-Afinal sempre vieste.- disse o rapaz sentando-se ao meu lado.
Ah! Olha ele! Sempre notou a minha presença...
-Olá.-respondi com um pequeno sorriso.
-Oi, vejo que isso já está a melhorar.- aponta com o queixo para a ferida que tinha no pescoço devido à noite anterior.
-Sim...está relativamente melhor.
-Ainda bem.-continuando- como te chamas já agora?
-Haylee e tu?
-Vince, o meu nome é Vincent.-sorrindo-prazer em conhecer-te.
-Prazer.-sorri.Notei que ele engoliu em seco e se virou para beber a cola que estava no balcão.
Num momento, uma voz entre nós aparece- o meu nome é Bond, James Bond.-disse um rapaz de aspeto despreocupado,desaparecendo de seguida.
No entanto, eu e Vince trocámos de olhares desatando numa gargalhada.
-Conheces o rapaz?-questionei.
-Sim, ele é um dos meus colegas da universidade, o Carl.Ficando curiosa, perguntei-lhe onde ele estudava e para meu espanto, anda na mesma universidade que eu só que num edifício diferente e que, anda no segundo ano do seu curso.
***
-Então, engenharia hum? Nunca te vi pelo campus.-disse eu.
-Também eu.-declarou ele pegando na sua bebida.Parecia que não tínhamos mais assunto para falar e aproveitei para dar uma olhada nele enquanto ele bebia. Tinha um cabelo de cor castanho escuro...durante a nossa conversa notei que os seus olhos castanhos avermelhados não gostavam muito de manter o olhar enquanto fala. Estaria ele perturbado com algo ou ele é demasiado tímido? Lá estou eu a fazer as minhas análises de sempre...
Decidi quebrar o gelo- com quem vieste? - fazendo uma pergunta.
-Ali com o meu pessoal.- apontando para um lado do café que tinha alguns rapazes e raparigas- já em relação a ti vejo que vieste sozinha.
-Sim.- assenti rodeando o copo com as mãos.De repente ouve-se o público a dar as boas vindas a uma banda que veio dar um concerto dentro do café e ambos viramos a cabeça para o lado do palco.
***
Já se fazendo tarde, à saída do café, Vince pergunta se eu queria boleia.
-Não te quero incomodar...eu vou sozinha.- disse eu, com uma incerteza.
Agarrando-me no braço, Vince leva-me até a porta do seu carro. Não protestei.
Durante a viagem, ele diz- sabes, é perigoso andares sozinha a estas horas da noite,e o que aconteceu ontem é prova disso.
-E-Eu sei, mas eu sei me defender. Ontem é que não tive sorte.- disse agitada e de braços cruzados.
Ele ri-se.
-Que foi?
-Nada, nada... - rindo-se ainda mais.Eu sei, eu parecia uma galinha indefesa ontem, não precisas de me lembrar .
Mas não importa... ele salvou-me.***
-Pronto, estás entregue.
-Obrigada.-agradeci, saindo do carro.
-Vemo-nos por aí!Há muito tempo que não digo isto mas, foi divertido.
***
Na manhã seguinte, acordei extremamente cansada.
Lembrei-me que tinha de comprar ração para cão, portanto decidi tomar um duche e ir à mercearia.Com os fones nos meus ouvidos, caminhei pela rua fora.
"Fire doesn't burn itself, fire doesn't burn itself... "
Ao passar pelas estantes dentro da loja, deparo-me com uma pessoa de costas que me parece familiar e decidi ir em direção a ela.
É o Vincent !
Mas, de repente o rapaz que estava de costas, vira-se bruscamente e choca no meu ombro.- desculpa!- pede um rapaz.
Espero que ninguém para além do rapaz, tenha visto a minha cara de espantada. Afinal de contas não é o Vincent ... Que estúpida, para de pensar que o vais ver outra vez!
Embaraçada, abano a cabeça e faço lá as minhas compras.
À saída sinto uma grande falta do meu carro. Com este peso até aceitava uma boleia de uma carruagem puxada por burros!
Sim, eu tenho carta de condução mas a questão é, os meus pais decidiram que não preciso de um carro, após os vários "quase acidentes " na estrada e que de facto, um dia tive mesmo um acidente...no mês seguinte após saber que o meu melhor amigo nunca mais estava entre nós.
***
O ceú escurece e ainda não vejo sinais dos meus pais e do meu irmão mais novo em casa.
Ouço o telemóvel a tocar no meu bolso e atendo a chamada- Filha, vou buscar o teu irmão daqui a cinco minutos à tia Liza e vou já para aí. Prepara-te que vamos jantar fora.
-Ok mãe.
-Ok, beijinhos até já!Subo as escadas e preparo-me, vestindo uma blusa azul marinho a condizer com o meu tom de pele bronzeada , e umas calças de ganga com umas vans.
Passado meia hora, vejo as luzes do carro da minha mãe lá fora, através da janela do meu quarto e desço até a porta de saída.
***
Chegamos ao restaurante. Era perto das nove horas. Quando me preparo para me sentar a uma mesa próxima, a minha mãe puxa-me para uma mais a frente onde se encontravam os amigos dos meus pais.
Senti uma vontade imensa de ir à casa de banho, pelo que depois de cumprimentar os amigos dos meus pais, pedi licença e caminhei pelo corredor à procura de algum sinal que me indicasse a casa de banho.
No entanto, sem contar fui parar ao lado de fora do restaurante. Quando me preparo para voltar a entrar, ouço alguém a gritar lá ao fundo.
Aproximo-me e vejo dois rapazes numa luta violenta.
Reconheço um deles em que se encontrava com o nariz a sangrar.Vincent...?
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Duas fases da lua
Mystery / ThrillerHaylee vai viver o mais obscuro que há na vida mas, isso não lhe vai impedir de procurar por respostas , guardando uma pessoa no seu coração, mesmo após a sua morte .