Adaptação ou Habitat Natural dos Agentes

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Ao sair do banho, vestiu uma camiseta e um short jeans, (percebeu que já tinham organizado suas coisas no guarda-roupa) foi até sua mochila, tirou uns cadernos, uns livros e sentou-se à escrivaninha com tampo de vidro. Estudou até anoitecer.
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O relógio da cabeceira marcava 19:00 horas quando bateram em sua porta:
- Senhorita! É sua refeição! - gritou uma voz feminina do outro lado da porta.
- Tudo bem, pode entrar! - disse endireitando-se na cama.
- Aqui está, senhorita. - disse a mulher loira e baixinha de uniforme entrando no quarto.
- Tá okay, obrigada. - disse Alix pegando a bandeja das mãos delicadas da mulher.
- Se precisar de qualquer coisa, é só me chamar, senhorita. Meu nome é Antônia. - disse a mulher com uma piscadela.
- Huhum! Tá certo, Antônia. Me chame de Alix, prefiro. - disse ela com uma risadinha.
- Tudo bem, senho... quer dizer Alix. - disse Antônia com um sorriso tímido e saiu do quarto.
Ela devorou a comida, não percebera que estava com tanta fome. Deixou a bandeja na cabeceira, deitou e assim ficou até o sono pesar em suas pálpebras.
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Ela acordou com o celular tocando, havia colocado o alarme para às cinco e meia da manhã.
Se levantou e foi direto para baixo do chuveiro.
Meia hora mais tarde, saiu já com os cabelos secos e arrumados, jogou a toalha na cama, vestiu a camisa polo do uniforme, seu jeans favorito e o "all star "  azul de cano alto.
Ouviu batidas na porta e mandou entrar, era E:
-Bom dia. - cumprimentou ele.
- Bom dia. - cumprimentou Alix.
- Vamos. Você vai tomar café com os outros agentes. - disse ele com um sorriso.
- Tá bom. - disse ela com uma expressão de desconfiança e um meio sorriso, então, seguiram pelos corredores e elevadores do departamento.
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No enorme refeitório com várias mesas retangulares de metal com seis lugares. Depois de se servirem, eles ocuparam dois lugares ( um do lado do outro) da mesa no canto direito do local, onde K, L e outros dois agentes estavam.
- E aí a, E? Como é que tá o queixo? - perguntou o agente sentado do lado de L dando soquinhos no próprio queixo.
- Hahahaha! Não podia estar melhor, seu soco faz cócegas H. - disse E com uma risada e todos na mesa, menos Alix, riram.
- E você, Alix? Muitos hematomas? Hahaha. - perguntou L aproveitando as provocações de H (que era um cara negro forte, tão alto quanto um jogador de basquete, com cerca de dezessete anos).
- Agora resolveu me chamar pelo nome? E se quer saber, minha pele continua impecável, diferente da sua, seca e marcada. - retrucou Alix.
- Hahaha, nossa! Você é venenosa, hein? - disse K.
- Só quando sou provocada, se você não mexer comigo, seremos grandes amigos. - disse Alix.
- Prometo não fazer isso, hahaha. - disse K levando a mão ao peito.
- Okay, que tal vocês fecharem o bico pra eu poder comer em paz? - disse o agente do lado de Alix, um loiro não muito alto, forte e que devia ter uns vinte e cinco ou vinte e seis anos.
- Deixa de ser assim, N. É feio estragar a alegria dos outros. - disse K com um sorriso e uma piscadela.
- Haha, engraçadinho você, hein? - disse N dando uma colherada no seu prato de cereal.
- Ei, garota! É melhor você correr com essa comida, não vai querer se atrasar pra aula, vai? - disse H com um sorriso brincalhão e mordeu a maçã em suas mãos.
- Pelo menos eu tenho um cérebro e sei que estudar vai me ajudar a crescer, a amadurecer, ter sabedoria, sabe? - retrucou Alix fuzilando-o com os olhos e continuou a comer seu iogurte com uma calma impressionante.
A mesa toda se calou por uns vinte minutos, até N dar a última colherada do cereal, se levantar e se despedir:
- Até mais, pessoas. Vejo vocês depois.- e deu um aceno de mão.
- Tchauzinho! - disse L acenando com os dedos em resposta.
- Valeu, gente! Vou indo também! - disse H e correu para acompanhar N.
- Beleza. Vamos, E? - perguntou Alix.
- Aham! Temos que ir. - concordou E.
- Virou o motorista particular dela, E?- perguntou L com o cenho franzido e cara de nojo.
- Pare com isso, L! - sussurrou K entre dentes e segurou o braço dela com força.
- Arrgh! Tá bom! Desculpa se feri seus sentimentos, Alix. - disse L finalmente desculpando-se, depois de dez longos segundos de olhares de reprovação vindos de K e E.
- Tá! Tudo bem. Eu aceito as desculpas.- disse Alix com os olhares de K e E pesando sobre si.
- Então, ótimo. Vamos, Alix. - disse E segurando-a pelos ombros e levando-a para fora do lugar em direção aos elevadores que davam na garagem.
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Faltavam apenas vinte minutos para tocar (o sino) para a primeira aula quando Alix chegou à sala de sua turma que estava com quase todos os quarenta lugares ocupados, felizmente, Pandora tinha guardado um lugar para ela.
- Valeu, Pan. Tu é foda. - disse ela sentado-se.
- Eu sei. Você que nunca notou. - disse Pandora com uma risadinha.
- Impressionante! Você tem que acabar com o sentido da ação de elogiar, né? - disse Alix estreitando os olhos.
- É lógico.Eu sou assim. - falou Pandora com uma piscadela e um sorriso orgulhoso.
- Então, tá bom de se melhorar. - retrucou Alix, Pandora reagiu intortando a cara como quem diz "Ah, você não tem senso de humor" e Alix deu uma piscadela, sorriu e virou-se para frente na cadeira.
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Quando o franzino e baixinho professor de geografia passou pela porta, foi direto escrever alguns tópicos sobre a geopolítica mundial.
- Bom dia, alunos. - disse o professor.
- Bom dia. - a sala toda cumprimentou desanimadamente.
- E então, prof? O que tem pra hoje? - perguntou Pandora.
- Olha só, ... Qual o seu nome mesmo? - perguntou o professor e todos riram.
- Pandora, prof.  disse a garota tentando controlar o riso.
- Pandora, vamos falar da formação e ocupação do território brasileiro. Por favor, abram o livro na página 143. - disse o professor, o que causou um couro de "Ah, não" por parte dos alunos.
- Anão é... - começou o professor.
- É um homem bem pequenininho. Essa é velha, prof. A gente já cansou de ouvir isso. - disse Morgana entediada.
- É-é ... E então, turma? Vamos fazer a leitura da página 143. - disse o professor gaguejando no início.
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A última aula do dia foi a tediosa aula de Álgebra, daquelas em que o tempo teima a passar. Um garoto, empacotado em seu casaco preto, dormia, seu ronco soava como uma locomotiva. Incomodava tanto que o professor foi sacudi-lo  na tentativa de acorda-lo, ao fazê-lo, o professor mandou que saísse para lavar o rosto e fosse ter uma conversa com o diretor.
O resto da turma ficou rígida, mal piscavam, presos a um silêncio ensurdecedor até o fim da aula.
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A Garota JOnde histórias criam vida. Descubra agora