Aquele tempo aterroriza-me até hoje. As vozes. As sensações. O medo. O sangue. Até lá éramos uma família inocente, mas normais e felizes. Até tudo acontecer por causa daquele incidente.
Eram 00:14h quando aconteceu. A minha mãe e pai já estavam a dormir, pois tinham trabalho amanhã. A tia Jane estava a ler seus livros como sempre enquanto Mary estava na sala, com ela. Mary sempre foi uma criança estranha, embora ela nunca tenha agido incorrectamente.
Mary brincava. O som dos brinquedos a cair e a espalharem-se ressoava pela sala, como pingas de água a cair numa gruta.
Tia Jane sempre foi sensível ao barulho, amando ler em paz. Aquele suave e nobre folhear de páginas tornava-se bruto á medida que tia Jane tentava ler. « É sempre isto, é todas as noites já. Barulho, barulho, barulho. » Tia Jane falava para si própria, já farta do ruído repetitivo dos brinquedos atirados ao chão que ecoava pela sala inteira.
« Chega! » O stress acumulado pelas noites anteriores chegara ao fim. Tia Jane não mais pôde tolerar isso, descarregando tudo na pequena Mary, podendo chegar a se arrepender disso.
Mary era uma criança claustrofóbica. Desde que nasceu entrava em pânico quando se encontrava em espaços pequenos e fechados.
Tia Jane gritou, criticando Mary com palavrões. Furiosa, tia Jane obrigara Mary a arrumar os brinquedos, chutando-os propositadamente contra a pequena Mary. Mary, sem conseguir mais segurar o choro, chorava, aterrorizada pela sua tia.
Retirando-se da sala, tia Jane se esquecera que Mary era claustrofóbica e fechara a porta depois de ter se retirado. Mary olhou à sua volta e tentou ir em direção à sua Tia, que imediatamente fechou a porta na sua cara.
Mary entrara em pânico. Era como se a sala se tornasse uma simples caixa, e as paredes fossem ficando mais pequenas, envolvendo Mary na escuridão que elas criavam. A respiração de Mary ficava mais profunda e rápida, era como se o seu Tórax estivesse a ser esmagado por areia.
« " Tic, Tac, Tic, Tac " » Ressoava o som do velho relógio de pêndulo que se encontrava na sala. Os grandes e antiquados ponteiros marcavam cada segundo que se passava, como se tivessem a testemunhar tudo o que ocorria naquela divisão.
Um homem sinistro e de olhar sagaz apareceu diante Mary. O homem sem nome, vestia grandes vestes negras, com correntes presas nos seus tornozelos, como se ele houvesse ficado acorrentado numa cela. A sua pele era esbranquiçada como a neve, realçando os seus olhos vermelhos como rosas, enquanto que, no seu sorriso matreiro, duas presas longas se revelavam. Nas suas costas, duas longas e majestosas asas de demónio se repousavam.
- Queres sair? - Interrogara o Homem com uma voz astuciosa.
Mary acenou com a cabeça em afirmação. Ainda criança, Mary não aprendera ainda a não aceitar a ajuda de pessoas desconhecidas, acabando por falar com um estranho que havia aparecido do nada na casa dela.
- Basta pedir e eu irei realizar as tuas vontades. - Murmurou o homem sem nome.
- Mary quer sair! - Exclamou Mary, olhando fixamente para os olhos daquela pessoa.
- Realizarei as tuas vontades, mas tudo tem um preço. É melhor te lembrares disso. - Sorriu o homem de vestes negras, enquanto levantava a mão e abria a porta.
A porta fora aberta. Mary inocentemente, correu em direção ao quarto da mãe sem saber o que lhe esperava quando acordasse na manhã seguinte.
Horas passaram. Já eram 02:17 da manhã quando Mary finalmente adormecera. Ainda nova, Mary esquecera-se do "Preço" que o homem havia falado, ignorando completamente a sensação de " estou me a esquecer de algo. " 16.06.2006 - O dia marcado para o começo.
Estranhas mudanças aconteciam no corpo de Mary enquanto dormia, o que iria acontecer amanhã? Isso ficará para o próximo capítulo de: A pequena Mary. :)
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A pequena Mary
HorrorUm, dois, três, morre. Mary era uma criança de 5 anos. Estranha, mas nunca fez nada de anormal. Até que um incidente estranho ocorre. Até lá, a Família de Mary era normal e próximos uns aos outros: Mãe, Pai, Tia Jane, Mary e a Autora. O que vai...