um mercenário diferente

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Pov's Peter

Continuei ali, parado, por longos instantes, até o sorriso sair de minha face, se ia me executar, por que demorava tanto? Levantei minha cabeça com relutância, e vi ele parado, me encarando, não sei qual sua expressão pois, a máscara cobre seu rosto.

- O que houve..? Não iria me matar? - perguntei, com a voz baixa, porém auditivel -

- Eu não consigo.. - confessou e, por fim, tirou a arma de minha cabeça - Provavelmente devo estar só com dó de ti..

Eu até teria protestado, se isso não fosse verdade, eu sou um ser digno de dó, veja meu estado, entregando minha vida a um mercenário sem nem lutar direito; este guardou sua arma e se ajoelhou na minha frente, depois de analisar meu corpo de cima a baixo, ele apoiou sua mão em meu ombro.

- Não desista Peter, isso vai passar. - mesmo com a mascara, tive a impressão de que ele, por um momento, olhou em meus olhos. -

Antes que eu pudesse sequer processar tudo o que estava acontecendo, ele levantou e simplesmente foi embora. Fiquei ali, parado por alguns instantes, na mesma posição, tentando entender o por que daquela atitude, se ele foi pago para me matar, por que não o fez?

Me levantei e fui para casa, mesmo que por pouco tempo, aquele mercenário me distraiu da realidade que mais parecia um pesadelo que eu estava vivendo. Entrei no meu quarto pela janela e me troquei, colocando a primeira roupa confortável que vi pela frente; sai do meu quarto e fui para o corredor e fitei a porta do quarto daquela que fora a pessoa mais importante pra mim, caminhei a passos lentos até a porta que estava destrancada, girei a maçaneta lentamente e abri a porta. As cortinas abertas deixavam a luz do sol entrar e faziam a poeira que voava na frente da janela ser refletida, ao lado da cama bem arrumada estava um criado-mudo com dois quadros, um dela e do tio Ben abraçados, e no outro era eu e ela sorrindo, sujos de farinha. Nesse dia como era aniversário dela eu tentei fazer um bolo, mas acabei por fazer uma bagunça quando tropecei e derrubei a farinha em tudo, mas em vez de me dar uma bronca, ela sorriu e me ajudou a levantar, rindo.

Um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios ao lembrar dela, me aproximei da cama e sentei na mesma, pegando o quadro, logo, o pequeno sorriso deu lugar a uma lágrima solitária que correu pelo meu rosto e caindo no quadro, percebendo isso deixei o quadro no lugar, me levantei e sequei as lágrimas que brotavam nos meus olhos; fechei as cortinas e por fim dei uma última olhada no quarto, antes de trancar a porta deste e decidir que seria melhor para mim mesmo se aquela porta não fosse aberta novamente.

Desci para a sala, liguei a tv, onde passava um filme antigo de comédia, me sentei no sofá e assisti para me distrair um pouco e, sem perceber, cai no sono; Acordei meio confuso, olhei para a tv que agora passava um jornal, então olhei para a janela e confirmei que já era noite. Me levantei coçando a cabeça, peguei meu celular no bolso, toquei o ecrã e me surpreendi quando vi que já ia dar dez horas e, eu não havia feito nada para a janta, nem havia comido direito desde ontem, nessa ocasião, pedir pizza parecia uma ótima ideia.

