In My Place

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Os guardas abriram a porta para Miles Jackson, que esteve sob custódia nas últimas semanas. Scorpius esperou os policiais tirarem as algemas da mão do homem de 67 anos que fora acusado de assassinar a própria esposa. Ele não tirava o sorriso do rosto enquanto se livrava dos metais. O agradecimento que mandava a Scorpius com o olhar seria comovente, se Scorpius se comovesse.

– Obrigado, sr. Malfoy – ele disse com sua voz grossa e rouca pelos cigarros, quando se afastaram juntos para fora do prédio onde sua sentença foi anulada, inocentando-o das acusações. Graças à destreza e habilidade de manipulação que envolvia ser advogado. – A única coisa que eu pensava era poder abrir um maço de cigarro depois de todo esse estresse.

– Um cigarro foi o que mais sentiu falta? – Scorpius acabou soltando um riso e tirou dois cigarros de seu próprio maço para oferecer um ao seu cliente e pegar um para si mesmo.

– Você é um bom rapaz – garantiu. – Bom, muito bom. Sabe quantos advogados conseguiria o que você conseguiu hoje?

– Não muitos – admitiu.

– Nenhum.

– Podemos falar francamente agora? – Scorpius perguntou. Estavam parados no jardim. As pessoas saíam do edifício e entravam, devido ao horário e ao número de casos para serem resolvidos na cidade. – Você a matou?

– Você se importa?

Miles Jackson tirou o cigarro dos lábios.

– Foi uma vitória hoje, é isso o que importa, não é? Agora, se me der licença, eu tenho uma neta para dar toda a minha atenção.

– Vovô!

Nesse momento uma garota com uns 14 anos estava se aproximando com pressa. Abraçou Miles com força, chorando.

– Eu sabia, eu sabia que eles estavam errados.

Sem esperar por aquilo, Scorpius também recebeu o seu abraço.

– Muito obrigada, você salvou meu avô.

Ele não se sentia bem com choros. Especialmente os femininos. Fez apenas um aceno com a cabeça e caminhou em direção a primeira saída que encontrou. Em um dos inúmeros bancos no saguão de entrada do prédio, viu Alexis com as belas pernas cruzadas, relaxando com café e cigarro.

Scorpius se sentou paralelamente a ela, os dois de costas um para o outro no banco.

– Você vai voltar para Oxford?

– Vou – respondeu. – Vai sentir minha falta?

– E se eu disser que sim?

– Então você é um filho da puta mentiroso.

– Minha ex-namorada me disse a mesma coisa.

– Qual delas?

– Todas.

Finalmente, Alexis girou o pescoço e os dois se encararam.

– Eu tenho mais uma noite em Londres.

– Disposta a quebrar tradições, Parkinson?

– Se o fogo ainda estiver aceso para você. – Ela raspou o cigarro no banco e, sem mais nada a dizer, levantou-se com sua pasta para ir embora.

Scorpius conseguiu um horário livre naquela tarde, agora que tinha tempo para descansar depois de arquivar o último caso. Como era um dos sócios da firma, podia ordenar que os associados fizessem boa parte do trabalho no restante do dia. Buscou Zoe para passearem na praça e a menina se deliciava com um sorvete de morango, quase maior do que sua cabeça.

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