Estamos juntos na luz ou na escuridão

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- Nossa! Isso é. Isso é... Uau! - é tudo que minha amiga consegue dizer enquanto contemplamos o edifício em ruínas.

- Um lixo? - completo seu raciocínio sorridente. Esse é meu presente. Parece loucura ganhar um imóvel em ruínas de presente, mas vou explicar.

Meu tratamento com Vivian continua, porém o fato de Beto ter reaparecido e desaparecido da minha vida novamente sem deixar nenhum rastro me faz acordar assustada todos os dias. Qualquer lugar que vá tenho Douglas em meu encalço, ele é um cara reservado. Mas alguma coisa nesse homem me incomoda. Não me atrevo a dizer para Michael porque pode ser apenas uma implicância boba da minha parte.

Seis meses agora é o tempo que tem minha gestação. O que mais me entristece é o fato de não poder estar com Clara. Eventualmente sua viagem a Disney não pôde ser prolongada eternamente. Com isso a trouxemos de volta e Michael gasta uma fortuna exorbitante para mantê-la escondida. Carmem continua sendo paga para não descuidar de Clara um só minuto e não desaparecer com ela. Eu a odeio sem reservas, não é um sentimento que eu possa abandonar tão cedo.

Minha mãe está ficando mais debilitada a cada dia e o medo de perdê-la faz o pacote de sentimentos que tenho carregado comigo nos últimos tempos um fardo nada fácil de levar. Acho que posso dizer que Rubi está adormecida, não digo que ela se foi de vez porque ainda não me sinto curada para afirmar tal coisa.

Mas vamos voltar ao velho prédio em ruínas que tem a atenção de Teresa e a minha.

- Um lindo lixo! - exclamo hipnotizada enquanto aliso minha barriga.

- É enorme e depois de pronto... Mal posso ver à hora dessa beleza voltar a funcionar! - ela diz. No principio de tudo isso eu estava certa do que queria... Ser uma executiva respeitada e com isso alcançar o sucesso. Eu estava errada, a terapia me fez que sonhos mudam e nem sempre aquilo que queremos é o que nos deixa realizada.

Dançar me deixa nas nuvens, deixo o "feio" pra trás e me sinto o anjo que Michael afirma que sou.

A dança sempre foi pra mim sinônimo de libertação. Não era tirar a roupa, era fechar os olhos e deixar a musica me levar pra lugares cheios de cor e de alegria. Um mundo aonde a crueldade não pudesse me alcançar. Eu queria dançar, queria ver a alegria no rosto de outras pessoas quando elas descobrissem que isso também pudesse ser libertador para elas. Compartilhei entusiasmada esse sonho com meu homem, e como meus sonhos sempre eram a prioridade de Michael, aqui estou eu olhando para o que vai ser a minha futura escola de dança.

E quanto a Teresa? Eu não poderia fazer uma coisa tão grandiosa sem ela, minha melhor amiga e agora sócia. Responsável por toda a chatice burocrática.

- Por que esse ar de tristeza de repente? - pergunta percebendo o encolher dos meus ombros.

- Clara... Murmuro. - Eu a quero aqui, aprendendo a dançar, se apaixonando pela dança. Desfilando em um pequeno colant rosa. - completo.

- E isso vai acontecer, se você agüentou até agora, sei que pode mais um pouco amiga. - por isso eu a amava tanto, mesmo na sua loucura de mulher sexualmente liberal Teresa era a minha família. Ela era o que eu mais tinha conhecido que representava essa palavra. Minha fiel escudeira.

Apoio minha cabeça no seu ombro enquanto contemplamos o nosso mais novo sonho.

- Então a que horas é sua consulta? - pergunta sorrindo pra minha barriga saliente.

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