Capítulo 5: Os Caçadores Negros

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Ahkmenrah, o filho do grande faraó Merenkahre, se sentia estranho. Sentia uma terrível dor de cabeça, acompanhada de dores no corpo. Era como se algo o prendesse, o que de fato, existia. Era uma espécie de corrente, banhada por ferrugens, que deixavam manchas no corpo antigo do jovem faraó. Mais do que preso, ele se sentia sozinho. Como se ninguém pudesse ouvir o clamor da sua voz.
-Então... Ahkmenrah, não é mesmo? -Uma voz ecoou da escuridão. -Ok, não precisa responder. Acho que você não é do tipo de pessoa que fala muito. Infelizmente, meu chefe quer ver você. Há muito tempo, os Caçadores Negros têm procurado em vão, registros de seres fascinantes, como você.
-Do que está falando? Quem é você? -O faraó perguntou, com uma expressão confusa.
-Me chamo Darius, Ahk. Posso te chamar assim? -Ele não respondeu. -Deixa pra lá...
-Quem é seu chefe? E o que são Caçadores Negros?
-Os Caçadores Negros são pessoas que procuram por objetos, pessoas, seres extraordinários, por isso o termo "caçadores".
-E por que "Negros"? -Ahk perguntou, sem se incomodar com o fato de Darius não ter respondido à sua primeira pergunta.
-Aí é que está... isso depende do que fazemos com os nossos, digamos... tesouros. -Darius respondeu, num tom de ameaça.
Para Ahkmenrah, aquilo bastava. Sabia que essa estranha pessoa, não se passava de um imbecil ganancioso. Ele queria sair dali. E rápido!
De repente, uma pessoa emerge da enorme cortina vermelha, com bordados indianos, que estava à sua frente. Ahkmenrah acompanhava os arabescos dourados se desmanchando, a cada momento em que se abria.
-Olá, jovem Ahkmenrah. -A tal pessoa falou. -Aposto que o meu amigo Darius já falou um pouco sobre o nosso humilde grupo.
-Como ousa dizer isso?!
-Não importa. Agora... que tal falar um pouco sobre você? -O homem do capuz negro disse, escolhendo um tom de voz acolhedor, tentando fazer com que o jovem faraó pudesse cooperar. -Eu soube que você está passando por mudanças, Ahk. Você consegue sair daquele museu, consegue respirar e se sentir mais vivo. Conte-me como conseguiu isso.
-Mesmo se eu soubesse, não iria abrir a minha boca pra falar sequer uma só palavra. -Ahk se zangou.
-Tudo bem. Tentei fazer do jeito fácil. Vamos para o jeito difícil...

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-Larry, você tem que me ajudar! Eu não encontrei o Benjamin, há 3 horas! -A jovem Abgail gritou, em seu desespero. Ela havia procurado Ahkmenrah, até nos mais inesperados lugares, mas não conseguiu encontrar seu amado.
Ali estava ele. Larry Daley, o Guardião do Brooklyn. Era impossível não perceber os seus sentimentos, através dos seus olhos esverdeados. Ele não sabia onde o faraó estava e faria de tudo para ver o rosto dele de novo. Ahk era como o seu segundo filho, apesar de ele ser mais velho, ser um egípcio, uma exposição. Ah! Sem falar no fato de ser uma múmia perdida no Brooklyn. Que coisa, não?
-S-sim, Abgail, vou te ajudar. Vamos encontrá-lo, tá bem? Precisamos ir em outras livrarias.
-Nem me venha com essa, Larry! Eu te conheci há pouco tempo! Conheci vocês dois há pouco tempo, mas sei que estão me escondendo algo! Não vou embora sem explicações! -A garota falou. Enquanto isso, Larry não parava de olhar para o seu crachá, como se a resposta de seus problemas estivesse nele.
-Olha, Abgail...
-Chega, Sr. Larry! Por favor, a verdade! -Ela estava implorando. Era como se a razão dela viver, fosse descobrir este segredo.
-Você não iria acreditar mesmo, então...
-Você quer mesmo usar essa frase cliché? Tudo bem, me desculpe pela empolgação, mas eu preciso encontrar o Benjamin!
-Ahkmenrah. -O guarda imediatamente falou, corrigindo-a. -O nome dele é Ahkmenrah.
-Do que você está falando, Larry? -A garora estava espantada.
-O que eu quero dizer é que o seu amiguinho -disse, com desgosto - é um faraó egípcio, com séculos de idade, que usa uma placa para sobreviver, assim como as outras exposições, e que está perdido no Brooklyn! -Larry respirou fundo, já que disse cada palavra com determinação, não poupando sua respiração.
Ouve uma pausa. Ninguém sabia o que falar, até que alguém quebrou o silêncio:
-Você é louco!
-Espera, Abgail.
-Vou falar com você, quando puder me levar a sério, e sem brincadeiras estúpidas, como essa! -A garota falou com raiva, enquanto apressava os passos.
-É verdade, filha. -Abgail ouviu uma voz diferente. O esquisito era que ela a reconhecia de algum lugar, mas o cérebro não estava disposto a ajudá-la a reconhecer a voz, naquele momento. Até que então, ela se virou, e se reparou com uma réplica exata de Theodore Roosevelt, o 16° presidente dos Estados Unidos da América. O bondoso homem, parente do nobre Franklin Roosevelt, a cumprimentou.
-Ai meu Deus!! -Ela estava certa que estava louca, se não fosse por Larry, que também apreciava a mesma vista.
-E agora? Acredita em mim?

Uma noite no museu 4: Saindo das sombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora