Cold Coffee

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Capítulo 1

Harry Styles Pov's:

Não devia, mas eu caminhava pelas ruas de Londres como se fosse um cidadão normal, um cidadão comum. Apesar de em parte o ser. Ser famoso não é das melhores coisas do mundo, como algumas pessoas pensam que é. 

Tentava não ser reconhecido, mas era quase inevitável. Algumas pessoas sorriam para mim, outras acenavam, outras não se moviam, outras continuavam a fazer a sua vida, outras davam uns gritos agudos. Todas as pessoas naquela rua tinham reações diferentes.

Passei por um beco sem saída e ouvi alguém choramingar baixinho e parei de andar ficando de lado para o beco. Esse alguém começou a dar pontapés a tudo o que existia lá, enquanto gritava de fúria. Olhei em direção ao local e vi uma rapariga a colocar as mãos na sua boca, encostando-se à parede e descendo pela mesma abaixo. Olhei em volta e decidi entrar por ele a dentro. 

À medida que me aproximava o seu choro tornava-se cada vez mais alto. Aproximei dela e fiquei somente a olha-la, sem sabe o que fazer ou o que dizer. Quando ela notou a minha presença, encarou-me e levantou-se rapidamente. Abanou a cabeça.

- Saí daqui! - Ela gritou desesperada. 

- Eu quero (...) 

- Saí daqui! - Voltou a gritar interrompendo-me. - Odeio-te com todas as minhas forças! A culpa é toda tua! - Voltou a gritar entre lágrimas e eu limitei-me a franzir as minhas sobrancelhas e aproximei-me dela.

- Eu quero ajudar-te... - Murmurei.

- Eu não quero a tua ajuda! Saí daqui! A culpa é tua! Saí! - Gritou com fúria a transbordar pelos seus olhos, enquanto dava-me alguns murros no meu peito.

Afastei-me um pouco dela, sem saber o que fazer. Ela estava com imensa raiva de mim e eu sem saber o porquê. Aposto que se ela tivesse uma arma consigo, eu já estaria estendido no chão.

- Odeio-te! - Gritou antes de abandonar o local aonde nos encontrávamos.

Ela correu para longe e eu decidi não segui-la. Ela odiava-me? O mais estranho é eu não a conhecer de lado nenhum... Que me lembrasse.

Decidi caminhar de volta para casa, mas as palavras dela não saiam da minha cabeça. Os seus cabelos castanhos bagunçados, seus olhos cheios de lágrimas, sua maquilhagem borratada, insistiam em ficar presos nos meus pensamentos. 

(...)

O barulho impertinente dum telemóvel a tocar, soou por todo o meu quarto, fazendo eu estremecer e acordar sobressaltado. Tentei alcançar o telemóvel, ainda com sono e de olhos fechados, batendo imensas vezes com a palma da minha mão direita na mesinha de cabeceira sem conseguir apanhar o telemóvel. Quando finalmente consegui apanha-lo e atendi, ouvi uma voz irritante do outro lado da linha. Não é que a voz do Louis seja irritante, mas ouvi-lo berrar logo de manhã quando estou de ressaca é a pior coisa de mundo acreditem.

- Harry, Harry! Estás aí? - Perguntou várias vezes do outro lado da linha, fazendo eu afastar o iphone um pouco do meu ouvido. Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, decidi responder.

- Sim, estou aqui Tomlinson. - Respondi lentamente com a minha voz matinal, enquanto coçava os meus olhos tentando acordar por completo.

- Meu, acorda! - Literalmente gritou. - Por amor de Deus, vai te vestir! Hoje temos de ir a um fune(...) 

- Dá-me 15 minutos! - Respondi enquanto interrompia-o mal me apercebi de aonde tinha de ir hoje. 

Nem dei tempo para ele responder e desliguei a chamada. Saltei imediatamente da cama e antes que pudesse caminhar até ao quarto de banho, para tomar um rápido duche, parei e olhei em volta. Roupa interior feminina espalha pelo quarto. Nenhum sinal de alguma fêmea por lá. Senti a minha cabeça ir em direção à parede e dei uma leve cabeçada. Olhei em volta novamente, procurando um único objeto e, quando finalmente o encontrei, respirei de alívio.

Corri até ao quarto de banho e tomei um duche à velocidade da luz. Enrolei uma toalha à volta da minha cintura e corri até ao quarto. Vesti umas jeans pretas, camisola preta com uns pormenores na cor branco e calcei uns sapatos pretos. Ia a um funeral, era normal ir assim.

Mal me vesti, passei os meus dedos pelos meus cabelos penteando-os. Olhei para a cama e vi um papel, peguei nele e comecei a ler: « Olá Harry! Bem, antes de mais nada obrigada pela a noite de ontem! Bem, não te preocupes com nada, nunca mais me irás voltar a ver, usamos proteção e (...) » 

Parei de ler e voltei a respirar de alívio, atirando o papel para o lixo. Tenho de parar de beber e de trazer raparigas para minha casa. 

Corri para a minha garagem, entrei no carro e guiei até à morada do cemitério. Já não ia a tempo de ir ter com os rapazes à casa de Louis, como tivéramos combinado. 

Mal cheguei ao local pretendido, estacionei e caminhei por ele a dentro. Facilmente avistei os rapazes e uma multidão de pessoas em volta de um caixão. Um caixão branco e pequeno. Engoli seco a cada passo que dava e sentia a cada momento as minhas emoções à flor da pele. Caminhei até junto dos rapazes que me deram um leve sorriso e depois o nosso olhar dirigiu-se para o mesmo objeto, para o mesmo lugar. 

Enquanto o padre rezava e dizia adeus àquela pobre criança, senti os meus olhos lacrimejarem e olhei em volta tentando me conter. Mais valia não o ter feito. O meu olhar caiu sobre outro. Um olhar de raiva, triste, transtornado. Os seus olhos fitavam os meus e quando ela ia falar, uma senhora mais velha agarrou-a e olhou-a nos olhos abanando a cabeça, enquanto sussurrava algo. A rapariga limitou-se a conter e a desviar o seu olhar para o caixão, antes de isso ainda pousou o seu olhar sobre cada um dos rapazes.

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