Dia 63
31 de Agosto de 2001
Sábado"Pronto." Malfoy penteava os cabelos loiros da pequena Murphy, ela estava em seu colo na poltrona, já Harry observava da cozinha vez ou outra os dois enquanto tentava não queimar nada. "Falta agora só a sua presilha."
"Aqui." ela ergueu para ele, que colocou no lado que ela costuma usar, puxando os cabelos loiros de um lado do seu rosto. "Obrigado papai, sinto falta da Delphi penteando meu cabelo."
"Que tal procurar Camellia e alimentá-la antes de te chamarmos para jantar?" Malfoy evitou o assunto da irmã mais velha de Murphy.
Ela assentiu e sumiu da vista de Harry indo para o corredor, Malfoy mexeu nos próprios cabelos distraído e olhou para a cozinha, Harry derrubou o talher que segurava ao ter sido pego o observando. Se abaixou para recolher o objeto com as bochechas coradas, podendo ouvir o riso cínico do diabo loiro.
"Algum problema, Potter?" Malfoy já estava encostado na entrada da cozinha quando Harry já estava de pé, evitando olhá-lo.
"Não." respondeu mexendo os ombros em pouco caso, tentando disfarçar sua tensão de ter o outro perto. Depois daquela conversa estranha no último domingo, a semana inteira não se olharam nos olhos, e a poção de confiança havia se tornado frequente novamente, Harry se sentia idiota pelo o que havia dito num momento de fraqueza pelos olhos acizentados.
Novamente silêncio estranho pairou entre eles. Suas vidas estavam confusas demais para decidirem que queriam experimentar um ao outro, não que Harry já não tenha pensado nisso antes, como no terceiro ano e depois o sexto. No terceiro ano Harry começou a olhar para garotos e sentir quase as mesmas sensações que sentia quando olhava para garotas, claro que ele não admitiu a si mesmo que adorou o corte de cabelo de Malfoy naquela época, mas no quarto ano quando se trancou com Cedric em qualquer lugar vazio quase o ano inteiro descobrindo coisas novas, ele certamente sabia que gostava de garotos.
Quando se envolveu com Ginny, pensou que ela era o tipo de mulher que ele queria se casar e ter filhos, já se conheciam a anos, as pessoas imaginavam que acabariam juntos, por que não? Bem, talvez porque Ginny realmente era o tipo de mulher que Harry achou que fosse, e ela jamais se casaria por se casar. Harry ficou feliz de serem bons amigos e das piadas cafonas que recebia da amiga.
Depois disso eram noites com bruxos ou trouxas quando queria se sentir menos sozinho, normalmente não repetia as pessoas e nem sempre fazia isso, se sentia um pouco imoral de dormir com alguém apenas por solidão, mas ao menos provar outros caras o fez perceber que Cedric não era o único que o fazia chegar nas nuvens. Ao menos os bruxos não espalhavam sobre a noite que tiveram com O-Garoto-Que-Sobreviveu, Qu-Lutou e Que-Sobreviveu-Outra-Vez.
Sua vida realmente não estava nos trilhos antes de Murphy aparecer e joga-lo totalmente pra fora junto do trem e a bagagem toda.
Como não havia dito mais nada, Malfoy se retirou da cozinha quando Harry estava no seu momento de reflexão da própria vida, não antes de murmurar que ele iria queimar o que quer que estivesse fazendo, mas óbvio que o grifinório não se atentou e acabou queimando um pouquinho, mas ainda estava comestível.
Dia 64
1 de Setembro de 2001
Domingo"Você sente falta de Hogwarts?" Draco ergueu o rosto com a pergunta repentina do outro, desviando o olhar do recém livro que achou na estante do escritório de Potter.
"Por que a pergunta?"
"Estaríamos embarcando no Expresso de Hogwarts se fosse alguns anos atrás." Potter divagou olhando para a parede, sem sapatos no sofá com uma xícara de café entre as mãos, ainda de pijama.
Draco fechou o livro pensando sobre o assunto.
"Não entendo seu fascínio por lá, é só uma escola." Draco mexeu os ombros em pouco caso procurando a página que estava.
"Hogwarts foi o primeiro lugar que pude chamar de lar, descobri que era onde eu realmente pertencia, não imaginava que passaria tão rápido." Draco observou a face tristonha de Potter. "Apesar das tensões pré-guerra, eu queria voltar para quando tínhamos-... eu não sei, treze anos? Nenhum ano pra mim foi normal, apesar de gostar de Hogwarts e desejar voltar..."
"Poderia ter sido normal se não ficasse enfiando o nariz nas coisas com seus amigos enxeridos." Draco argumentou e recebeu um olhar cortante do moreno. "Okay, desculpe por opinar." mexeu os ombros em pouco caso novamente, evitando ser hostil.
"Você tem razão." Potter deixou os ombros caírem e Draco o encarou pasmo com o pensamento admitido. "Talvez fosse mais normal se eu tivesse deixado as coisas acontecerem naturalmente... mas era tudo tão complicado e eu queria tanto saber sobre meu passado, e os adultos não colaboravam." Potter jogou a cabeça para trás soltando o ar dos pulmões, Draco tentou não maliciar aquilo e pensar sobre Potter estar desabafando consigo, desviou os olhos do moreno por alguns instantes antes de saber o que dizer.
"Potter, sei que o que menos que ouvir agora é o que vou dizer por causa da nossa situação atual tendo uma 'filha'. Mas nossos lares não são lugares, não são coisas, nossos lares são aqueles que amamos. Hogwarts foi importante pra você, mas por que? Por causa da construção de pedras e o gramado verde? Ou por causa das pessoas que estavam com você quando precisou?"
Potter virou o rosto ouvindo o que Draco dizia, sua expressão ficando mais suave com as palavras, pensativo.
"Seus familiares eram horríveis com você, e você não se sentia em casa por causa deles. No seu aniversário você parecia triste e optou vir comigo ao ficar sozinho na sua casa, porque você não se sentia em casa estando sozinho. E mesmo que não sejamos nem amigos, você estava procurando algo que te acolhesse, não em mim ou Murphy, apenas se distraindo. E ao voltarmos você ficou feliz porque seus amigos estavam aqui, não foi pela festa ou por ter chegado em casa, foi por eles e por se sentir em casa." o loiro dizia de forma lenta para que as palavras entrassem na cabeça teimosa do moreno.
Draco observou os traços bonitos do outro, mesmo estando longe. Potter suspirou tocando os cabelos bagunçados, parecia estar em conflito com seus pensamentos e as recém palavras do loiro.
"Nós fazemos das pessoas as nossas cordas, ou vamos afundar feito âncoras no mar."
Malfoy estava certo, e Harry não esperava palavras tão sábias vindo dele. Não que o loiro não fosse inteligente, mas esse tipo de expressão e conselho não eram comuns de sonserinos.
"Obrigado." Harry disse depois de Malfoy ter retomado sua leitura, o loiro não o olhou dessa vez.
"Não disponha." Harry riu com a fala do outro, sim ainda era Draco Malfoy ali.
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Murphy | Drarry [mpreg]
FanfictionA vida de Harry saiu dos trilhos quando Draco apareceu em sua porta com uma garotinha que trazia consigo um vira-tempo, alegando ser filha de ambos. Em meio a conflitos pós-guerra e a tentativa de se ajustarem no atual mundo bruxo, eles precisam dei...