corte profundo

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Pov's Peter

Quando Mary Jane terminou comigo meu mundo desabou, mas nem tudo estava perdido, afinal, tia May estava lá para me apoiar e me fazer feliz, com a ajuda dela eu superei. Depois de um tempo, surgiu uma oferta de emprego melhor do que o que eu tinha, tia May me disse para aceitar e assim o fiz, ela sempre está certa, pois, o emprego pagava bem melhor que o antigo, então não demorou para que mudassemos para uma casa melhor em um lugar melhor. Tudo estava indo perfeitamente bem, mas tudo o que é bom dura pouco. Nesse momento estou voltando para casa, onde eu estava? No enterro da tia May. Ela morreu em um acidente de carro, o motorista perdeu o controle do carro quando ela estava atravessando a rua e, bem...

O que mais me machuca nessa historia toda é que, ela havia saído para comprar um presente para mim, meu aniversário é hoje, isso é minha culpa, estava chovendo quando ela saiu, se eu estivesse em casa pelo menos poderia ter pedido para que ela não saísse, mas não, eu estava por aí vestido de aranha. Como eu sou burro, a única pessoa que eu sempre quis manter segura foi a única que não salvei.

Cheguei em casa e o escuro desta me preencheu, a luz da lua entrava pelas janelas iluminando parcialmente a casa, então não era necessário acender a luz, subi as escadas lentamente, ouvindo o eco dos meus passos, nesse momento eu me sentia tão vazio como quando o tio Ben morreu mas dessa vez, ninguém iria me consolar; ninguém mais iria me chamar para tomar café, ninguém mais iria me recepcionar dizendo "bem vindo de volta querido", ninguém mais iria se preocupar quando eu chegasse tarde em casa, ninguém mais iria sorrir e me desejar um bom dia, ninguém mais estaria comigo dali em diante... Ninguém...

Cheguei no meu quarto e fechei a porta atrás de mim, por um momento parei e observei meu quarto escuro, acendi a luz e me dirigi ao banheiro. Me despi e entrei debaixo da água quente do chuveiro, por um momento me senti um pouco mais relaxado, então fui pego de surpresa por memórias felizes minhas e da minha tia, com isso as lágrimas escorreram pelo meu rosto, se misturando com a água do chuveiro que caia sobre minha pele que já começava a enrugar, me perdi tanto em pensamentos que nem percebi que o tempo passou tão rápido, continuei ali, até minhas lágrimas cessarem; quando sai do banho, me vesti com roupas confortáveis e me joguei sobre a cama que fez um rangido e parecia que iria quebrar, fitei o teto até cair no sono.

~~~

Acordei com o som do meu celular tocando em cima de uma cadeira, dentro de um dos bolsos do meu casaco, sem muito ânimo me levantei e peguei o aparelho, era o meu chefe, acho que estou muito encrencado, pois já passa das onze da manhã.

Ligação on :

- alô? - disse ainda com a voz rouca e baixa, já imaginando o sermão que iria levar -

- Peter? Você está bem? - estranhei essa pergunta, fiquei em silêncio, então ele continuou -

- Eu soube o que houve com sua tia... Meus pêsames... - nesse momento, levei uma pancada com a realidade, a ficha caiu, não era só um pesadelo, era real, meu coração parece que falhou por um momento e com a mão livre eu apertei o tecido sobre meu peito, como se fosse fazer a dor parar - não iria me contar não?

- Desculpe... - foi a única coisa que consegui pronunciar -

- Não precisa se desculpar, tire alguns dias de folga ta? Talvez isso ajude para você colocar as coisas no lugar, sei que ela era importante para você.

- Obrigado. - ele era a primeira pessoa que parecia se importar, mesmo que um pouco - Obrigado mesmo...

- Não há de que... Bom, te vejo daqui hmm... - ele parecia pensar e pelos sons que ouvi, estava mechendo em algo - Um mês e meio, agora tenho muito o que resolver, Tchau.

- Tchau...

- Ah, Peter! - disse um pouco antes de eu desligar o celular - feliz aniversário atrasado.

Ligação off

Um sorriso quase se formou no meu rosto, pelo menos uma pessoa ainda se importava. Fui até o banheiro e fiz minha higiene matinal, então desci e fui para a cozinha; eu não devia ter descido, quando cheguei lá, e não senti o cheiro do café que a tia fazia e não vi ela sorrindo, sentada na mesa me esperando, senti uma dor forte e inexplicável, minhas pernas ficaram bambas então me sentei, e apoiei meus cotovelos na mesa enquanto olhava ao redor, tendo flashbacks da tia May, do seu sorriso, dos momentos felizes que passamos, momentos que nunca mais iriam voltar. Essa era a realidade que eu teimava em aceitar.

E agora, não importava o quanto eu chorasse, ninguém viria para me consolar, ninguém mais sobrou... Eu não aguento mais tanta dor...

Na tentativa de parar esses pensamentos, fui para o meu quarto, me vesti de aranha e relutantemente sai do meu quarto, pulei por alguns prédios, mas isso não estava ajudando, pois era isso que eu estava fazendo naquele dia em vez de estar com quem devia estar. Parei em cima de um prédio qualquer para observar a vista, mesmo minha mente estando quase em colapso por tantos pensamentos e lembranças rodiando-a meu sentido aranha não falhou, então desviei de uma bala por poucos milímetros, olhei para trás e me surpreendi ao ver um homem com o uniforme todo vermelho com detalhes pretos e cheio de armas, bombas, balas e duas katanas, tudo amarrado ao corpo um novo vilão? Ótimo, era bem o que eu precisava, mais problemas...

- Quem é você? - desviei de mais uma bala -

- Deadpool, não me conhece? - ele desistiu de atirar e sacou as katanas -

- O que você quer? - disse desviando facilmente dos seus golpes, em seguida jogando uma bola de teia na cara dele -

- Matar você, não é óbvio? - disse rasgando a teia - Eu sei quem você é Peter Parker, não há como fugir de mim!

Novamente ele partiu para cima de mim, quase me acertando, como ele me conhecia? Desviei de mais dois ou três golpes, então ele parou e se virou para mim.

- Por que não me deixa te matar e facilita meu trabalho? Tão me pagando bem para isso sabia?

- Vai sonhando! - lancei mais algumas bolas de teia mas ele cortou todas com as katanas, então soltou as espadas e ficou parado, ele é idiota? -

- Por que você ainda luta? - essa pergunta me pegou desprevenido e me fez parar de ataca-lo - todos que você amava, ou morreram, ou te deixaram. Quando você voltar para casa, ninguém irá te recepcionar, nem perguntar se você está bem. - tudo o que ele dizia era verdade, e me quebrava pouco a pouco - Ninguém mais está do seu lado, você está sozinho homem-aranha, ou melhor, Peter Parker. Por que não desiste de uma vez?

Deadpool estava certo, eu estou sozinho. Já sem força nas pernas, cai de joelhos e pude ver ele se aproximando a passos lentos, e mesmo com a máscara pude sentir o cano frio da arma tocar minha cabeça.

- Apenas termine logo com toda essa dor... - sussurei enquanto encarava os sapatos do homem a minha frente -

O pensamento de que isso estava prestes a acabar até me fez feliz e por um instante um sorriso pairou no meu rosto coberto pela máscara.

Akai ItoOnde histórias criam vida. Descubra agora