Stone Heart

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-Não era de ti. (falei num fio de voz)

-Não? (ele falou com raiva)

Eu tinha medo dele, muito medo e quando eu tentava não mostrar sempre dava errado.

-Não. (sussurrei)

-Não foi o que eu percebi e isso é o que interessa. Vai vestir algo decente e desce. Vamos 'passear'.(ele falou calmamente  e sorriu ironicamente)

Bipolaridade, a esta hora da manhã? Está bem Malik'zinho (acho que se lhe chamasse isso ele me matava).

Olhei para todos e eles olhavam confusos para Zayn, achei melhor fazer o que ele tinha dito. 

Fui rapidamente até ao quarto e vesti uma sweater preta, colada ao corpo e uma calça verde musgo, também colada. Peguei um casaco de couro preto e pousei em cima da cama para pegar antes de sair. 

Coloquei um pouco de base, blush e perfume.

Tenho que perguntar ao Chris como ele se foi lembrar do que eu gosto de usar e como sabe meu tamanho.

Calcei umas sneakers pretas de pele, peguei no casaco e desci vendo Zayn (para mim ele é Zayn e pronto, mesmo que queria que o chame por Malik) encostado na parede meio impaciente.

-Onde vamos? (perguntei chegando mais perto dele)

-Vou te levar a um lugar para tu perceberes de uma vez por todas com quem te andas a meter. (ele foi curto e seco)

O medo dentro de mim voltou. 

-Ok. (sussurei)

-Anda. (olhei para ele espantada)

Como é que ele chegou tão rápido à porta? 

Limitei-me a ir até ele. 

Caminhamos calados até à garagem e ele guiou-me até um BMW i8 preto. 

O meu queixo caiu. Ele era assim tão rico? 

O som das portas a abrir (para cima, que é isso gente) fez-me voltar à realidade, entrei e fiquei a olhar para a porta. 

Devia parecer um bébé a olhar para um iPhone. Sentia-me completamente ridícula, eu não sabia fechar a porta de um carro... Mas também, é um BMW i8 né?

Ele entrou e olhou para mim rindo, eu apenas baixei a cabeça.

-Deixa que eu faço-o fechar automaticamente, mas fica sabendo que dá para fechar por dentro, sim tontinha? (eu bufei e ele riu mais)

Tontinha? Ok, um bocadinho, mas como eu já disse, É UM... Ah esquece, ele já me gozou e já, portanto não adianta.

Ele ligou o carro e sai-o da garagem. 

Passaram mais de dez minutos e ele continuava a conduzir com um sorrizinho irritante nos lábios, sorte a dele que eu não queria meter-me em problemas senão ele ia ver.

-Onde vamos?

-Já te disse.

-O Chris não vai gostar. (bufei, aterrando mais ainda no assento)

-De saíres comigo? 

Ele nem sequer tirou os olhos da estrada para falar comigo (nem o sorrizinho da face), parvo.

-Não, ele não vai gostar tu disses-te ''um lugar para tu perceberes de uma vez por todas com quem te andas a meter''. (falei imitando a voz dele e a maneira como este disse)

Só depois de falar percebi o que tinha feito. Fechei os olhos e esperei tudo. Ele gritar comigo, ele mandar-me um tapa, qualquer coisa, mas a única coisa que eu ouvi foi a sua gargalhada ecoar pelo carro. 

Abri os olhos e olhei para ele levantando a sobrancelha.

-Imitas bem. (ele sorria)

-Obrigada, acho eu. (ri)

-Não voltes a repetir, da próxima não vais ter tanta sorte. (ele riu  balançando a cabeça e eu não sabia se rir ou ficar com medo por isso fiquei séria e olhei para a frente)

-Quanto a isso... O Chris nunca me faria nada, ele sabe do que sou capaz. Se fosse com qualquer dos outros rapazes ele fazia, mas comigo não, nunca. (ele disse bastante sério)

Não deixei o medo me dominar, eu sei que era isso que ele queria.

-E do que é que tu és capaz de fazer? (eu retruquei)

-De vos matar aos dois. Não preciso de ti para nada, ainda mais sendo uma fugida não me davas trabalho nenhum, se te encontrassem morta pouco se importariam. O Chris fazia o que fiz com todos os outros, acabava com o corpo e ninguém o encontraria. (ele falou normalmente seco e lágrimas apareceram nos meus olhos, mas eu não iria chorar, eu não podia)

Como ele podia dizer que ninguém se importaria? Como ele podia dizer aquilo tão normalmente? Ser tão insensível? 
Ele não tem sentimentos, ele não ama ninguém. Ele é de pedra tal como o coração dele. É um criminoso sem escrupulos.

O carro parou e as portas abriram, sai logo e reconheci o sítio. Estavamos em frente à A.A., a AttackAcademy. 

-Não vamos para aí.

Como assim? 

-Então?

As lágrimas ainda espreitavam, por isso não olhei para ele. Ele não me pudia ver assim.

-Segue-me e sabes. (obedeci)

Caminhei de cabeça baixa atrás dele, deixando algumas lágrimas deslizar pela face disfarçadamente.
Ele tinha razão, ninguém se importaria. Talvez eu devesse ter morrido na prisão mesmo.  

A certa altura fui contra alguém. Olhei para cima e vi a face de um homem sem coração e uns olhos curiosos perigosamente perto de mim.

Zayn.

-Estás a chorar? (o olhar tinha um brilho diferente desta vez e a sua voz estava baixa)

Se eu não conhecesse diria que estava preocupado.

Dark PastOnde histórias criam vida. Descubra agora