One Song, One Chance

Caminhos Átoa

*xxx POV*

"Meu, onde andaste ontem à noite? Fartei-me de te ligar e nunca atendias!" Perguntou-me o Mário, assim que eu entrei no prédio da discográfica.

Hoje vamos começar a falar sobre a banda e os temas que vamos gravar. Finalmente vir para esta cidade para seguir os nossos sonhos está a dar frutos.

"Desculpem lá. É que encontrei uma miuda na rua e acabei por levá-la a jantar ao Átoa!" Expliquei aos outros rapazes que estavam sentados.

"Então agora encontram-se miudas na rua assim? E perguntaste se a podias levar para casa também?"

"Não estejas a gozar! A pobre rapariga foi atacada por um homem qualquer. A sorte foi eu ter passado, se não nem quero imaginar o que teria acontecido à pobre miuda."

"A serio? Coitada, esta gente hoje em dia!"

"Meninos, vamos ao trabalho?" Perguntou o gerente da discográfica ao entrar na sala.

Nós acenámos e sentámo-nos em roda, alguns nas cadeiras e outros no chão.

"Tenho uma sugestão a fazer-vos." Começou por dizer, captando a nossa atenção.

Olhámos todos para ele, à espera de ouvir a tal sugestão.

"Não me levem a mal, adoro o vosso som e vocês miudos têm talento, mas sinto que falta algo a esta banda..."

"Algo? Como o quê?" Perguntei confuso.

"Algo como, um quinto membro." Esclareceu ele.

"Um quinto membro?"

"Sim, precisamos de adicionar algo a esta banda, algo que a distinga das outras."

"Mas quem poderia ser esse membro?"

"Ainda bem que perguntam! Não me quero gabar mas o meu sobrinho tem uma voz incrível. Acho que ele encaixaria bem com esta banda."

Eu franzi o sobrolho e olhei para os outros três rapazes que estavam a fazer o mesmo.

"Então quando chega o seu sobrinho?" Perguntou o Mário, procurando quebrar o silencio que se havia instalado.

"Agora mesmo! Rapazes, apresento-vos o meu sobrinho Tiago." Anunciou o homem de cerca de 50 anos e cabelos negros já um pouco grisalhos.

Pela porta entrou um rapaz da minha altura. Ele tinha cabelos castanhos aloirados e ondulados e olhos cor de amendoa. Assim que nos viu ele esboçou um sorriso que eu, claro, retomei, no entando duvidando da sua intenção. Não tenho nada contra o rapaz, afinal nem o conheço, mas tenho um pressentimento que há alguma coisa por trás daquele sorriso.

"Olá, sou o Tiago e vou ser o novo membro da vossa banda." Disse o rapaz, estendendo-me a mão.

Eu apresentei-me, seguido dos restantes três rapazes.

"Então como se chama a banda?" Perguntou o Tiago.

"Pois, honestamente ainda não tivemos nenhuma ideia de um nome de jeito." Disse eu, agora envergonhado.

"Teremos de pensar em alguma coisa!" Riu-se o Tiago.

O resto do dia foi passado na conversa e a discutir nomes de bandas, no entanto sem encontrarmos nada que nos agradasse. Agora que conheço melhor o Tiago, simpatizo com ele. É cómico e simpático e tem uma boa voz. Mas não sei porquê não consigo apagar este sentimento, de que ele anda a esconder algo. Deve ser impressão minha!

Ao dar por mim, eram já cerca de 6 horas. Despedimo-nos do Tiago e decidimos ir embora.

Na rua estava ainda calor, mas uma brisa fresca já se fazia sentir, tal como a noite passada. A noite passada!  Apressei-me a tirar o telemóvel do bolso, perguntando-me se a rapariga de ontem, a Sari, me tinha ligado ou deixado mensagem. Nada! De repente lembrei-me de que nem sequer lhe tinha dito o meu nome.