Contando os Dias

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(Contando os dias 0.4)
Quando eu era menor, eu imaginava que quando eu crescesse tudo iria mudar, que não iria existir problemas e se existisse seriam coisas simples de resolver. Nunca pensei que eu poderia sofrer por coisas pequenas e que essas pequenas coisas de transformariam em tempestades em minha vida fazendo com que tudo sumisse por debaixo dos meus olhos ou até mesmo tudo ficasse revirado.
Eu acreditava no amor como ninguém na face da terra, eu amava todos ao meu redor, fazia questão de fazer novas amizades, eu era a criança mais feliz e gentil. Más uma coisa que eu nunca deixei de lado foi minha ignorância com aqueles que abusassem da sorte.
Com o passar do tempo eu percebi que as pessoas ao meu redor não sabiam valorizar o carinho,amor e atenção. Só queriam a mais amarga zoação, aquelas que são capazes de te afundar no poço da solidão. O tempo foi se passando e o silencio foi tomando conta de mim, o frio foi entrando em minhas veias e a solidão me abraçando, e eu me conformando com toda aquela mudança.
Os meus pais achavam que era por que estava crescendo e virando adolescente, pois para eles todo adolescente é chatos, eles chamar "aborrecentes". Mas eles achavam isso, por que de tanto eles me ignorarem não perguntarem como foi o meu dia ou como eu estava me sentindo, eu nunca chegava para contar oque tinha acontecido comigo nas escolas. Era mais fácil eu contar para coordenação, e mesmo que eu pedisse segredo, a coordenadora ligava para eles e contavam.
Certo dia em uma escola que eu estudava, eu era o tipo de aluna que sentava na frente pois nunca gostei de bagunça, as pessoas ao meu redor riam de mim por eu ser a "queridinha" dos professores, por colaborar na aula e por tirar notas boas. Na hora do intervalo, fui descer a escada do primeiro andar para ir comprar meu lanche, e quando eu estava descendo as escadas me empurraram de cima a baixo, e quando eu cheguei no fim da escada ainda ficaram em cima de mim rindo da minha cara. Eu nunca tive sorte com esse negocio de amizade.
Depois disso eu sai da escola, e fui para outra escola " popular " onde só estudava pessoas inteligentes, ao entrar nessa escola fiquei um pouco com medo de acontecer a mesma coisa, sabe..no começo foi tudo tranquilo mas depois de alguns anos depois de sair e voltar de novo para essa escola, as coisas mudaram. Já na adolescência com 12 anos, convivendo com jovens da minha idade ou um pouco mais velhos, e sinceramente não foi fácil pois eu não tinha atenção nem dos coordenadores, os garotos da minha sala mexiam comigo por ser baixinha, voz irritante e calada, (como todos de outras escolas), o pior de tudo era que eu procurava a diretora da escola, e sabe o que ela me dizia? Ela simplesmente dizia na maior cara dura " Olha,eu não estou com tempo agora, depois conversamos." E todos os dias, todas as vezes, sempre que eu a procurava para pedir ajuda, desabafar, procurava alguém para apagar de mim aquela dor, ela sempre dizia a mesma coisa repetidamente, sem ao menos pensar " O que estaria acontecendo comigo, por ir sempre atrás dela. " Mas um dia eu insisti para ela me ouvir, e ela me ouviu e ela me disse " É, infelizmente não posso fazer nada, isso é problema seu." Depois disso nunca mais procurei por ela, passei a odia-la, mas ela ficou no meu pé me olhando pela janela, e sempre anotava em sua caderneta que eub estava conversando sem estar.
O banheiro daquela escola passou a ser minha única saída para fugir daqueles garotos, ate uma garota de minha sala perceber a minha existência e se sentir tocada por me ver naquela situação, eu estava sentada atrás de uma das portas do banheiro, chorando horrores no chão, então ela pediu para abrir a porta, demorei alguns minutos e quando abri, ela me abraçou e falou baixinho " calma, vai passar. Esta tudo bem, eu estou aqui. " Aquilo que ela fez, mudou a minha vida pelo menos naquele momento, perguntei o seu nome e ela disse " Alice " , ela me perguntou oque tinha acontecido, mas eu não queria falar pois eu não a conhecia direito.
Se passaram dias e mais dias, e ela insistia em conversar comigo, então depois de mais alguns dias eu tive coragem para contar, ela chorou junto comigo e depois ficamos amigas. Passamos o ano todo conversando, mas as brincadeiras de mau gosto, não pararam.. Ate ela me levar ate a dona da escola, que era a "coordenadora" principal da escola, contei tudo a ela chamou meus pais na escola, contou o que tinha acontecido e no final da conversa, resolvi pedi para sair das escola, ela insistiu para que eu continuasse lá, mas eu não quis, eu ainda voltei fiz amizades mas depois sai de novo e nunca mais voltei.
Depois de tudo isso, eu fui bastante prejudicada na escola, minhas notas caíram bastante, fora a separação dos meus pais que também me ajudaram a perder o foco nos estudos, eu não conseguia mais prestar atenção na aula, por mais que eu ficasse lá na frente quieta e calada as vezes eu me pegava pensando nos problemas em casa. Tinha dias que no intervalo eu ficava sozinha na sala, e chorava muito por lembrar de tudo que já tinha passado.

Perdida em Seus próprios PensamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora