Capítulo 2

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                   SÉFORA
Eu e Caleb nos entreolhamos, eu sabia que ele pensava o mesmo que eu, como assim, cuidar de crianças? Mas não podíamos negar essa missão, sempre soubemos que chegaria o momento em que receberíamos um fardo desse tipo.
-Mestre, nos guie para que possamos completar essa missão sem falhas. --Falou Caleb quebrando o gelo que já se estendia a alguns minutos.
-Meus filhos, vocês já sabem de tudo que devem fazer, está tudo em seus corações, confiem em si, vocês são uma ótima dupla e foram treinados para esse dia, não fiquem temerosos. -- Dimitre nos acalmou.
Olhei pra Caleb, confirmei com a cabeça, ela apertou minha mão, e me olhou com firmeza, nós nos levantamos, seguimos até o mestre e o abraçamos ao mesmo tempo.
-Eu confio em vocês, meus filhos, gravem os nomes deles, e os treinem para a guerra que estar por vir.
Uriel é o primeiro, cabelos loiros e olhos azuis, predomínio do bem, mesmo assim, não descuidem.
Natanael é o segundo, muito cuidado com ele, cabelos castanhos claros, olhos cor de mel, instinto vingativo.
A última é Ariel, cabelos pretos, olhos verdes, sedutora e encantadora.
Não se enganem, por serem apenas crianças, elas crescem mais rápido que o normal e aos 18, irão parar o crescimento acelerado.
Boa sorte, meus filhos, a tarefa não vai ser fácil, mas vocês estão aptos.
Confirmamos juntos e saímos, tínhamos que nos equipar e nos preparar psicologicamente.
Entramos rapidamente no carro, Caleb deu a partida e pude ver no computador de bordo que já marcava 19hrs.
-Sé, você está preparada? --Ele perguntou olhando fixamente pra a estrada.
-Sim, estou, Caleb. --Respondi sem tirar os olhos da janela do carro, onde pude perceber que começava a chover.
Nós não trocamos mais nenhuma palavra até chegar ao meu apartamento.
Fui até a parede falsa no meu quarto, empurrei 45 graus a direita, onde apareceu o identificador biométrico, coloquei meu dedo indicador e após alguns segundos, minha digital foi reconhecida, a parede falsa se abriu por completo mostrando o nosso arsenal, armas sobrenaturais de todos os tipos.
Eu e Caleb sempre lutamos contra seres sobrenaturais, os humanos nem fazem ideia de quantas coisas os rondam.
Entrei com Caleb e pegamos as nossas armas favoritas de combate à anjos caídos.
Caleb pegou seus dois punhais prateados de dois gumes (espada angelical), capaz de matar anjos, serafins, Nefilins e outras criaturas, Caleb era um ótimo lutador corpo a corpo.
Eu peguei duas armas de fogo Colt Python, com balas feitas a partir do derretimento de espadas angélicas.
Coloquei uma em cada perna, nos seus suportes, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, calcei minhas luvas preferidas, peguei munição suficiente e pra deixar de suporte dentro do carro, caso precisássemos, peguei o fuzil M16.
Caleb já estava pronto, me esperando, olhei no meu relógio já marcava 21 horas e 30 minutos.
-Caleb, nós ainda não sabemos onde as crianças vão cair, onde devemos ficar esperando-as ?
-Vamos para a saída da cidade, com toda certeza, vai ser onde não tenha construções ou pessoas, quando avistarmos o sinal, partimos a todo vapor, posso colocar o máximo nesse seu carrinho precioso ? -- Caleb tinha o dom de fazer piadas até em momentos como esses.
-Claro que não, vamos é no seu Alsvin, se estragar, pelo menos não tenho prejuízo, haha. --Falei sorrindo pra ele.
-Você é muito esperta, mas vamos lá, na próxima é o seu, esteja avisada. --Caleb deu uma piscadela pra mim.
Coloquei a M16 em uma mochila grande, pra que ninguém visse eu descendo do elevador até o estacionamento com um fuzil, seria no mínimo suspeito.
Quando chegamos ao estacionamento coloquei a mochila no porta malas, o fechei e segui para o banco do carona.
Caleb entrou no carro e sem pensar duas vezes, deu partida.
-Se por um acaso, meu carro arranhar, a culpa vai ser sua Séfora White. --Falou Caleb fazendo uma careta engraçada.
-Ok, senhor Caleb, que tal nos programarmos pra comprar um carro só pra nossas missões? --Sugeri porque sei que Caleb ama esse carro.
-Mas que ideia maravilhosa, por acaso eu já tinha pensado nisso.
-Ta bom, sei. -- Começamos a rir.
Apesar de sempre estarmos ocupados com missões sobrenaturais, Caleb e eu éramos muito bem sucedidos, éramos donos de uma das maiores indústrias de alimentos da cidade.
-Caleb, precisamos comprar no mínimo duas cadeirinhas pra colocar as crianças.
-Tudo bem.
passamos bem rápido na loja da nossa amiga Karen, e pedimos pra ela abrir uma exceção e nos vender duas cadeirinhas.

Fomos direto para a loja da nossa amiga que não negou atendimento, pegamos as cadeirinhas e colocamos no banco de trás e seguimos.

