Being Strong

2- Primo Axel

Me olhei no espelho. Estava com uma aparência razoável, meio pálida, meu cabelo ruivo avermelhado jogado nos ombros, uma camiseta branca com uma calça jeans, e um casaco. É, eu estava apresentável. Olhei para meus olhos e lembrei de minha mãe. Dizem que eu sou muito parecida com ela, o que me deixa satisfeita, pois pra mim ela é a pessoa mais bonita do mundo.

***

Logo vou para o corredor e entro na cozinha. Vejo que Belinda já está na mesa, e Martin está mexendo em algo na pia. Ele se vira, e faz cara de surpresa ao me ver:
"Oh! Vai jantar com a gente? Que ótimo! Axel já está descendo."
Hmm, Axel... Acho que já nos vimos alguma vez, a um tempo atrás. Só fazia uns três dias que eu vim para a casa dos meus tios, eles haviam falado que Axel foi dormir na casa de um amigo por alguns dias, e havia voltado hoje de tarde. Nunca fui muito ligada com meus tios, mas sempre soube que eles são ótimas pessoas. Logo o jantar foi servido, e percebo que alguém está descendo as escadas. Quando tenho uma visão por inteiro do garoto ao pé da escada, meu queixo cai. Agora me lembro exatamente do garotinho que eu conhecia. E como ele cresceu!
Razoavelmente alto, cabelos escuros e rebeldes, olhos pretos como a noite, e um sorriso de canto de boca encantador... Como eu nunca soube de um primo tão gato? Enquanto ele está esquandrinhando a cozinha com os olhos, ele vê que estou ali. Seus olhos se demoram em mim, me escaneando, e logo um sorriso maior surge em seu rosto. Ele toma lugar a mesa, e dirige seu olhar para mim:
"Você mudou muito, Isabella." Sua voz grossa, porém macia e sedutora, envolve meu nome.
"Você também, Axel" Consigo responder em um murmúrio.
"Meus pêsames por sua mãe..."
Dou o esboço de um sorriso, e me concentro em comer a refeição em meu prato. Está muito boa. Mas já estou com saudades do jeito que minha mãe preparava a comida. Ela sabia fazer tudo com um toque especial, era tão bom...
Sinto que minhas lágrimas precisam de libertação, por isso tento terminar mais rápido.
"Eu já estou cansada, vou deitar. Obrigada tia Belinda, a comida estava ótima. Boa noite tio Martin. Hm, boa noite Axel."
Ele me da um olhar tentador, mas mantenho meu rosto impassível e vou para o quarto. Pra falar a verdade ele ficou me olhando o jantar todo.
Antes mesmo de abrir a porta, lágrimas já estão caindo em meu rosto, e toda a tristeza reprimida se liberta.
Eu queria estar com a minha mãe, comendo sorvete, vendo um filme, ouvindo suas risadas, trocando abraços... Pego meu celular e abro minha galeria. Encontro uma foto de minha mãe segurando algumas orquídeas brancas. Nesse dia tínhamos ido à um parque, e achamos um jardim enorme, com muitas variedades de flores. Nem preciso dizer que minha mãe amou. Ainda que demorou, mas achamos algumas orquídeas. Eram as suas preferidas... Foi um dos melhores dias que passei com ela.
Esse tempo passou tão rápido. Eu deveria ter dito mais vezes que a amava. Só que eu nunca imaginei que isso poderia acontecer.
Era um dia normal. Ela disse que iria ao mercado, pegou o carro e aconteceu. Só me lembro que tive que ir para o hospital correndo, e ver minha mãe naquela situação não era nada fácil. Dois dias depois, internada naquele hospital, 2° andar, sala 10, em estado grave, ela não conseguiu mais suportar. E ela se foi. É tão ruim perder alguém especial, uma dor tão grande, maior do que qualquer outra que eu já havia sentido.
Mas eu não quero mais pensar nisso. Preciso superar.
Estou sentindo falta dos meus amigos... Preciso ir pra escola, acho que já faltei de mais. Segunda-feira não posso faltar, ou vou correr o risco de repetir de ano, e isso não seria nada legal.
De repente uma batida na porta me desperta de meus devaneios.
Quem será?
"Entra"
A porta se abre lentamente, e logo consigo ver Axel parado, me olhando atentamente, enquanto adentra no quarto. Mas que diabos ele quer no meu quarto essa hora?

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:)