Capítulo 11- DEGUSTAÇÃO

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Boa noite, pessoal!

Os capítulos ainda não estão devidamente revisados, então se houver alguns erros me perdoem!

Beijos!!

<3


Caio

- Mano, eu preciso que você venha para o hospital, o grande dia chegou – Daniel me diz do outro lado da linha, eu não saia da clínica com frequência, foram só três vezes para resolver problemas realmente sérios, conversar com Marina, levar Daniel até ela e para o casamento, nesse ultimo caso eu pedi para que um conselheiro fosse comigo, eu não contei a ninguém da minha família, mas das duas outras vezes em que sai de lá sozinho eu me senti tentado, a abstinência estava me matando, eu sentia dor, necessidade da cocaína e nem sei como consegui voltar para a clínica, foi necessário um esforço imenso para que eu resistisse, e nesses sete meses engana-se quem acha que foi fácil, muito pelo contrário, foram crises terríveis onde a dor e a revolta se misturavam, eu queria a droga, meu corpo queria, em algumas alucinações eu até mesmo conseguia sentir a aceleração do meu pulso como se eu estivesse drogado, e foi por isso que eu decidi me abrir, disse a Fabiana todos os meus anseios e ela me aconselhou que eu não saísse mais da clínica sozinho, na verdade me aconselhou que evitasse ao máximo sair do ambiente, uma vez que eu já estava familiarizado, as visitas também foram diminuídas, Daniel e Marina vinham uma vez por mês, às vezes só ele, às vezes só ela, em outras ocasiões eles cederam sua vez para Júlio e Helena, depois do casamento eu nunca mais soube noticia de Isabella, não que eu não quisesse, mas era melhor assim, não era justo com ela que eu pedisse para me esperar durante esse período de tratamento, ela já havia perdido muito na vida por minha causa, eu não a prenderia dessa forma, mas quando eu saísse daqui, ah, ai sim as coisas mudariam de figura, pois como eu disse no casamento, eu lutaria com todas as minhas armas para reconquistá-la. – Caio, está ai?

- Estou sim mano, uau! Então nosso menino resolveu vir ao mundo? – Pergunto todo bobo, eu estava tão ansioso quanto Marina e Daniel pela chegada de Theo, tanto que havia avisado a Lucas, meu conselheiro que ficasse meio de prontidão, pois a qualquer momento nessa semana poderia acontecer e eu precisaria que ele fosse comigo.

- Sim cara, estamos saindo de casa, estou apavorado, Caio. - Daniel diz apressadamente do outro lado da linha, ouço uma movimentação, e de repente Marina está ao telefone. – Caio, seu irmão está enlouquecendo, venha para o hospital, mas venha com calma, sem correria, as contrações ainda estão espaçadas, vai dar tempo de você chegar. – Ela diz e respira fundo. – Vou desligar, seu irmão está hiperventilando, você acredita nisso? – Marina diz sorrindo.

- Tudo bem, vou encontrar o Lucas e vou o mais rápido possível, aguente firme.

Peço a recepcionista se ela poderia procurar Lucas para mim, e vou até meu quarto me arrumar, depois de uns vinte minutos ele bate a minha porta.

- Hey cara! Então chegou o momento tão aguardado?

- Sim. – Respondo acelerado, acho que Daniel não é o único a hiperventilar.

- Caio, olhe pra mim. – Lucas profere. – Eu sei que é um grande dia, que você está ansioso para ver seu sobrinho, mas vamos com calma okay? Você sabe que mesmo depois de tanto tempo de tratamento a ansiedade excessiva pode trazer danos terríveis, então respira fundo. - Olho para ele e faço o que ele pede, inspiro e respiro várias vezes para acalmar meus ânimos, Lucas tinha esse poder sobre as pessoas, ele era jovem, apenas um ano mais velho do que eu, também era psicólogo assim como Fabiana, era ele quem liderava os encontros em grupo, e mesmo com a pouca idade tinha uma experiência incrível, aliás, eu acho que a pouca idade era seu diferencial, era fácil para os jovens que estavam na mesma situação que eu se abrir para alguém que poderia entender o que estávamos passando, não que Lucas tenha tido experiência com drogas, não é isso, mas ele sabia na pele os anseios que todo jovem e adolescente passava e isso nos conectava a ele. – Mais calmo? - Ele pergunta novamente.

