, mas espera aí, e suas compras, suas malas e sacolas? Tinha sumido tudo. Acordou Guga aos berros, ele olhou o estado lamentável da esposa com a maquiagem toda borrada e o cabelo grudado, só depois compreendeu o que ela dizia. Todas as suas coisas tinham sumido, provavelmente alguém tinha visto os dois chegarem bêbados, se aproveitado para entrar no quarto enquanto os dormiam, e tinham levado tudo.
Guga ligou para a recepção gritando. O recepcionista foi solícito e se prontificou em ir com a segurança até o quarto. Guga exigiu que chamassem a polícia imediatamente. Os dois esperaram ansiosos um bom tempo e nada do recepcionista aparecer. No entanto, o interfone tocou, era o mesmo rapaz avisando que tinha ido até o quarto deles, o 101, e como ninguém atendia, ele decidira abrir a porta e havia encontrado o quarto sem ninguém, mas com as malas e as sacolas.
Guga, então, repetiu o número do quarto bem alto. Mara percebeu que havia algo errado e saiu correndo em direção à porta para ver o número do quarto. Ao invés do 101, eles estavam no quarto 111.
Ela mostrou o número para Guga, que disse para o recepcionista que deveria ter havido um pequeno engano. Perguntou se ele já tinha chamado a polícia, mas por sorte o garoto disse que ainda não. Guga desligou o telefone e os dois saíram correndo para o quarto 101, e lá estavam todas as suas malas e compras intactas.
O gerente, então, apareceu para averiguar se estava tudo certo. Guga fez cara de contrariado e disse que era um absurdo o hotel fornecer chaves que serviam em qualquer porta. O gerente pediu desculpas e disse que iria tomar providências.
Assim que se viram sozinhos, se sentiram aliviados e caíram na risada, há muito tempo que os dois não se divertiam tanto.
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Saindo da Rotina
Historia CortaO que poderia dar errado com um casal normal, que após dez anos de casados, decide viajar sozinhos em busca de um pouquinho de aventura? Venham se divertir com as aventuras de Guga e Mara em uma viagem pra lá de inusitada à Miami. Após 10 anos de c...