O começo de tudo

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Acordei no meu apertamento novo em Nova York e demorei pra acostumar um pouco tanto com a claridade do quarto quanto com o ambiente novo.
Peguei meu celular pra olhar a hora e comecei olhar meu facebook, fazia uma semana que eu tinha me mudado e eu realmente achava que as pessoas iam sentir mais minha falta do que realmente sentiram, a vida de todo mundo estava igual, menos a minha, que tinha uma entrevista daqui a duas horas e precisava correr.
Me arrumei com calma, deixei solto meus cabelos escorridos que alcançavam quase minha cintura. Coloquei uma calça social, uma blusa branca social e os sapatos mais caros que eu tinha no meu armário. Tomei um café rápido e sai.
Dificilmente as oito horas da manha, na minha cidade que tinha apenas 45 mil habitantes, a rua estaria cheia como aqui e eu ingenuamente tive a maldita ideia de sair de carro para ir a entrevista.
O trânsito era uma das coisas que mais me estressava aqui, fora isso e as pessoas mal educadas, eu amava esse lugar.
Na minha cidade natal, eu conhecia quase todo mundo, meu pai tinha sido por anos prefeito da cidade, o que só mudou agora, que ele tinha decidido apenas participar do senado com algumas opiniões mas nada muito sério, ele dizia que não tinha mais idade pra tanto estresse, embora minha cidade fosse bem pacata.

As pessoas todas se conheciam e todos sempre davam bom dia, nunca tinha visto ninguém nunca ser mal educado com ninguém, ali todos pareciam ser vários parentes de tão próximo, mas aqui era uma grande metrópole e eu ainda não me acostumei a não dar bom dia para todo mundo na rua.

Enquanto eu estava naquele transito, papai me ligou.
- Bom dia querida, faz tempo que esta acordada?
- Bom dia pai, acordei faz tempo, hoje é aquela entrevista que te falei.
- É verdade... -disse vagamente tentando se lembrar - está animada?
- Estaria mais sem esse trânsito desgraçado.
- Eu te avisei que você deveria tentar a vida aqui.. - disse ele com tom brincalhão.
Fiquei conversando com meu pai ate quase chegar a quinta avenida. Estacionei o carro na primeira vaga que eu vi e sai procurando o número do prédio e assim que entrei fui recepcionada por uma senhora com uma aparecia de quase 65 anos.
- Pois não?
- Eu tenho uma entrevista no... -pausei olhando o papel onde havia anotado - Ham... no 13º andar.
- Desculpe mas a senhora está atrasada, a vaga foi preenchida, eu acho.
Não consegui conter minha cara de desânimo e descontentamento. Agradeci a senhora e comecei ir embora. Dado alguns passos escutei a senhora me chamar novamente. Me virei e a olhei.
- Você não é daqui né?
- Não senhora, sou do Sul da Inglaterra.
- Percebi pelo sotaque - ela disse com um sorriso caloroso.
Forcei um sorriso e relaxei os ombros, ficando novamente cabisbaixa, já estava pronta pra ir embora novamente quando ela começou a falar.
- Não sei se eu deveria falar, mas no antar 18 tem uma vaga bem melhor que a que você estava atrás. É uma agência publicitária e bom, o senhor Petter precisa de uma secretária, o salário é quase o dobro e as entrevistas começam agora. - disse ela me dando um crachá e autorizando minha entrada.
Sorri e agradeci ela e subi o mais rápido possível.
Eu fiz faculdade de administração por pura pressão do meu pai, sendo que o primeiro semestre eu fiz cinema, o que era minha grande paixão, mas contudo, acabei me formando e acabei esquecendo o "meu sonho". Meu currículo tinha minhas ótimas notas da faculdade, meu estagio em uma empresa de petróleo que eu trabalhei na Inglaterra, durante dois anos e uma carta de recomendação do meu antigo chefe, o Sr. Rhisk a quem eu era eternamente grata pela oportunidade e pelos seus ensinamentos.
Eu tentava parecer mais calma possível mas só eu sei como eu me sentia por dentro.
Não conseguir um bom emprego e ter que voltar pra minha cidade, sem o dinheiro que eu economizei por dois anos e uma placa de derrotada pra minha mãe não estava nos meus planos.
Quando eu cheguei depois de minutos que pareceram horas, entreguei o papel pra recepcionista, uma loira linda e muito simpática.
Sentei na cadeira e fiquei esperando durante 15 minutos ate que uma voz me chamou em uma sala muito grande perto das outras que haviam ali.
Quando entrei na sala, uma mulher de quase 60 anos estava sentada me olhando, com alguns cabelos brancos e uma aparência sofisticada mais muito cansada.
A cumprimentei e me sentei na mesa. Durante a entrevista que foi ate mais descontraída do que eu imaginei, era quase como conversar com alguma de minhas tias, a senhora me perguntou sobre minha carreira e observou pelo meu sotaque que eu não era dali, acabei explicando pra ela sobre a minha mudança e ela acabou por me dizer que ela era a antiga funcionaria do Sr. Petter mas que pela sua idade estava abdicando da função.
- Você é bem comunicativa pra ser de exatas.
- Eu fiz exatas inicialmente por pressão dos meus pais, meu primeiro semestre foi fazendo cinema.
Ela sorriu entendendo o caso. Conversamos sobre mais alguns quesitos do meu currículo ate que ouço alguém na porta.
- Mercedes, espero que tenha encontrado alguém pra ocupar o seu lugar. - disse ríspido.
Não pude evitar olhar pra ele e que cai das pernas, QUE HOMEM ERA AQUELE.
Ele tinha seu maxilar totalmente e milimetricamente marcado, com a barba por fazer. Seus cabelos castanhos bem escuros eram bagunçados em um topete como se acabasse de levantar, seus olhos eram quase pretos e totalmente penetrantes e sua presença me fez tremer por inteira.
Mercedes olhou pra mim e sorriu, um pouco antes de perguntar se ela gostaria que eu saísse da sala, ela começou falar.
- Senhor Petter, essa é a Megan Jones, sua nova secretária.



Nosso estranho amorOnde histórias criam vida. Descubra agora