"Se você ainda estivesse aqui, tudo seria diferente"Os anos se passaram e minha vida foi de mal a pior.
Ao decorrer do tempo, minha mãe foi criando um ódio mortal de minha pessoa, e com isso, eu fui me afundando em uma vida amarga e sem felicidade.
Mas, para meu bem, eu ainda tinha meu guerreiro, meu super- herói, meu Pai. Ele foi o único familiar que não me abandonou, ele nunca desistiu de mim, ele me dava forças para continuar.
Com os anos, minha família se afastou de nós, eles diziam coisas horríveis para mim, para eles eu era um MONSTRO. E, esse fato, fez com que o amor de minha mãe a mim, morresse aos poucos.
Hoje seria o aniversário de dez aninhos do meu bebê, Levy. Todos os anos eu ia até a praia e jogava uma rosa branca em sua homenagem.
Papai não fazia nada, afinal, seria doloroso demais para ele.
Já mamãe fazia um cerimonial em homenagem a ele, pedia para que eu não ficasse em casa, pois eu era a culpada de todo aquele sofrimento.
Com isso, todos os anos, após a passada na praia, eu ia para a casa de Lúcia, minha única amiga.Nós nunca conversávamos sobre nada, eu só ia lá, chorava quieta, enquanto tomávamos leite quente.
Ela já tentou perguntar como eu me sentia, mas eu fiquei calada, esperando que ela entendesse meu silêncio.
Ela era ótima comigo, apesar da minha solidão e culpa, ela tinha paciência , fazendo com que eu me sentisse bem.Naquele mesmo dia, eu havia saído da casa Lúcia e estava indo em direção a minha casa, avistei Bruna, a menina mais popular da escola, olhando para mim, dando risadinhas. Eu apenas virei o rosto, tentando evitar o olhar daquela menina, mas ela veio em minha direção, rindo cada vez mais alto.
- Hahaha, Leiry, tudo bom? - disse ela me encarando de uma forma que me fez ficar com nojo.
-Não interessa!- rebati de forma grossa.
- Nossa, a estranha sabe falar!
Tentei correr, mas ela entrou na minha frente, bloqueando a passagem.
- Só quero que saiba que semana que vem será o baile da escola, e queria dizer para ir logo pensando no seu vestido, afinal, todas nós- disse apontando para seu grupinho- vamos arrasar.
Eu não disse nada, pois não queria ir até aquele baile, simplesmente é algo fútil que eu não aconselho a irem.
Saí de perto dela o mais rápido possível, entrando em um beco que ia em direção a minha casa.
- Oi princesa, por que demorou tanto? - falou meu pai.
- Encontrei uma "amiga", no caminho. - proferi fazendo aspas com os dedos.
- Entendo, entre, eu preparei seu jantar.
- Hmm.. Que delicia.
Entrei em casa e vi minha mãe sentada com os olhos enxados, apesar dela me odiar, aquilo doía em mim. Ainda mais por saber que a culpa era minha.
Me esforcei para comer, mas o clima estava tenso, papai percebeu isso e logo foi dizendo:
- Que tal assistirmos um filme?
- Tenho que passar roupa, não da certo. - Minha mãe disse, mas todos nós sabíamos que ela não queria ficar conosco.
- Eu topo- logo disse com alegria.
Terminamos de comer, lavei a louça e fui trocar de roupa. Já no meu quarto pude ouvir meus pais brigando.
Eles gritavam como seu eu não tivesse ali.- Ela é um monstro- proferiu minha mae, num tom de voz alto suficiente para eu poder ouvir.
Dessa vez, eu não aguentei, e interferi na discussão.
- Se não gosta de mim, é só dizer. Me poupe desse sofrimento e me mande logo para um orfanato.
Meu pai impediu minha mãe de qualquer resposta, arrastando-a para dentro do quarto.
Naquele instante decidi que iria fugir, seria doloroso, mas era o melhor para ser feito. Meu pai até sentiria saudades de mim, mas com o tempo se sentirá alívio.
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Por que eu?
Teen FictionTenho uma vida amarga, e me culpo disso, sei que o fato de eu ser tão ruim e odiada é só por culpa minha. Deus? Não existe! Se existisse não faria isso com a minha vida. Tenho ódio de mim, assim como minha mãe também tem... Eu não tinha esperanças...