Capítulo 1 - Encontros e Confusões

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Chelsea. Chelsea. Chelsea. Bom, esse é o meu nome, teoricamente. Na verdade, eu fui adotada, então... Não sei meu nome verdadeiro. Foi, e, ainda é estranho viver sem saber meu nome. É, a verdade é nua e crua. Não é tão desagradável, não saber o próprio nome. Mentira. É terrível. Eu fico me corroendo por dentro. Já fiz tantas loucuras para tentar saber de onde eu venho, quem são meus pais, se tenho irmãos. Mas foi tudo em vão. Primeiro, porque meu pai não me diz de qual orfanato eu vim. Eu até descobri o nome, Casa da Mãezona Kelly McHott. Me diz, que tipo de criança gostaria de ser adotada de um orfanato com esse nome? Só pode ser humilhação. Eles nos odeiam. A Casa da Mãezona, fechou faz uns 6 anos. E, segundo, eu tentava procurar algum papel sobre minha adoção, mas nunca achei, novamente, fracassando. Meu abandono no orfanato, fez com que minha vida tivesse dois lados, o positivo e o negativo. Positivo, porque eu conheci minha família, e a amo. O negativo, também envolve minha família, minha irmã, na verdade. Ela se tornou famosa, e isso fez com que ela mudasse, não totalmente, mas mudou. Eu a amo e desejo tudo de bom para ela. Mas pensem comigo, ser a assistente pessoal dela, não é tão divertido. Todos dizem que ser assistente de uma famosa é muito bom. Em meu ponto de vista, se isso é bom, minha vida toda, foi horrível. Cameron, Becky e eu íamos para a escola juntos, enquanto nossos pais trabalhavam. Agora, tudo mudou. Nossos pais se divorciaram, Cameron mora em Londres e Becky é famosa. E eu? Bom, eu continuo sendo apenas as fezes do cavalo. A alienígena da família, a anormal. A sombra de todos.

*

Cá estou, correndo no aeroporto, à procura de Becky e George. George é o empresário da Becky. Eu, particularmente, não gosto dele. Embora ele tenha feito muitas coisas pela nossa família, sua cara de sonso não passa dispercebido. Talvez eu seja paranóica, mas ele parece ser do tipo de pessoa que se diverte com a desgraça alheia. Ele tem cara de serial killer. E Becky,  inocente, confia nele.  Avisto Becky, tomando um Capuccino em um mini-café. Disparo em direção a eles.
- O que faz aqui? - Becky pergunta, surpresa.
- Eu vou com vocês para Londres.
- Vai? - ela olha para George, confusa.
- Puxa, Chelsea. Eu me esqueci completamente de você.
- Como assim, George?
- Eu não comprei suas passagens. - seu olhar sínico transmite satisfação.
- O que? - grito, arregalando os olhos.
- Calma, Chel!
- Becky, não me manda ficar calma. George, eu te mandei um email ontem, dizendo que iria com vocês.
- Eu não abri o email.
- Ah, finge que me engana, e eu fingo que acredito. Você é um empresário todo certinho, pontual e não abriu o email? - sorrio, sarcástica.
- Ok, eu abri. Mas não achei seu email - ele diz, olhando para baixo.
- Olha para mim quando eu falo com você. 
Odeio esse cara. E ele ainda é falso. Urr.
- Menina, você está achando que é quem?
- Irmã da sua chefe. Não que isso tenha tanta importância. Mas tem que ter respeito até mesmo com pessoas que não conhecemos. E isso, não vem ao caso.

- Não é minha culpa de você não comprou sua passagem. 

- Eu te pedi para comprar para mim. E não venha me dizer que você esqueceu.
Becky não fala nada. Fica parada, nos observando. Odeio isso. Sempre sou eu quem tem que tomar iniciativa.
- Você vai ter que esperar pelo próximo voo. Sinto muito.
- Você acha, que eu vou te dar esse gostinho? - me aproximo, com um sorriso diabólico. - Se acha, está muito enganado.
Quando estou prestes a arrumar um barraco, uma voz do além me interrompe:
- Senhoras e Senhores. O voo 1270, com destino à Londres, sairá as 20:05. É obrigatório a entrada imediata de todos os passageiros desse voo para a Sala de Embarque. Portão 3. Obrigada pela atenção.

- Vamos, Becky. Até mais, Chelsea - George sorri, convencido. Que ódio.

Ótimo. Tudo o que precisava era ir de econômica. Não que eu tenha nada contra a econômica. Mas se eu fosse de primeira-classe, poderia ir conversando com minha irmã. É, mas infelizmente a vida não é como queremos. Um dia a gente ganha, outro dia a gente perde. Se bem, que, eu estou perdendo a tantos dias que nem sei quando ganho. Sou fracasso por natureza. Não sei se sou a única, mas eu tenho um pavor por aqueles corredores de aviões. Eles são enormes. Parece que nunca têm fim. Ando rapidamente no avião, à procura do assento 17, número 7, que no caso, é o meu. Finalmente o acho, guardo minha bolsa de mão e me preparo para me sentar.

(Nem tão) Querido VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora