Depois da visita inesperada, nunca mais me vi livre dele. E agradeço por isso. Apesar da sua maneira estranha de agir e lidar com as coisas, eu sentia que com ele estava protegida. Ele é uma pessoa segura de tudo o que faz e diz... Eu sinto-me tao bem com ele por perto, apesar de ele ainda não sentir aquele à vontade comigo para falar sobre a parte mais pessoal da vida dele. Mas aos poucos eu sei que vou conseguir com que esta criatura de Deus se "abra" comigo ( isto soou mal ok desculpem )
" ok, oh meu deus este é o Stefan!! Foi a primeira vez que fomos acampar juntos, tínhamos uns 6 anos e pelo que me lembro ele tinha acabado de levar um raspanete da minha tia por minha causa... "
" por tua causa? Aposto que ele nao teve culpa nenhuma " olhou-me e sorriu de lado ao mesmo tempo que observava as fotos que tinha espalhadas pela pequena mesa da sala
" eu apenas sei que me mordi a mim mesma com bastante força e disse à minha tia que tinha sido ele a fazê-lo " eu era uma criança dócil, nao me julguem
" tu devias ter certos problemas mentais... E pelos vistos só têm vindo a agravar "
" tu tens muita piada... " olhei-o com a cara mais sarcástica de sempre " mas ve la se a piada um dia nao te sai cara" ameacei
"Eu nao tenho medo de ti" disse indiferente, sem me encarar sequer...
"Eu nao quero que tenhas medo de mim, só peço respeito" disse calmamente enquanto remexia nas inúmeras imagens
"Tens algo que se coma?"
"Não... Eu alimento-me de ar sabes? É muito mais rentável" dei um ligeiro riso e dirigi-me ate à cozinha " queres comer o que? Tenho cereais, pao, manteiga e essas coisas para o pao... Tenho fruta, iogurtes. Queres que faça panque- " assim que me virei para tras reparei que o sofá esta a vazio " Ei, eu estou a falar contigo! " fui até à sala que tinha ligaçao com a cozinha e reparei que a porta de casa estava aberta... Ele foi-se embora? Mas... Nem sequer disse nada... Fui até ao passeio ver se o avistava e nada. Nenhum sinal de que ele tivesse estado ali.... Voltei para casa e assim que fechei a porta senti um vazio enorme... Mas o cheiro dele ainda se sentia... O que por um lado era bom... Mas por outro fazia com que sentisse.... Saudades? .... Não, mas é claro que não. Apenas somos bons amigos, ou pelo menos estamos a tentar com que isso seja um facto. É normal, eu estive este tempo todo sozinha... E a presença dele, como é de se esperar, tem-me afetado, positivamente.
Oiço a porta a abrir e vejo a minha mãe cheia de sacos e com alguma dificuldade para entrar em casa e a minha primeira reação foi ter a iniciativa de a ajudar
" eu ajudo, da-me esse saco e aquele seu são os mais pesados " ela olhou-me com um ar meio escandalizado... Talvez por não ter uma iniciativa daquelas ha algum tempo... Talvez a demasiado tempo. Pude vê-la a sorrir de lado assim que pousei os sacos em cima da banca da cozinha.
" que cheiro é este? Cheira-me a homem "
" deve ser um dos perfumes do Stefan, não sei... Mas nem se sente muito ... " eu nao gostava de mentir, mas se dissesse à minha mae que estive com um rapaz em casa, sozinha... Ela ia começar a pensar coisas que não aconteceram e eu nao queria ser submetida a um interrogatório
"Uhm... Então tirando este á parte... Que fizeste o dia todo? "
"Estive a ver umas fotos... No tempo em que a tia era viva... " suspirei fundo pois custava acreditar que ja nao a tínhamos connosco... A morte dela foi algo muito estranho, mas o que importa é que aconteceu e que nos afetou a todos na familia, principalmente ao Stefan, que tinha uma relação bastante forte com a mãe. " vi uma que tiraste quando eu acusei o Stefan de me ter mordido" gargalhei
