Prólogo

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A noite estava fria e silenciosa. Não havia nenhuma estrela no céu e a única coisa que iluminava aquela noite um tanto quanto sombria, era a luz da lua nova que surgia no horizonte à medida que a noite chegava.

Em um lugar muito longe, esquecido por muitos e procurado pro outros, uma criatura tão sombria quanto à escuridão da noite observava o vasto mundo que se estendia abaixo de si com os seus olhos heterocromáticos que brilhavam majestosamente assim como a lua, como se fosse o seu próprio reino que ele observasse, e talvez o fosse... Em breve.

_Senhor - uma voz baixa e um pouco submissa o chamou, o homem que estava sentando no parapeito da janela, não se virou ao som da voz, e nem mesmo se mostrou surpreso por vê-lo ali, ele simplesmente continuou sentado no seu lugar, quase totalmente imóvel, perdido em seus próprios pensamentos - O ataque a Ordem começou.

Um pequeno sorriso surgiu no rosto do homem, ele era tão pequeno que o soldado, que havia ido dar a noticia ao seu Mestre, não tinha certeza que havia acontecido. O simples soldado, que havia sido encarregado de manter seu Mestre informado toda vez que algum relatório das tropas chegasse, não sabia o que fazer, pois ele não tinha mais nenhuma outra informação relevante e o mesmo temia o homem de cabelos brancos e olhos heterocromáticos que fitava o horizonte pensativo, assim como todos os outros subordinados que sabiam o poder que ele detinha, e embora nunca tivessem presenciado qualquer manifestação de poder do mesmo, todos podiam sentir a poderosa aura que ele exalava e todos temiam que algum dia ele se irritasse tanto ao ponto de usar todo o seu poder, usar todo o conhecimento que ele adquiriu ao longo dos séculos, os poderes que acabaram vindo junto com toda essa sabedoria.

Antes que o soldado pudesse dizer mais alguma coisa, um homem forte e musculoso, com o porte de um verdadeiro guerreiro irrompeu pela porta, fazendo todo o barulho possível, anunciando a sua chegada, ao contrário do soldado que havia entrado calma e silenciosamente. O soldado, vendo a chegada de um dos preferidos de seu Mestre, rapidamente saiu da sala, fazendo uma pequena reverência antes de praticamente correr pela porta, respirando aliviado depois de passar pela mesma, por não estar mais naquela sala com aqueles dois homens, que ele sequer afirmar se eram homens de verdade ou outra coisa mais forte e mais letal que ele não sabe descrever.

O homem que havia irrompido pela porta, era Drevak, um poderoso e habilidoso guerreiro treinado para ser uma perfeita maquina de matar desde que tinha cinco anos, seu cabelo liso e castanho escuro, que vai até os ombros estava preso no seu habitual rabo de cavalo baixo, seus profundos olhos cinzas estavam duros feito pedras, da mesma cor que os céus mostram quando uma poderosa tempestade se aproxima, mostrando claramente que estava irritado com algo, o que era comum, pois ele sempre vivia irritado. Sua expressão fechada faz qualquer um ter medo de olhar, e a cicatriz que vai da sobrancelha direita até no meio do rosto dava uma expressão ainda mais assustadora nele.

_Senhor, alguns dos homens estão temerosos quanto ao seu plano de dominar a Capital - Drevak disse firme, depois de ver que seu Mestre não iria falar nada - Eles não acham que é possível conseguirmos esse feitio.

_Me diga algo que eu não sei, Drevak - a voz do homem soou divertida aos ouvidos do outro o que fez o mesmo fechar ainda mais a cara - A paciência é uma virtude,filho.

_Vai dar uma de velho sábio agora, Eros? - o outro retorquiu.

_Sempre fui, meu filho, a questão é que você nunca quis ouvir os meus conselhos - respondeu tranquilamente o mais velho, se levantando do parapeito da janela e andando tranquilamente pela sala.

A sala em que eles se encontravam estava emersa na escuridão, e a única luz daquele cômodo era a luz que entrava pelas grandes janelas que preenchiam quase todo o cômodo, mas mesmo assim foi o suficiente para Drevak perceber a sutil mudança nos olhos de Eros, que pareciam brilhar vermelhos durante milésimos de segundos antes de voltar ao seu normal, se é que um olho azul e outro dourado é uma coisa muito normal.

_Sabe, Drevak, se um líder agir como um tolo, somente os tolos irão segui-lo - Eros começou a falar enquanto andava pela sala, com os braços cruzados atrás das costas, com um olhar pensativo no rosto, ao mesmo tempo que um sorriso enigmático surgia em seus lábios - Agora, se ele agir como um demônio, todos o temerão e ficará ainda mais fácil comanda-los direito para a guerra...Para fazer o que eu quiser.

Eros parou na frente de Drevak o olhando diretamente nos olhos, e mesmo que Drevak seja alguns centímetros maior que seu Mestre, o olhar desse ultimo o fazia se sentir tão pequeno e indefeso como uma criança, e inconscientemente ele se encolheu e deu um passo pra trás, como se somente isso bastasse para fugir dos furiosos olhos que o encaravam. Eros percebeu a reação do outro e o seu sorriso cresceu, se tornando sarcástico e ao mesmo tempo mostrando um tipo de felicidade que o moreno não conseguia entender de forma alguma.

_E nesse momento não quero e nem preciso que ninguém goste de mim, a única coisa que eu quero de todos os meus "subordinados" é que me temam e me sigam - Eros voltou o seu olhar pra janela, ouvindo um suspiro de alivio de Drevak ao se ver livre do olhar do albino, e encarou o seu reflexo em uma das enormes janelas da sala - Até o fim.

Guerreiros do AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora