born to die

107 11 9
                                    

"Sometimes love is not enough"
(Às vezes o amor não é o bastante)

Lana canta em meus ouvidos, e nem chorar consigo mais, a dor é tanta que me sinto em êxtase. As melodias acalmam meu coração, ou melhor seus pedaços. E sua voz canta por mim, canta por ela, canta por todos nós que temos medo de ser deixados. Mas eu fui deixada Lana, o amor não foi suficiente.

Me forço a levantar da cama, e ir comer algo, meu estômago realmente estava vazio. Olho pela janela, e vejo que o dia está anoitecendo, amanhã já é domingo.
Vou pra sala comer algo assistindo algum programa bobo.

(...)

Segunda de manhã. Tenho que levantar, mas realmente não tenho forças. Desligo o despertador, e volto a dormir. Não irei hoje.

(...)

Ouça minha voz.
Querida venha, a festa só está no começo.
Me encontro num lugar meio surreal. Pessoas fantasiadas, e rindo alto. Quando entro por uma porta, vejo que estou numa sacada, e todos olhares se voltam pra mim. Há uma escada do meu lado, e vejo alguém no fim dela, mas está com uma máscara não consigo saber quem é. Olho para mim, estou com um vestido azul marinho como aqueles de época do shakespeare, e vou descendo a escada com dificuldades pois o vestido é muito pesado e grande. Todos batem palmas. Quando chego no seu fim, o homem de máscara me dá a mão, e me guia ao centro do salão. A música começa, num instrumento bem leve mas bonito. Estou me sentindo uma princesa. Quando dou por mim, estou flutuando pelo salão, e todos olhando em admiração.
As pessoas vem dançar, e o salão se enche de pessoas rodopiando em suas roupas engraçadas.
Fico encarando os olhos do homem na minha frente. Eu conheço esses olhos. Ele sorri como se soubesse que descobri sua identidade. Eu me solto, e saio correndo. Mas as portas estão fechadas, na última consigo passar correndo antes de a fecharem.
Lá fora está frio, a lua se faz presente no céu. O jardim está iluminado, muito bonito por sinal. Saio correndo para longe do salão, e vou para o jardim. Entro num portão pequeno, e vou andando. Quando percebo, é um labirinto. Me sento no gramado, e me permito chorar. Estou sozinha ali, nunca vão me achar. Talvez eu não queira ser salva. Sinto algo puxar meu pé, e grito.

Estou no meu quarto, em minha cama. Nada de grama, de salão, jardim. Foi tão real.

Pego o celular pra ver se ele mandou algo. Nada.

Vou para o banho, tirar o suor do corpo. Decido que irei sair.

Coloco um vestido preto, deixo meus cabelos lisos e um batom vermelho e botas pretas longas. Não sei porque me vesti assim, mas sabe quando você sente vontade de vestir algo. Então.

Saio na madrugada de segunda feira, está tudo em silêncio. Minha única companhia é minha garrafa e claro meus cigarros.
Vou para uma balada underground que eu ia quando mais nova. Vou andando, e o frio em minha volta, perde para o calor energizante de minha bebida. A fumaça do meu cigarro se mistura à nevoa de madrugada.
Sky, é a balada under situada num galpão aparentemente abandonado. O segurança me reconhece e me abraça. Vou me desfazer em poeira. Controla as lágrimas, e me jogo para dentro. Está cheio, e a música alta não me assusta. Me acolhe.
Entro no meio de todos, e danço.

Danço sem parar.
Como se a dor fosse sair, por estar cansada de ser remexida.
Danço como se meu corpo fosse apenas uma carcaça, e a qualquer momento cairia no chão, deixando meu verdadeiro eu. Uma garotinha assustada com os trovões, com o primeiro beijo, e com o primeiro partir de seu coração.
Lágrimas começam a voar enquanto giro e pulo. Mas não paro de dançar.
Me permito chorar, me permito dançar. Assim como me permitir ser machucada de novo.
Minha madrugada, meus dias, minha vida. Nada existe, apenas eu ali, vulnerável e se abraçada me desfaça.
As luzes coloridas, se direcionam a mim, e sinto como se tivesse uma força boa tentando me salvar. Mas eu não quero ser salva. Eu não preciso ser salva. O monstro sou eu. Eu quem afastou todos.

Minhas pernas começam a falhar, mas não me permito parar. Vou ao meu limite. Preciso que a dor pare. Minha visão fica turva. Mas não me permito parar. Pontos pretos começam se formar em meus olhos.

Assim eu apago..

As galáxias de seus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora