Capítulo 2- Meu anjo.

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Por que você se foi tão cedo? Me deixou , em uma estrada de amarguras, que nunca tem fim.

Aquele dia amanheceu mais triste, uma alma abençoada tinha ido embora.

Tivemos que passar mais uns dias no rancho, afinal, Levy não podia ser enterrado na Capital.
Todos os nossos parentes distantes vieram, alguns nem o conheciam pessoalmente.

Seu corpo ficou irreconhecível, pois só foi encontrado cinco dias depois.

Fiquei tão triste, que nem a presença de Enzo me punha para cima.

Ainda lembro de quando meu bebê disse suas primeiras palavras "Tata", fiquei tão emocionada naquele dia.
Lembro de quando eu e mamãe ensinamos ele a andar. Lembro de tudo com os mínimos detalhes.

O sentimento de culpa me assombrava todas as noites em que eu fiquei no rancho, papai teve que dormir comigo.
Já mamãe, não olhava na minha cara, acho que ela sentia ódio de mim. Quando eu entrava em um cômodo ela saia logo em seguida, papai disse que era algo passageiro.

- A culpa não foi sua, Deus quis assim.- disse papai enquanto me abraçava.

- Deus não existe!- eu disse saindo de seus braços, eu sentia raiva, e não era dele, era de mim.

- Claro que existe, meu amor! Ele que nos trouxe até aqui, ele que abençoa nossas vidas, e foi ele que levou seu irmão para um lugar melhor.

- Ele fez isso porque quer me ver sofrer, ele me odeia... Se é que ele existe.

- Filha, você está pensando de maneira errada. Papai do céu ama todos nós.

Eu tinha saído da sala, não queria brigar com ele.

Fui para o balanço, lá estava Enzo.
Os raios do sol refletiam seus cabelos de uma forma tão magnífica.

- Oi- ele se dirigiu a mim.

- Oi

- Olha, sei que você esta triste, mas eu só queria dizer que sinto muito.

- I daí? Do que adianta? Todos sentem muito, mas isso não vai traze-lo de volta.

O silêncio prevaleceu, eu sabia que Enzo não queria brigar.

A noite chegou e nós estávamos prontos para o velório.

O caixão foi branco e lacrado.
Era difícil aguentar a ideia de que meu anjinho loiro estava lá dentro.

Todos choravam, principalmente minha mãe. Mas, ela não aguentou, correu em direção ao caixão e gritou:

- MEU FILHO, NÃO LEVEM ELE EMBORA, ELE É MEU BEBÊ.

- Calma querida, ele está em um lugar melhor. - meu avô disse tirando ela de perto, porém, ela debateu e gritou mais ainda.
Mamãe não estava bem e, quanto mais gritava, mais fraca ela ficava... Até que, ela desmaiou, levaram ela para algum lugar...

Chorei tanto que não fui capaz de ir até o enterro. Saber que eles estavam jogando terra em cima do meu irmão, era algo que eu não queria ver...

Por que eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora