Pesadelo - Europa

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Meu coração está palpitando, estou sentada na minha cama segurando meus joelhos e meu corpo balança para frente e para trás. É três da manhã, tive o mesmo pesadelo de semanas outra vez.

Meus pesadelos são sempre os mesmos, eu beijando meu atual namorado e meu melhor amigo aparecendo e logo em seguida seu corpo está caido no chão, com um buraco na cabeça e uma arma na sua mão direita.

Demoro um tempo até recuperar o fôlego e tentar apagar as imagens, pego o livro que ele me emprestará, A Arte da Guerra, e abro em uma página qualquer a cada segundo. Como se aquele simples ato pudesse me aliviar daqueles sentimentos que vinham junto com os pesadelos. Um sentimento de culpa misturado ao desespero de perdê-lo.

Meu namorado nunca entendia o que eu estava passando e não havia como ele me consolar, já que meus pais desaprovam o namoro, sem contar que não estudamos na mesma escola, o que torna o nosso contato quase impossível.

Ah, sim! Me desculpem ainda não me apresentei. Meu nome é Europa, um nome realmente constrangedor, já que sofro bullying diariamente por ter o nome de um continente. Meus pais dizem que foi uma homenagem à nossa origem, meus ancestrais eram europeus, uma mistura de alemães, italianos e um pouco de franceses. 'Obrigada árvore genealógica por me trazer a infelicidade deste nome.'

Até meu namorado faz brincadeiras, que eu odeio, com o meu nome. Antes que eu esqueça, meu namorado se chama Brayan. Só há duas pessoas, com exceção dos meus pais e avós que não brincam com este assunto delicado.

A Brianna e o Valentim são meus melhores amigos, aliás, o menino dos meus sonhos, ou melhor dizendo, pesadelos, é o Valentim. A Brih sempre me defendeu dos comentários maldosos desde que nos conhecemos no jardim de infância. Já o Valentim conheci no ano retrasado, quando estávamos na oitava série do ensino fundamental, ele achou meu nome diferente e disse que eu era cheia de cultura como o continente.

Não concordo muito com o Valentim, mas ele consegue me fazer sorrir quando estou na fossa por causa destas brincadeiras irritantes. Às vezes queria que o Brayan fosse um pouco igual ao meu melhor amigo, que me entendesse e me desse mais atenção. Eu sei que é super, mega, errado pensar assim, afinal, não posso mudar as pessoas, mas o Brayan mudou tanto, ele não é mais o mesmo, deixou de ser aquele cara que fazia de tudo para eu me apaixonar por ele a cada dia. De uns tempos pra cá ele se tornou tão... distante.

Certo, tenho que parar de pensar e acalmar minha mente, preciso dormir, mas tenho tanto receio de voltar a ver aquelas imagens, tento pensar na minha infância, nas coisas boas que me lembro, naquela época meus pais não brigavam tanto. E acaba dando certo, consigo dormir livre dos pesadelos.

Menina dos Olhos VerdesOnde histórias criam vida. Descubra agora