Quando chegamos na entrada da cidade, saímos da estrada e estacionamos o carro forra dela, olhei para o meu relógio e meu coração começou a bater irregular... 23hrs.
-Quase lá. --Falou Caleb que também conferia o seu relógio, quando fui levantando minha cabeça, ele já estava tão perto, que quase me assustei, Caleb pegou com as duas mãos no seu pescoço, me puxou para um beijo, e me encostou no seu carro, comprimindo seu corpo contra o meu, me fazendo arrepiar e desejar e que nós fôssemos apenas duas pessoas normais, que em um momento como esse, pudéssemos estar em uma praia, com essa mesma cena, porém com um final quente, e não em uma estrada deserta esperando três crianças que decidiriam o futuro da humanidade, apertei a bunda de Caleb e falei tudo isso que acabara de pensar em seu ouvido, o fazendo gemer baixinho, quando ouviu a palavra; "final quente".
-Sé, esse desejo ainda vai se tornar realidade, vamos concluir nossa missão e um dia não precisaremos mais nos preocupar com o mal em Dhara. --Caleb falou convicto de que tudo ia dar certo.
Quando fomos interrompidos por um barulho estridente vindo do nada, olhei para o céu e vi que em uma parte dele, as nuvens estavam fazendo um círculo e um clarão quase cega nossos olhos.
-Corre, Sé, entra no carro, vamos seguir a luz. --Caleb falou mais alto que o normal e entrou no carro, logo em seguida eu também entrei, coloquei o cinto com o carro já em movimento, seguimos o feixe de luz que vinha descendo, chegamos ao local onde a luz estava tocando o chão, descemos apressados do carro, quando vimos a primeira criança caindo, aparentemente desacordada, tinha pequenas asas cinzas significando que ainda era um anjo neutro, pois quando os anjos já predominavam o bem, tinham asas brancas, quando o mal predominava tinham asas pretas.
Caleb apressou-se e o pegou no colo, antes que ele caísse no chão, assim que Caleb o tocou, as asas sumiram e ele ficou apenas com aparência de uma criança normal, era loiro, logo presumi ser Uriel, me aproximei deles e Caleb me entregou, em seguida mais um clarão e vinha mais uma criança, da mesma forma que Uriel vinha, desacordado e com asas cinzas, era Ariel, a menina dos cabelos negros, Caleb a pegou e me entregou.
-Caleb, vou colocá-los no carro, nas cadeirinhas que compramos, deixarei as portas abertas pra não faltar ar, você trás o último, tá bom?-- Sugeri.
-Tá bom, Sé. --Falou Caleb sem tirar os olhos do céu.
Acomodei as crianças nas cadeirinhas e quando olhei pra trás já estava se formando o último clarão, porém tudo ficou mais sombrio, mas essa sensação não vinha do céu, fiquei perto do carro que não era distante de onde Caleb estava, quando vi a última criança caindo, no mesmo padrão das outras duas, adormecida e com asas cinzas.
Quando ela vinha no meio do percurso, um vulto preto a agarrou antes que chegasse aos braços de Caleb, peguei uma de minhas armas, e atirei sem pensar, sempre fui boa com tiros, mas errei, mais dois vultos pararam na frente de Caleb.
O outro que pegou a última criança, estava logo atrás deles.
-Ora, ora, saiam da minha frente para que eu possa me apresentar. --Falou o homem de cabelos grandes que pegou a criança para os outros dois homens a sua frente.
-Olá, Caleb e Séfora, ouvi falar muito de vocês, caçadores, não? --falou o homem com tom de deboche.
-Quem é você, nos devolva essa criança, ou vamos ter que matá-lo.--Falou Caleb ameaçando o homem que deu uma gargalhada sinistra.
-Mas que mal educação a minha, eu sou Azazel, sou o comandante dos anjos caídos e sirvo ao Lúcio, nosso mestre que breve despertará, só parei aqui para ver a cara de vocês que derrubaram tantos dos meus irmãos, hoje vocês vão sucumbir junto com essa sua ameaça medíocre, e vou levar as últimas três crianças comigo.
Azazel avançou tão rápido e deu-lhe um soco na cara que o derrubou facilmente.
-Peguem as outras duas crianças! Azazel ordenou aos seus capachos e sumiu com Natanael tão rápido como nunca vi nada se movimentar assim.
Peguei a outra arma, pulei e girei no ar disparando várias vezes no grandalhão que tentava se aproximar de Caleb e no outro magricela que tentava chagar no carro, acertei um tiro bem na testa do magricela que urrou de dor e um clarão se fez de dentro pra fora de seu corpo, o explodindo, o grandalhão eu consegui acertar na perna e ele caiu de cara perto de Caleb que cravou o punhal em seu crânio fazendo-o explodir da mesma forma do outro.
-Caleb, você está bem?
-Um pouco zonzo, só, aquele desgraçado levou o Natanael, o que faremos Séfora?
-Eu não sei, Caleb, não sei, mas isso não vai acabar aqui, eles querem os três, você ouviu.
-Ouvi sim, nunca tinha lutado com alguém tão forte, como vamos detê-lo? -- Caleb parecia preocupado até demais.
-Vamos dar um jeito, prometo! -- Tentei tranquiliza-lo mesmo sem saber o que fazer.

As três últimas criançasOnde histórias criam vida. Descubra agora