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 Já estava vestida e penteando meu cabelo com os dedos quando decidi deitar na cama. O que eu poderia fazer? Era muito tentadora! Sem ao menos ter consciência do que estava fazendo, afundei num sono profundo. Só acordando algumas horas depois, com Alex vestido com roupas verdes bem apertadinhas, me chacoalhando. Sonolenta, o xinguei pedindo por mais algumas horas de sono, e ele nem ligou, pegou um copo de água e jogou no meu rosto. Aí eu fiquei com raiva.

Roupas apertadinhas... Argh! Deus me ajude.

Arqueei quando vi que estávamos na tenda. Então aquilo não havia sido sonho!

Alex pegou minha mão e a beijou onde antes havia estado queimado. O gesto me fez corar. Só por alguns segundos antes de lembrar que a água da banheira tinha curado meus machucados milagrosamente. Puxei a mão, pensativa. Alex parecia magoado por ter lhe deixado sozinho, sem minha mão, mas se recompôs, passando os dedos pelo cabelo castanho escuro, que caía muito bem na sua testa.

— Não era sonho? — perguntei mesmo já sabendo da resposta.

— Não.

— O que faremos agora?

— Eu sugiro que me sigam. Já que seu amigo humano ficou tanto tempo te olhando dormir. Eu sinceramente esperava que vocês me chamassem, mas não aconteceu, então decidi vir aqui ver o que havia de errado. Você dormia e seu irmão lhe observava, o que é bem estranho — a voz de Natacha soou do outro lado da barraca. Vi o rosto de Alex ganhar uma cor corada. Aí, meu Deus. Ele havia me observado dormir. Ele havia me observado dormi. Ele havia me observado dormi! Espera... Ele havia me observado dormi! E se eu tivesse falado alguma coisa? E se eu roncasse?

Angh!

É provável que tenha parecido uma tola desmiolada dormindo.

Acompanhamos Natacha até um estabelecimento fechado com vidros e madeira e ela abriu a porta que dava à estufa gigante. Mostrou-nos as plantas lindas e flores que os jardineiros cuidavam com tanto cuidado, disse que era a alma que nos move todos os dias e que se um dia flores falassem, provavelmente teríamos ajudantes eficientes para a batalha. Eu não entendi a citação, também duvidei que pudesse ter sido ela há inventa-la. Mas uma coisa estava certa, a estufa era maravilhosamente linda! Flores pendiam por todos os lados. Luz solar entrava pelo vidro mandando sombras cintilantes, parecia que tudo era feito de beleza. Alex parecia tão fascinado quanto eu, mas ele se mantinha alerta, mantendo os olhos abertos pra qualquer movimento de Natacha.

Logo em seguida, ela pareceu pouco a vontade e nos disse que poderíamos apreciar a vista enquanto ela resolvia alguns assuntos pendentes. Assim que nos deixou, Alex largou nossas mãos abruptamente, passando-as pela roupa.

— O lugar é lindo. — Rodei como louca. Passei os dedos na parte superior das plantas presas numa coluna de concreto.

— Já vi mais lindas — retrucou. Fiquei com medo de olhar para ele, portanto eu entretive-me com o pólen... Espera, pólen! Eu sou alérgica a pólen. Mesmo assim, me sentia completamente bem mexendo nas plantas, o que me cismou tanto que dei vários passos para trás.

— Eu... Tenho... Alergia a isso — eu disse, olhando de soslaio para Alex.

— Essas plantas parecem diferentes, Jane. Eu trabalhei três anos na guarda florestal e nunca vi nenhuma dessas espécies. O que será que há de errado nesse lugar? E se, por acaso, tivemos em outro país? Como falemos para sair dessa enrascada...

— Eu me lembro de cair dentro do buraco na lama. Aliás, você estava seguro em terra, a pergunta é como você veio parar aqui? — Estreitei os olhos, o observando atentamente.

GodlinOnde histórias criam vida. Descubra agora