0.1

80 5 0
                                    

Se eu soubesse que eu iria pra casa do meu namorado hoje, eu juro que teria escolhido roupa melhor. Falando desse jeito até parece que não estou com medo, mas olha que coisa. Eu posso fazer qualquer coisa com ele a qualquer momento. Não sai com meu celular, meus documentos, nada. Eu vivo sozinha, trabalhando de garçonete para juntar um bom dinheiro para ir para Canadá.

A casa dele estava com pouca iluminação, seus pais e seu irmão haviam saído e só estávamos nós ali. Minhas pernas estão bambas e já estou aqui a quase uma hora. Em cima da mesa, vejo comida japonesa e meu deus, como eu amo ele. Começo a tremer sem parar, já que estou nervosa e ele percebe minhas mãos trêmulas. Não dá pra ver direito a cor de seus olhos nesse escuro, mas na hora em que ele me pegou, pude ver uma cor meio castanho meio caramelo. Seus lábios estão frisados, como se com aquele simples movimento e com seus olhos semicerrados pudessem me fazer parar de tremer. Só nos seus sonhos meu querido, eu estou bem ansiosa.

- Dá pra parar, eu não vou fazer nada que você não queira - ele disse com uma voz meio rouca e sorriu no final.

- Desculpa, não dá pra controlar - eu disse e pude ver ele virar a cabeça devagar em minha direção.

- Isso é sério?

- É o que parece não? - eu disse e ele se aproximou. Caralho Gabi, cala a sua bendita boca.

- Como é que é? - ele disse chegando mais perto, risonho.

- Eu disse que era o que parecia - eu disse e ele me riu calmo. Sua risada era minha alegria. Sorri com tal ato e fomos jantar.

(...)

Bom, pelo o que parece, já estou há 3 meses aqui. Eu meio que me mudei para a casa dele. Estou sem resgate, nem nada. Não adiantaria muita coisa, ninguém ia querer me resgatar, eu não gostaria de sair daqui. Ele já havia sua própria casa e visitava os pais todos os finais de semana. A cada dia que passa, eu sinto algo estranho no meu peito. Deve ser o meu amor por ele aumentando. Ele tem a mania de se sentar na minha frente e fica me olhando, sem dizer uma palavra e eu faço o mesmo, eu memorizo cada traço dele, vivo cada momento como se fosse o último. Eu aprendi suas manias, descobri seus segredos, aprendi a conviver com quem ele realmente era.

You're the light, you're the night

You're the color of my blood

You're the cure, you're the pain

You're the only thing I wanna touch

Never knew that it could mean so much, so much

E porque eu estou correspondendo a esses sentimentos? A cada dia que passa me vejo mais ligada nele, cada dia que passa eu me torno mais dependente dele. Eu estava no quarto quando ouvi alguém bater na porta, era alguém procurando por ele.

- Eu estou ocupado agora -pude ouvir sua voz no andar de baixo e uma voz dizer algo sem nexo.

- Eu quero falar com você agora - uma voz fina falou através da porta. Ele bufou e bateu a porta, fazendo com que eu não escutasse sua voz dentro de casa. A única coisa que eu conseguia ouvir era gritos e de repente um silêncio. Ele entrou novamente e foi para o quarto, dessa vez com uma sacola.

- Imagino que você gostaria de um presente - ele me disse estendendo a sacola para mim. Abri devagar e pude ver uma nova muda de roupa ali.

You're the fear, I don't care

Love Me Like You DoOnde histórias criam vida. Descubra agora