Hoje aquele dia estava voltando à minha mente, as lembranças de ter partido, deixado tudo para trás. O passado que sempre volta e sempre voltará. Era uma manhã fria, podia sentir os lábios congelarem constantemente. Não se podia enxergar a rua devido a neblina daquela manhã gélida. Dia que eu completara 16 anos. Embora soubesse que ninguém lembraria do meu aniversário estava na expectativa de ganhar um parabéns, já que nunca ganhava presentes devido às nossas condições financeiras. Me levantei, lavei meu rosto e vi um rosto pálido e magro em um pequeno espelho no banheiro, foi quando ouvi:
- Maureen venha preparar o café da manhã, seu pai não tem o dia todo. - Disse minha mãe.
~ Ele não é meu pai ~ Retruquei comigo mesma, prendi meus cabelos e fui preparar o café da manhã. Minha mãe estava arrumando a mesa enquanto eu preparava os pães em fatias, o aroma do café pairava sobre a cozinha/sala. Era boa aquela sensação, aquele calor. Então ele apareceu na cozinha.
- Humm, o que temos pra hoje? - Disse ele na expectativa de que fosse algo bom.
- Bom, somente pães e manteiga, foi o que deu para comprar com o dinheiro que você me deu. - Disse minha mãe. Mansa como um animal indefeso e sozinho.
- Mulher estou cansado de tanto trabalhar para comer somente isso todas as manhãs! Onde está o queijo? - Perguntou ele grosseiramente.
- Bom eu dei o que restava para a Dalence ontem a noite, ela estava com fome. - Disse minha mãe se defendendo. Dalence era minha irmãzinha mais nova. Tinha 7 anos, olhos azuis como água cristalina, cabelos louros e ondulados e um sorriso encantador.
- Ok, tudo bem, alcance a manteiga! - Ordenou ele. Minha mãe o fez, sempre obedecia, estavam juntos a 8 anos. Meu sangue fervia, eu tinha vontade de socar a cara dele até ele ficar bonito. Coisa que nunca aconteceria já que era alto de ombros largos com mãos grossas, pele seca com escamas de tanto trabalhar na olaria. Eu fiquei quieta e então fui acordar Dalence para o café, ela tinha aula. Entrei no quarto e vi sua respiração calma, alguns daqueles fios de ouro sobre a testa. Era tão linda, e eu a amava muito, sentei aos pés da cama e a acordei como sempre fazia.
- para Maureen, faz cócegas! - Disse ela se contraindo, e dando gargalhadas, contento inocência no seu olhar de criança.
- Vamos mocinha, você tem que estudar, tome seu banho e não demore. - Disse à ela puxando seu edredom.
- Hey May porque você não estuda mais? - Perguntou Dalance se sentando ao meu lado. (May era como ela me chamava normalmente).
- Eu tenho que ajudar a mãe, e outra, hoje eu faço 16 anos, já posso arrumar um emprego, você sabe que a mãe precisa de ajuda. Não quero vê-lá sofrer até sua morte. Escola só tomaria tempo, agora vamos, já pro banho. - Disse a ela com angústia percorrendo meu corpo.Foi a última vez que a acordei assim...
Voltei ao meu quarto separei minhas melhores roupas, penteei meus cabelos negros e ondulados, peguei um casaco da minha mãe e me maquiei um pouco. Dalence estava tomando café, voltei ao banheiro e pude ver os olhos verdes esmeralda se sobre saindo em meio a pele branca e os cabelos negros. Maureen Nichols estava pronta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Colisão
Teen FictionNossa vida é feita de escolhas. Cada uma delas com um efeito colateral. Não importa se o que você escolhe é o certo ou o errado, sempre trará consequências. Boas ou más... Qual será a sua?