Contos dos amantes

Raios e trovões

As gotas tamborilavam no telhado e as flores da floreiras pareciam chorar, mas o casal que olhava a chuva através da janela não parecia nem um pouco triste. As meias deslizavam no chão de tacos, a música soava pela casa e o cheiro de café parecia impregnado nas paredes. A moça sentada na grande janela do escritório via as gotas deslizarem, o jovem sentado a poltrona olhava para ela sobre o livro que estava lendo, ela olhou para ele sorrindo e perguntou por que ele a olhava assim. Ele sorriu e falou que estava apenas admirando sua esposa.
O dia se seguiu e quando ela se deu conta estava com o homem que tanto amava em seus braços, a cama arrumada só dobrava pelo peso dos corpos que estavam deitados sobre ela. O marido que dormia ou fingia dormir só abriu os olhos com o beijo dela. Os beijos e abraços foi a base da dança dos dois, quando as roupas já estavam espalhadas pelo quarto, a cama desarrumada e os dois exaustos dormindo abraçados. Os trovões começaram. Ela acordou, o abajur ligado e dois belos olhos a fitavam, ele sorriu e a beijou, os dois levantaram, tomaram um banho, se vestiram e seguiram para a cozinha, risos e vinho regavam o preparo do jantar, ela cortava os temperos e ele iniciava o flambar das verduras e peixes.
A mesa arrumada para dois, um sentado de frente para o outro, velas acesas e as pernas e mãos entrelaçadas, o som dos raios longe fazia uma trilha sonora única,
ela olhava para o marido e pensava quanto amava aquele homem, como sua vida era dele. Com a cozinha arrumada os dois se jogaram na cama, pijamas confortáveis e o frio que fazia companhia, os dois abraçados em baixo do cobertor e o sono que chegava devagar, luzes desligadas e o som suave da respiração dos dois. O sono os abraçou, abençoando o casal apaixonado.