- Sim, obrigado Lucas, não só por me acalmar, mas por me acompanhar. – Digo a ele agradecido.

- Nah, nada de agradecer, você sabe que faço isso com maior prazer. Estou muito feliz Caio, muito feliz pelo rumo que sua vida vem tomando, e mais feliz ainda por poder ter ajudado nessa caminhada, em breve você vai poder sair daqui e seguir por conta própria.

- Sim, eu sei, mas eu ainda vou querer participar das sessões em grupos Lucas, e das sessões de terapia com a Fabiana, ainda não estou preparado para deixar tudo para trás. – Lucas suspira fundo como se a notícia que acabei de lhe dar tirasse um peso de suas costas.

- Eu queria sugerir isso a você, não sabia como você ia querer fazer quando saísse daqui, mas isso é perfeito, obrigado por confiar tanto em nosso trabalho.

- Eu que agradeço aquele grupo para mim é como uma família, crescemos muito no ultimo ano, não quero me afastar ainda, talvez nunca queira, mas vamos levando um dia de cada vez.

- Certo tudo pronto? Podemos ir?

- Sim.

Assim que chegamos ao hospital nos dirigimos à sala de espera, Marina já havia ido para o centro cirúrgico, apesar de ser parto normal, eles a levaram para lá caso algo não desse certo e optariam por uma cesariana, Júlio e Helena já aguardavam ansiosos, assim como os avós de Marina, por um breve minuto lembro da minha mãe, de como ela ficaria feliz nesse momento, e lembro também do meu pai, que por seu egoísmo estava perdendo um momento mágico.

Meia hora se passa e nada de notícias, mas segundo Helena é normal em partos naturais, todos conversam na sala, Lucas saiu para comprar um café, encosto-me na parede próxima a porta e fico imerso em meus pensamentos, quando a avisto vindo pelo corredor apressada, ela pede informações aos funcionários da recepção que indicam aonde estamos, perco o ar por alguns instantes, faz sete meses que não a vejo, sete longos meses em que me senti tentado a procura-la, a pedir para que viesse me ver, mas que sabia que não tinha direito, mas agora ela estava ali e meu coração quase parou por um momento diante da sua imagem, eu a amava, ainda mais que antes, ela entra rapidamente na sala de espera passando por mim sem me notar.

- Hey pessoal, vim assim que pude estava de plantão, tive que pedir a Duda que ficasse no meu lugar e ela demorou um pouco para chegar, já nasceu? – Ela diz apressadamente e cumprimentando a todos.

- Não filha, ainda não. – Júlio responde.

Só ai ela se vira e me olha, desde que ela chegou uma única coisa me chamou a atenção, e para se bem sincero me enfureceu, me aproximo de onde ela está e ela me olha já preparada para o que vem a seguir.

- Oi Caio. – ela me cumprimenta. Olho para ela e não respondo nada, e quer saber? Que se dane a porra da educação estou puto, muito puto.

- Por que você cortou seu cabelo? – Eu pergunto e por um segundo vejo suas bochechas ficarem vermelhas, mas essa reação logo é substituída por uma postura desafiadora, ela levanta seu queixo de uma forma imponente e responde.

- Não é da sua conta! – Todos que estão a nossa volta estão de olhos arregalados, assustados pela guerra recém-anunciada que está prestes a explodir entre nós, olho para eles e passo minhas mãos pelos cabelos frustrado e a puxo pelo braço, quando estamos afastados eu digo:

- Você sabe que eu amo seu cabelo, fez isso para me atingir, mas saiba que nem isso vai me fazer desistir de você Isabella, eu te amo e não é o seu cabelo que vai mudar isso. – Ela abre a boca para falar e fecha novamente sem palavras diante da minha explosão.

- Nasceu! – Daniel entra na sala de espera todo agitado e feliz, encaro Isabella por mais alguns segundos e desvio meu olhar saindo para cumprimentar meu irmão, meu aviso estava dado, se ela achou que tudo havia terminado entre nós, mal sabia ela que eu estava apenas começando.


Destinos Ligados - Série destinos volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora