capítulo dois

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  Era agora hora de almoço. A minha avó fez um Roesti, que é um prato típico da zona, que eu simplesmente adoro a maneira como ela o faz, não faço a menor ideia do que contem mas eu gosto, e muito. Todos comiam em silêncio, Gretchen não tinha televisão em casa por isso os únicos sons que se ouviam era o bater dos talheres no prato e o longínquo som da água da cascata a correr. Ainda olhava às vezes para o meu irmão mais velho e ele fazia caretas às quais eu correspondia alegremente. Terminada a refeição pus-me a pensar na sorte que eu tivera na noite anterior; a minha mãe acreditou no que disse e fui tomar duche. Claro que dizer "Mãe, fui passear perto da cascata e escorreguei lá para dentro" soa muito melhor do que "Mãe, vi o bobo da corte nu na cascata e ele puxou-me para dentro de água.". Nesse caso, provavelmente teria graves problemas no qual incluía nunca mais poder andar à noite aqui. Retornei à leitura do meu querido livro, ao fim de ler dois capítulos – o que eu tencionava ler por dia – retirei o meu telemóvel de dentro da mesa-de-cabeceira e verifiquei se tinha alguma mensagem e, surpreendentemente, tinha uma mensagem mas era de um número desconhecido.

Número desconhecido: Lamentamos informar mas a sua inscrição no Porn Hub foi rejeitada devido a não ter mandado fotos junto à sua inscrição.

Eu: Desculpe mas eu não fiz nenhuma inscrição?

Número Desconhecido: Consta nos nossos dados a sua inscrição Menina Morgan.

Eu: Mas já lhe disse que não fiz nenhuma inscrição!!

Número Desconhecido: És tão fácil de irritar que até me dás dores no orifício ânus facial

Eu: Orifício ânus facial??

Número Desconhecido: Orifício ânus facial :-)

Eu: Primeiro de tudo, deixa-me adivinhar... És o bobo da corte da feira medieval

Número Desconhecido: Oh não descobriste a minha identidade secreta *abrindo a boca sarcasticamente*

Eu: Vê lá se não te entra uma mosca lol, vou deixar de te responder não estou para gastar as minhas preciosas mensagens com vossemecê.

Revirei os olhos e voltei a colocar o telemóvel no sítio onde estava previamente. Fiquei a pensar a que sítio poderia ir nesta localidade pequena sem ser a cascata, à qual já tinha ido mas dispensava lá ir novamente e relembrar a minha noite passada.

Decidi ir explorar as redondezas mas tendo sempre a certeza que não me perdia pois isso seria horrendo, principalmente porque eu não trouxe o meu telemóvel. Neste momento estava repleta de árvores e várias plantas de diferentes tonalidades de folhagem o que me deixava perplexa, pois não se costuma ver as folhas com um verde tão vistoso como na cidade, devido à poluição acumulada ao longo dos anos.

Caminhava lentamente em direção ao desconhecido, estava distraída a olhar para a paisagem em meu redor que quase caía num ribeiro, fiquei com os pés no fim da terra poeirenta antes da inclinação em direção à água. Decidi sentar-me no sítio onde tivera antes os meus pés. Enquanto estava a atirar algumas pedras que se encontravam a meu alcance, ouvia a harmonia da água a correr por entre as pedras, os pássaros a chilrear e as cigarras a produzirem um som levemente irritante mas nada de outro mundo.

Ao longe ouvi um grito mas resolvi ignorá-lo até se repetir novamente. Procurei algo no meu casaco com que possivelmente me poderia entreter e por sorte encontrei o meu mp3 e os auriculares. Pus em aleatório e acabei por estar a ouvir Roller Coaster dos Blink-182, sentei-me e encostei-me à árvore que se encontrara à minha direita e quando estava quase a dormir alguém me abanou bruscamente o que me fez dar um pontapé involuntariamente e ouvi alguém gemer de dor, abri os olhos e tirei os auriculares percebendo que era Ashton.

"Olha bem feito, não te tivesses metido comigo." Resmunguei.

"Só te estava a acordar porque..." Ficou boquiaberto sem saber o que dizer.

"Pois bem me parecia, agora deixa-me voltar a dormir. Mas espera aí, primeiro de tudo como me encontraste? Eu não me chamo Gretel e não deixo migalhas para trás, portanto como?" Intriguei-me.

"Simplesmente vim dar uma volta, tal como tu." Disse casualmente.

"Está bem então, desde que não te dispas, por mim podes ficar onde quiseres, excepto em cima de mim." Franzi o nariz em desagrado ao que Ashton riu e sentou-se na mesma posição que eu mas na árvore em frente à que estava.

"Costumas estar por cá?" Perguntou olhando para o vazio.

"Só quando venho visitar a minha avó. Vives cá?" Suspirei encarando-o.

"Sim, é um sítio pequeno mas tem pessoas simpáticas e tenho cá alguns amigos." Sorriu

"O que te levou a querer ser bobo da corte na feira?" A curiosidade era grande.

"O meu tio é o empregado favorito do organizador de eventos e como precisava de dinheiro, ele sugeriu isso." Deu de ombros e olhou para a paisagem suspirando.

Ainda franzi as sobrancelhas e pensei em perguntar o que o pusera tão sério de um momento para o outro, mas decidi não abusar da minha sorte e apenas continuei a apreciar a paisagem, tal como o rapaz que estava sentado à minha frente.

Quando voltei a colocar os auriculares e pus música alta, Ashton lançou-me um olhar ameaçador, ergui uma sobrancelha em sinal de confusão por tal expressão dele. Perguntei-lhe mentalmente o porquê de ele me ter dado um olhar de desaprovação, esperando que ele o respondesse, ao que ele desligou os meus auriculares do meu mp3 e ligou ao seu telemóvel, escolhendo uma música desconhecida para mim que eu identifiquei como sendo rap. Fiquei surpreendida pois tomara-o como rapaz de bandas de rock e não rap; bem como dizem, as aparências iludem. Não costumo ouvir este género de música normalmente, nem o ouço a não ser que ponham a tocar, como neste caso.

Ashton sorria para mim como que dizendo que preferia esta música à que estava a ouvir anteriormente. Encostou-se novamente à árvore e tirou uma coisa da mochila - que eu desconhecia que estava ali – que nunca vira nada igual na minha vida mas como a seguir tirou um isqueiro presumi que fosse fumar algo. Decidi desviar o olhar, talvez assim me desse menos vontade de lhe tirar aquilo da boca e atirá-lo ao rio. Por mera curiosidade olhei para ele, estava com vontade de lhe arrancar os cabelos por parecer ligeiramente atraente a fazê-lo, o que me irritava porque supostamente devia achar isto um aspeto negativo mas não o achava, não conseguia perceber porquê.

"Queres dar uma passa, Mae?" Perguntou, provavelmente por me ter apanhado a observá-lo atentamente.

"Não obrigada." Sorri levemente e só agora dei conta que ele me tinha chamado Mae, um diminutivo de Maeve que só os meus amigos mais próximos me chamavam mas deixei passar esta vez.


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e esta demora de merda? pedimos desculpa :-)

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⏰ Última atualização: Sep 05, 2015 ⏰

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