Sirenes, o poder da sedução.

Sirenes

Sinopse

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     Nas profundezas do Mar Negro, uma cidade erguia-se elegantemente. Uma grande população de Sereias, denominadas de Araptes, Deusas da sedução, habitavam o local. Poucos eram os navegantes que ali passavam e não sofriam com uma morte trágica. Ninguém escapava se elas julgassem que havia chegado sua hora. No entanto, havia uma exceção. Uma exceção de cabelos negros e compridos, olhar distante, expressões fortes e tristes. Uma exceção de nome Railan, o Desbravador dos Quatro Mares.

     Railan é contratado pelo rei de Scarpio, do norte, o velho Kayllon, para extinguir a raça das sirenes, pois, segundo ele, as doces Araptianas estavam dificultando o comércio marítimo com os demais reinos. Porém, o valente Railan não sabia o infortúnio que era enfrentar criaturas tão poderosas e com um poder de encantamento tão absurdo que mesmo o mais bravo dos homens não seria capaz de resistir. 

Introdução

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    O reino de Araptia erguia-se elegantemente sob as águas fatalmente escurecidas do Mar Negro. Torres de cristal cercavam os sete castelos que ali se levantavam. Construídos a partir de diferentes pedras preciosas, Os Sete abrigavam, em sua ordem, a hierarquia Araptiana. O Central, o mais alto e majestoso dentre todos, era de puro ouro branco e encoberto por uma sutil camada brilhante de diamante rosa, cravejado por pequenas esmeraldas que se uniam formando algas em torno da construção, este abrigava a família Real. Os demais se dividiam entre a corte, as sacerdotisas, as curandeiras e a plebe e variavam do cristal à safira. Seus calabouços eram emersos, de pedras úmidas e atapetados por musgos. Raros eram os prisioneiros que desfrutavam de tal hospitalidade, porém, aqueles que ali se encadeavam eram deixados para uma morte lenta e dolorosa.

    A flora era característica de ambientes aquáticos. Cercado por algas em tons verdejantes e mares de rosas submersas que recebiam o nome de Rosas da Lua, pois eram esféricas e branco-acinzentadas. Corais que abrigavam pequenas jóias e eram rastejantes como uma formação valeriana. Plantas de tom vermelho-sangue que, segundo as curandeiras, eram repletas de um ar infinito que oxigenava o pulmão daqueles que não possuíam brânquias. Uma vegetação rasteira e entapetada, em tom amarelo pérola, encobria toda a extensão do reino e amaciava o repouso das incontáveis pedras em tom de ônix e púrpura.

    A fauna era unicamente constituída por Sirenes, criaturas com o exterior mais belo que o de qualquer ser existente dentre os quatro oceanos, mas com o interior tão negro quanto uma alma sem amor. As belas desconheciam os sentimentos puros e, dotadas de extraordinários dons de sedução, destruíam sem remorso a vida dos marinheiros que navegavam por suas águas. Seus cabelos possuíam cores vibrantes que se coloriam de prata e dourado quando assumiam sua forma ameaçadora. Seus olhos eram um degradê de cores claras e sutis, enquanto suas caldas possuíam escamas em tom celestial. Tudo isso escurecia quando se transformavam e perdiam toda a graciosidade, dando lugar a criaturas cruéis e horrendas.   

    A história do nascimento das Sirenes é repleta de angustia e desamor. Tudo se passou há muito tempo, talvez eras. O céu estava escuro. À noite, houve uma tormenta. A lua escondia-se por entre as estrelas e suas lágrimas caiam como chuva sobre o oceano que rugia sua fúria e violentava os navios os estapeando com ondas gigantescas.

      Eram tempos de trevas.

      Dizem os curiosos, que a vida se tornou escassa durante as sete noites em que uma batalha foi travada entre os amantes desafortunados. Dórida, a Lua Prateada, renegara as próprias filhas, fruto de sua relação com Cisseu, Deus dos Oceanos. As Sirenes nascidas do ventre do astro maior eram se não as mais belas criaturas já vistas. Com seus troncos humanos e seu inferior de peixe, eram de uma beleza extrema e pareciam brilhar ao toque dos olhos da mãe. Tantas características perfeitamente harmonizadas em criaturas tão charmosas gerou em Dórida o mais repugnante dos sentimentos nutridos por um ser, a inveja.