Capítulo 31 - Terceiro reino

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- Vamos, pirata. - passei a sua frente - Espero que saiba fugir de uma tempestade.

- Pode apostar que sim, amor.

James logo seguiu para o timão. Os raios estavam todos caindo no mesmo lugar. Isso não é comum, e coisas assim em Atlântida, com certeza é um sinal. Me surpreendi quando vi o pirata rodar violentamente o timão para direita, fazendo assim a embarcação inclinar um pouco. Relâmpagos iluminavam o céu todo, quanto maior a descarga elétrica, maior o som que a seguia.

Nunca fui fã de trovões. Em emprestades fazia questão de me deitar e me cobrir totalmente com uma cobertor evitando ao máximo ver os clarões e ouvir os trovões. Mas aqui é diferente, se quero sobreviver preciso, de alguma forma, vencer esse medo e ajudar James.

Corri para o primeiro mastro e logo abri a vela menor, em seguida puxei duas cordas presas e a vela maior se abriu. As ondas começaram a agitar o mar, tive um pouco de dificuldade para me equilibrar e chegar ao segundo mastro. Não demorou muito para que grandes pingos de chuva começassem a cair. A chuva se iniciou fraca mas rapidamente ganhou intensidade, provocando barulhos na madeira do deck.

- Claire! - gritou James em algum lugar do navio

A essa altura não conseguia enxergar nada além pingos de chuva caindo e uma cerração.

- James! Estou aqui! - gritei em resposta - No terceiro mastro. - completei

- Segure-se firme! - gritou novamente - Já estou indo!

Segurei em cordas que envolviam o mastro e esperei pelo pirata. Não sabia exatamente onde ele estava, sua voz estava longe e toda essa chuva não me permitia enxergar bem. O navio pegou uma velocidade impressionante e subiu uma grande onda. Fechei os olhos temendo o pior. O Viúva Negra se inclinou e toda água da chuva acumulada no deck desceu em minha direção. Minhas mãos começaram a escorregar na madeira, estava molhada e tremia muito. A cada novo estrondo meu corpo respondida de uma maneira diferente, não aguentaria isso por muito tempo.
Quando pensei que iria escorregar senti algo me segurar por trás. Fui envolvida por braços fortes que me prenderam junto ao mastro.

- J-Ja-James... - disse batendo os dentes - Por... por que demorou tanto?

- Shhh. - ele esfregou a mão em meus braços frios com o objetivo de me aquecer - Vamos sair daqui.

Me virei e segurei no colete de James. Ele me envolveu com seus braços e me apertou junto a seu peito. Fechei os olhos e juntos esperamos o momento certo para saímos dali.
Pingos gelados de chuva caiam sobre a minha pele. Ondas enormes jogavam água para dentro do deck. O Viúva Negra balançava com o mar agitado. O vento aumentou e o navio alcançou uma velocidade incrível. Me prendi ao pirata de uma maneira onde não havia um milímetro de distância nos separando

- Vamos ter que ficar aqui até o mar se acalmar. - falou James enquanto passava os dedos em meus cabelos molhados pela chuva - Se tentarmos algo com o navio nessas condições, podemos acabar no fundo do mar.

- Nunca gostei de tempestades. - sussurrei com o rosto cravado em seu peito

E o navio continuou a subir ondas e ondas pelo mar sem fim. Ficamos horas, não sei ao certo quantas, navegando sem rumo. Nossa rota tinha mudado completamente e não sabíamos para onde e para qual direção estávamos seguindo. James poderia consultar seu mapa nas estrelas, mas nenhuma estrela havia no céu escuro. Os relâmpagos se tornaram mais frequentes e os trovões mais altos.

***
Finalmente, depois de um bom tempo, a chuva parou. Agradeci por mais de cem vezes por ainda estar viva, e agradeci mais outras cem vezes por todos estarem bem... Quer dizer, James está bem. Durante toda a tempestade não tive notícias e não ouvi nenhum grito de Katherine vindo da cabine, mas prefiro acreditar que meus amigos estão bem.

A Bordo do Inexplicável (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora