Cap 7

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Julie

Estou completamente perdida, confusa. Não era para ser assim, era uma vingança e só. A vingança foi melhor do que o esperado, já que Joe ficou magoado, eu vi a dor em seus olhos. Então estaria tudo certo? Não, está tudo errado, porque vê-lo sofrendo foi muito pior, foi como se um pedaço estivesse sendo arrancado de mim.

Pego um táxi e vou para casa, mas não sei como vai ser. Eu não sei como isso foi acontecer, mas continuo apaixonada por Joe e isso o ódio não levou embora. Mas não posso deixar tudo para trás e fingir que nada aconteceu. Até porque nem o conheço, talvez tudo seja uma encenação, e ele logo vai me humilhar de novo.

Quando o táxi para, entro em casa e deito, não consigo dormir. Preciso pensar o que fazer com o trabalho. Não posso me dar ao luxo de ficar sem, não tenho mais nenhum dinheiro de reserva e, se não trabalhar, não vou conseguir nem comprar comida. E também, nessa fase de crise em que o Brasil está, nem com diploma de Harvard vou conseguir um emprego da noite para o dia, ainda mais sem experiências anteriores.

Não sei como, mas amanhã tenho que encarar o Joe e ir trabalhar. Isso se ele estiver disposto a manter o meu emprego.

Me lembro que meu celular está no silencioso e vou ver se tenho ligações perdidas. Mas não tem, quem iria me ligar? Ninguém. Sinto uma pontada de dor no peito, imaginei que Joe me ligaria, mas eu que o desprezei, o que posso esperar?

Não janto, e acabo pegando no sono devido ao cansado dos últimos dias. Só vou acordar no outro dia, as olheiras ainda são visíveis, mas estou com uma aparência melhor.

Tomo um banho, seco os cabelos e me visto, passando uma maquiagem leve. Não tenho coragem de olhar na janela. Não sei se o carro da empresa veio me buscar. Tenho receio de que não. Então, quando estou pronta, desço e fico aliviada ao ver que sim. Mas talvez ele tenha esquecido de avisar o motorista. Só vou saber a resposta quando chegar e o encarar. Minha ansiedade é enorme e receio que não tenha mais unha até as oito horas.

Quando entro no carro, o motorista fala ao celular.

- Sim, senhor, deu certo. Obrigado, estou a caminho. - e depois desliga. - Bom dia, senhorita Orner. Devo levá-la ao trabalho ou algum outro lugar? - ele pergunta, e fico chocada. Como assim outro lugar? Será que ele sabe de alguma coisa? E também não é meu motorista particular, não posso ir aonde eu quiser. Resolvo testar, só pra ver.

- Vou pro aeroporto, Mario. - li seu nome em um crachá que está preso no bolso do seu paletó.

- Me desculpe, senhorita, mas tenho permissão para te levar a qualquer lugar, menos ao aeroporto. - ele diz meio constrangido.

Como assim? Joe está controlando o que faço? Não sei se fico feliz ou preocupada. Decido não pensar no momento.

- Estou brincando com você. Lógico que vou para o trabalho, aonde mais eu iria? - falo tentando sorrir, o que é bem difícil.

Quando chegamos na empresa, presto atenção no imponente prédio que é a sede. Nunca tinha feito isso, mas vejo que é o mais bonito do lugar. É todo de vidros pretos espelhados e um grande símbolo com a logomarca em vermelho, escrito "Grupo Hesgher".

Ao pensar em como Joe se encaixa em tudo isso e no poder que tem nas mãos, sinto um arrepio.

Mas pensar muito não está ajudando. Quando entro na recepção, Norma me recebe com um sorriso no rosto. Pelo menos ela não está sabendo da minha demissão ainda.

- Bom dia, Julie. O Senhor Hesgher pediu para você aguardar na sala. Ele teve uma reunião de urgência e vai se atrasar alguns minutos.

- Obrigada, Norma.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Onde histórias criam vida. Descubra agora