Você precisa deixar o passado se quiser encontrar o verdadeiro amor

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Posso sentir pelo olhar de todos eles que já estou condenada, e pela primeira vez em tempos tenho vontade de chorar. Se existo, se estou aqui foi porque ela me criou. A mente bagunçada dela criou cada personalidade que possa vir aparecer, honestamente espero que pare por aqui porque já estou me cansando de seus jogos idiotas.

Será tão errado assim querer viver? Será tão errado não querer deixar de existir, quem em sã consciência ajudaria na própria morte? Porque desaparecer mesmo que eu seja apenas parte de sua consciência será a morte pra mim! E eu não quero morrer!

- Isso chega a ser cruel da sua parte doutora, me trazer aqui e colocar todas essas pessoas na minha frente, me forçar a enfrentar uma realidade que nem é minha. Eu não fui violentada porra! Tudo isso é história de Sabrina e doutora o que você não entende é que mesmo estando ambas no mesmo corpo, eu não sou ela...

Olho pra Michael em busca de ajuda, mas a expressão dele me diz que eu não tenho nenhuma chance.

- Isso aqui não é a inquisição Rubi, então não seja dramática a esse ponto. Estamos apenas tentando entender o que levou Sabrina a criar outras personalidades. Você pode achar que não, mas com certeza é benéfico pra você também.

Eu dou uma imensa gargalhada, desde quando pode ser benéfico desaparecer?

- Filha, eu sinto tanto, sinto tanto ter sido tão fraca, não ter visto que tanto sofrimento faria danos irreparáveis na sua vida. – a mulher fala com voz sofrida, essa deve ser mãe de Sabrina. A molenga que deixou o marido imbecil começar o processo que está levando Sabrina as raias da loucura, Sabrina não pode porque é "boazinha demais", porém eu posso falar por ela.

- Sente mesmo? Sente tanto que nunca fez nada pra parar esse doente, nunca impediu esse canalha quando ele a surrava? Porque não o matou, porque não livrou o mundo dessa escória?

Estou com tanta raiva, tanta raiva...

- Filha? – ela chama com as mãos trêmulas secando as lágrimas.

- Eu não sou sua filha porra! – grito com toda força, eu não sou parte dessa família ferrada.

- Sua vagabundazinha mesquinha! – o saco de lixo ambulante fala achando que tenho algum problema em enfrentá-lo. Ele se levanta e eu me preparo para o pior. Vou chutar suas bolas se ele avançar contra mim.

- Ou você se controla ou eu vou controlar você Rubi. E isso não é uma ameaça porque não estamos em um interrogatório policial. Isso é uma a certeza e saiba que vou cumpri - lá.

Começo a não gostar tanto assim da doutora bonita. Inteligente demais, esperta demais, intrometida demais.

- Eu disse pra nunca falar com ela, então você vai pedir desculpas por chamá-la de vagabunda ou eu vou fazê-lo dizer as palavras. – a voz de Michael e baixa, mas mortal. Ele está a fio de perder o controle e esmagar a cara do papai do seu anjinho maluco.

- Cara... Essa merda é pior que filme de terror. Nunca imaginei que a cabeça da minha irmã estivesse tão fodida. – o garoto cheirando a leite diz, esse deve ser o irmão. Eu sorrio debochadamente e jogo vários beijinhos na sua direção.

- Acho que é você que tem que falar Michael, Rubi precisa ouvir o que você tem a dizer.

A doutora espertinha sempre tem que se intrometer, não desejo ouvir merda nenhuma sobre isso.

Michael não tira o olhar do verme, até que ele pede desculpas quase mordendo os lábios de raiva. Pagando na mesma moeda sussurro em tom de deboche "desculpadooo".

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