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1 mês depois.

─ Eu sei mamãe, já está tudo arrumado, não se preocupe! ─ Falei ao telefone enquanto botava comida pra Alex, que me olhava curioso andar às pressas pela casa. ─ Eu vou acabar me atrasando assim! ─ Sorri ao telefone. Eu sempre ficava feliz em falar com mamãe, e hoje eu estava ainda mais feliz porque sabia que ela estava orgulhosa de mim e isso foi o que eu sempre quis.

Estou tão feliz por você Louis! ─ Ela disse. ─ Suas irmãs estão loucas pra saber como é sua faculdade! ─ Sorri ao ouvir as vozinhas de minhas irmãs gritando através do telefone. ─ Não Fizzy, ele está atrasado, mas seu irmão prometeu que ligaria pra você, uh? Espere ele chegar da aula! ─ Mamãe disse do outro lado da linha e senti meu coração aquecer. Olhei para relógio na parede e vi que se eu quisesse chegar cedo era melhor adiantar.

─ Mãe, vou ter que ir, quero chegar cedo!

Ela riu. ─ Você sempre querendo chegar cedo nos lugares! Boa sorte meu filho, te amo muito, estou torcendo por você! ─ Respondi que também a amava e me despedi. Alex parou de comer e se assustou quando corri até o quarto para pegar a mochila, quase tropeçando no carpete.

Basicamente recebi a carta de aceitação na faculdade uns dias depois do incidente da boate e por algum milagre eu passei para a faculdade de música. Sinceramente achei que não ia passar, por isso nem contei à ninguém, só a minha mãe, mas agora que aconteceu eu nunca estive tão feliz em minha vida. No dia que vi o resultado liguei para Eleanor e ela começou a gritar e no mesmo minuto me arrependi. Pra piorar a situação, Calvin me ligou depois. Ele não tinha meu número, então provavelmente Eleanor tinha dado a ele. Ambos me convidaram pra ir em um bar celebrar mas eu preferi celebrar sozinho, na minha cama, dormindo. Como dizem, antes só do que mal acompanhado. Claro que eles se chatearam comigo por causa disso, mas nada que eu não tivesse acostumado. Por conta da faculdade tive que largar meu trabalho por causa do horário, mas mantive as aulas de piano.

Na noite da boate, quando voltei pra casa, me senti feliz por ter tido aquela experiência. Os machucados no meu rosto não demoraram para sair. Um dia que eu estava no trabalho, Eleanor apareceu lá e fez uma cena perguntando o que houve comigo e eu acabei mentindo dizendo que uns caras na rua me bateram. Ela não perguntou mais nada e eu agradeci internamente. Não queria contar a ela sobre nada daquela noite e nem sobre Harry.

Harry. Eu não o vi mais desde aquele dia, nem a Gemma. Na noite da boate custei a dormir, meu cérebro estava a mil, porém quando apaguei, sonhei com o garoto dos olhos verdes com o sorriso bonito. Passei as mãos no rosto tentando tirar todos os pensamentos de minha cabeça e focar no que estava por vir: primeiro dia de aula.

Por sorte cheguei na faculdade em dez minutos. Não precisava de carro porque a faculdade era perto. Na verdade eu quase não usava meu carro pela cidade, só pra ir a lugares mais longe. Apertei meu casaco vermelho contra meu corpo, me arrependendo de ter saído de regata naquele clima. Soltei o ar pela boca tremendo um pouco por causa do frio do Outono. Eu estava extremamente empolgado pra conhecer a faculdade, mas o nervosismo tomava conta de mim. Eu estava sozinho nessa jornada e isso me deixava mais nervoso do que o normal.

Parei em frente à faculdade. Ela possuía um pátio enorme cercado por prédios antigos. Alguns jovens corriam pelo gramado, outros sentados lendo, estudando ou conversando. Alguns namorando encostados nas pilastras, outros sozinhos. Me senti incomodado vendo tanta gente que já se conhecia e me perguntei se até o final do semestre eu faria alguma amizade. Resolvi deixar a paranóia de lado e me apressei a entra no enorme prédio à minha frente.

Quando entrei na faculdade eu me senti mais perdido do que já me senti em toda minha vida. Olhei pro papel em minhas mãos dizendo o número das salas e do meu armário e olhei em volta, agradecendo por ter algumas pessoas ali tão perdidas quanto eu. Fui andando até encontrar as enormes portas de metais que iam de ponta a ponta do corredor, e franzi o cenho ao ver um garoto na frente do meu suposto armário. Encarei o papel por uns segundo para ter certeza de que aquele era realmente meu armário, e era. Cutuquei o ombro do garoto me sentindo receoso. Não queria arranjar confusão no primeiro dia de aula.

Latching Onto YouOnde histórias criam vida. Descubra agora