Acabei por comer só um pedaço da pizza e já subi para o meu quarto, pelo menos lá, essa solidão e sensação de vazio não é tão grande. Tomei um banho quente e me joguei na cama, me revirei várias vezes na mesma porém, sem efeito. Desci para a cozinha e procurei um remédio que me ajudava a dormir na gaveta cheia de medicamentos para diversas coisas, peguei o mesmo e engoli o comprimido, seguido de um copo d'agua; enquanto tomava a água tive a impressão de estar sendo observado, olhei de canto de olho pela cozinha mas não havia nada, ignorei isso e subi para o meu quarto, após entrar, fechei a porta atrás de mim e meu sentido aranha alertou que algo estava no meu quarto, mas não se passou nem três segundos e essa sensação sumiu. Meu sentido aranha parece que está se quebrando ultimamente; deitei na cama e dessa vez, apaguei.

~~~

Acordei incomodado com os raios de sol que entravam pela janela e vinham direto no meu rosto, me levantei e fui para o banheiro, fazer minha higiene matinal, quando estava descendo as escadas ouvi sons na cozinha que me deixaram feliz, desci as escadas quase que correndo, com meu coração pulsando mais forte. Quando cheguei na porta da cozinha, toda minha felicidade deu lugar a confusão, quando vi aquela figura vermelha e preta sentada à mesa, com os pés em cima da mesma e comendo minha pizza calmamente.

- O que você está fazendo na minha casa? - o tom da minha voz já expressava todo meu descontentamento em ver ele -

- Só uma visitinha - ele deu mais uma mordida na pizza e rapidamente cobriu o rosto com a máscara - você tem um bom gosto pra pizza aranha.

- Como você entrou? - me aproximei da mesa - E tira os seus pés imundos de cima da minha mesa. - segurei seus pés e empurrei contra seu corpo, o fazendo cair com a cadeira -

- Ai! - protestou - É assim que se trata a pessoa que poupou sua vida? - disse se levantando -

Um sentimento de raiva tomou conta de mim, ele poupou minha vida só para esfregar isso na minha cara depois? Não vou engolir isso!

Pisei forte a passos largos, ficando a centímetros de DeadPool que, instintivamente pegou sua pistola, mas sem a tirar do lugar.

- Não seja por isso! - peguei na mão que estava segurando a arma e coloquei a mesma em minha cabeça - Me mate agora, se você é um mercenário tão bom assim, por que não termina seu serviço?

- E se eu me recusar? - forçou sua mão e tirou a pistola da minha cabeça -

- O que você quer afinal? Ou veio só para comer minha pizza? - fui para a pia, ficando de costas para ele enquanto fazia o café, e daí ficar de guarda baixa? Esse cara parece que não consegue me matar mesmo -

- Sei lá por que eu vim, e é assim que você trata suas visitas aranha?

- É assim que eu trato as indesejadas.

Dito isso, terminei de fazer o café enquanto Deadpool mexia na minha geladeira, eu quase sinto uma veia de raiva pulsar na minha testa enquanto ele mexe no armário, pegando algumas bolachas e fazendo comentários fúteis que nem me incomodo em ouvir.

~~~

OK! Já são quase três da tarde e aquele estorvo ainda não saiu da minha casa, vamos a lista do que eu já tentei fazer para expulsa-lo : mandar embora educadamente, sete tentativas; empurrar para fora, duas tentativas; empurrar para fora e prender de cabeça para baixo com minhas teias em qualquer muro, três tentativas; jogar panelas e tudo mais o que encontrar na cozinha na sua cabeça, já perdi a conta de quantas vezes tentei isso.

Cansado disso, subi as escadas e fui para o meu quarto, peguei meu celular e liguei para um número bem conhecido.

Ligação on

- oi Peter! Como você está? - dizia uma voz ansiosa do outro lado da linha -

- Estou bem melhor, obrigado, então, eu sei que só se passaram dois dias mas.. Acho que já estou pronto para voltar pro trabalho sabe...

- Oh entendendo, você não é do tipo que gosta de ficar em casa sem fazer nada não é? Se você prefere assim não tem problema, te vejo amanhã!

- Obrigado, até amanhã!

Ligação off

Deixei o aparelho sobre a minha cama e sai do quarto, não confio no Deadpool sem supervisão na minha casa, não é seguro. Sai do meu quarto e me certifique de trancar a porta, quando olhei para o corredor, me deparei com a figura do mercenário de costas para a porta do quarto da tia May, com as mãos na orelha e meio abaixado, desviei meu olhar para a porta com uma dinamite na frente, espera.. Dinamite??

- DEADPOOL!!! - gritei -

Não posso deixar esse maluco um minuto sozinho que ele já tenta explodir minha casa? Sério isso?

Akai ItoOnde histórias criam vida. Descubra agora