Capítulo 3

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– Becca, seus pais a aguardam para o almoço. Está pronta para ir, ou deseja algo? – Disse Bianca ao entrar na biblioteca, me distraindo de minhas pesquisas.

– Estou pronta Bi, só um segundo. – Guardei o livro que estava lendo de volta na prateleira.

Há quase uma semana que procurava mais informações sobre o tal reino da Luz, mas não encontrava nada. Li livros e mais livros, foram tantas que as palavras já se embolavam na minha frente, mas eu não desistiria por isso!

– Encontrou algo hoje? – Perguntou Bianca, e eu a olhei desanimada.

– Nada, Bi. As únicas informações que tenho até agora são aquelas que estão no livro que meu avô deixou. – Falei, pronta para sair e ela me acompanhou.

Quando chegamos à sala onde era servido o almoço – que meu pai fazia questão que fosse um banquete toda vez que almoçávamos juntos –, me despedi de Bianca, que por mais que eu insistisse sempre, nunca se sentou para almoçar conosco; ela preferia almoçar na cozinha, junto com os outros empregados do castelo.

Fiquei muito surpresa quando vi Filipe tomando um lugar à mesa, mais precisamente à direita de meu pai, que estava no seu lugar de costume, em uma das pontas da mesa me encarando. Minha mãe estava à sua esquerda e meu lugar estava posto ao lado de Filipe, o que era muito estranho.

Fiz uma reverência quando me aproximei e tomei meu lugar à mesa. Todos me olhavam e eu não sabia porque, até que meu pai resolveu falar.

– Espero que não se importe por eu ter convidado príncipe Filipe para almoçar conosco. Ao contrário do que deve estar pensando, estávamos em uma reunião com os conselheiros. Meu amigo, rei Carlos, não pôde comparecer e como a reunião demorou um pouco mais que o esperado, o convidei para juntar-se a nós. – Explicou e olhou-me com os olhos... tristes.

– Eu não estou pensando nada. Está tudo bem, pai, Filipe é meu melhor amigo, nunca me incomodaria com sua presença – Filipe também não estava com uma cara muito boa, então continuei: – Aconteceu alguma coisa?

– Meu pai está doente Rebecca... A mesma doença que levou meu avô. — Meu amigo disse, com os olhos marejados e eu queria muito abraçá-lo para lhe passar conforto, porém, nesse momento meus pais estavam nos observando.

– Oh, meu amigo, não fique assim! Talvez haja algum médico que possa ajudá-lo. Na época que seu avô adoeceu não havia médicos experientes como hoje. – Tentei ajudar meu amigo a ter esperanças, mas ele me olhava derrotado.

– Aí é que está o problema Becca, os médicos já o examinaram e disseram que não podem ajudar muito. Mesmo com a medicina um pouco mais avançada, eles não conseguem curá-lo, apenas aliviar seu sofrimento. A doença não tem cura. – Filipe desabafou e eu sentia em mim a sua dor.

Estava sem palavras. De repente até minha fome havia passado... Meu amigo estava sofrendo e eu nem conseguia imaginar como eu estaria se fosse meu pai no lugar do seu.

Já imaginava o que esperavam de mim. Se rei Carlos piorasse, Filipe teria que assumir o trono, mas para isso, deveria estar casado. E neste momento tomei minha decisão, não poderia deixar meu amigo sozinho nessa. Se ele assim concordasse, seria sua esposa. Sabia que existia amor entre nós, mesmo que fosse de irmãos... Mas era isso ou me casar com um desconhecido e ir embora para longe, enquanto meu amigo teria que escolher uma desconhecida também e ficaríamos separados para sempre. Talvez o que tínhamos um com o outro fosse suficiente para sermos felizes.

Segurei sua mão e todos terminaram o almoço em silêncio, creio que já imaginavam minha decisão, mas nada disseram a respeito e eu também não revelaria nada. Iria deixar para o dia do baile. Se Filipe me fizesse a proposta, iria aceitar e esqueceria o jovem que vinha marcando presença em meus sonhos há quase uma semana. Eu nem sabia se ele era real.

O Reino Encantado [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora